Nova frente de negócios, JSL Digital aposta na tecnologia e no histórico operacional da companhia para ampliar a atuação em cargas de menor valor agregado e maior escala.
Um dos principais operadores logísticos do Brasil, a JSL acaba de lançar uma unidade de negócios voltada à digitalização da gestão de transporte, a JSL Digital. A nova frente nasce para atender demandas logísticas de menor valor agregado e alto volume, por meio de soluções tecnológicas que promovam mais eficiência, conectividade e visibilidade em toda a cadeia logística.
Segundo Guilherme Sampaio, CFO da JSL, o movimento representa mais do que uma evolução operacional: é a criação de um modelo de negócios independente, voltado a um grupo de clientes que antes não era atendido pela JSL tradicional, por conta do perfil de carga e margens envolvidas.
“Entendemos que os nossos clientes buscam entregas cada vez mais rápidas, com mais visibilidade e segurança, pagando o menor valor possível. Para isso, é necessário trazer digitalização para otimizar processos e operações”, afirmou.
A nova unidade tem como foco cargas com menor complexidade, menos atratividade para furtos e menor exigência de SLA (acordo de nível de serviço). “Quando o cliente precisa de uma logística com gestão de risco mais sofisticada, para não parar produção ou vendas, esse é o perfil da JSL tradicional. Já a JSL Digital atende operações que exigem menos especialização, mas que demandam muita eficiência para operar com margens menores”, explicou.

Conectando pequenos transportadores aos grandes embarcadores
Otávio Fonseca, diretor de Digitalização Logística da JSL e responsável pela nova unidade, detalhou os fundamentos do projeto. Com mais de 20 anos de experiência no setor, ele vê na combinação entre ativos operacionais e tecnologia uma oportunidade de transformação. “O Brasil é um país continental, com forte produção de commodities e matérias-primas. Isso exige movimentação eficiente de cargas de baixo valor agregado, em um cenário onde o custo do frete é determinante para viabilizar a operação”, disse.
Outro ponto levantado pelo executivo é a estrutura do setor de transporte no Brasil. “Segundo dados da ANTT, temos mais de 900 mil transportadores habilitados, e metade da frota nacional está nas mãos de operadores com até três caminhões. Esse perfil de transportador não consegue, sozinho, acessar os grandes embarcadores, seja por falta de capital de giro, seguro ou estrutura comercial. A JSL Digital surge como ponte entre esses transportadores e o mercado”, afirmou.
Tecnologia própria e integração com ativos do grupo garantem escalabilidade
A base tecnológica da nova unidade se apoia em ativos estratégicos do grupo JSL. Um deles é a TruckPad, adquirida em 2022, que já atua há mais de 10 anos como plataforma de conexão entre motoristas e cargas. Outro é o TMS Pro da JSL, sistema de gestão de transporte desenvolvido internamente. Além disso, a companhia conta com o Banco Digital BBC, que oferece soluções financeiras integradas à operação.
“A JSL Digital junta esses ativos e digitaliza toda a jornada de transporte, da contratação à entrega, passando por expedição, monitoramento e comprovante. Já temos mais de 56 mil transportadores parceiros cadastrados, com histórico na JSL. Isso permite escalar com segurança, qualidade e tecnologia”, explicou Fonseca.
A digitalização também permitirá uma maior otimização de recursos internos. Fonseca citou como exemplo o uso de frota própria que, em deslocamentos programados, pode ser aproveitada para atender novas cargas dentro do sistema digital. “Estamos conectando não só transportadores, mas também ativos da própria JSL, o que nos dá uma vantagem competitiva relevante”, pontuou.
Nova frente permite retomar mercado com estrutura mais enxuta e inteligente
Embora historicamente associada ao transporte de carga geral, esse tipo de operação hoje representa apenas 6% do volume total da JSL. “Só para se ter uma ideia, 94% do nosso negócio atual está focado em operações dedicadas. Ou seja, serviços feitos sob medida para um cliente específico, muitas vezes indo além do transporte em si”, explicou Fonseca.
A expectativa da companhia é que a nova unidade amplie a penetração da JSL em mercados altamente pulverizados e com forte concorrência, sem comprometer a rentabilidade. “Se fôssemos atender esse mercado com a estrutura tradicional — filiais, pessoal, controle direto — não conseguiríamos ser competitivos. Com a digitalização, podemos ganhar escala com eficiência”, disse Sampaio.
Nos últimos quatro anos, a JSL reduziu sua receita em carga geral ao optar por nichos mais especializados e rentáveis. Agora, com um custo de servir mais adequado, a empresa projeta recuperar rapidamente o volume perdido e dobrar a receita atual do segmento. “Foi uma escolha estratégica. Nosso custo era alto demais para clientes com margem apertada. Agora estamos prontos para retomar esse mercado com estrutura mais enxuta e inteligente”, revela Sampaio.
Com a digitalização consolidada e a operação rodando com estabilidade, a nova meta da JSL é escalar a plataforma, atrair novos clientes e consolidar sua posição como referência em logística digital no Brasil.









