Embarcadores: Logística farmacêutica praticada através de vários modais para enfrentar os desafios

05/11/2020

Para ser ágil e segura, principalmente em época de pandemia, a logística praticada pelos embarcadores do segmento se utiliza desde o modal marítimo até o aéreo, passando, logicamente, pelo rodoviário.

 

Farmácias Pague Menos: Transportadora faz parte do grupo

A Pague Menos utiliza uma transportadora terceirizada, mas que faz parte do grupo. “Essa opção foi feita devido ao grau de especialização que a única rede de farmácias presente em todo o Brasil exige logisticamente. Ainda assim, a frota é dedicada e a operação é acompanhada hora a hora pela torre de controle. Nossa empresa terceirizada é a L’Auto Cargo. E, além do transporte rodoviário, e devido principalmente às dificuldades logísticas para a região Norte, também fazemos uso dos modais aéreo e fluvial.”

A explicação é de Renan Vieira, diretor de Supply da Pague Menos. Ele também informa que são usados mais de 300 veículos, realizando cerca de 150 viagens por dia. Eles saem dos cinco CDs próprios da empresa – Fortaleza, CE, com 100.000 m² de área total e 40.000 m² de área construída; Hidrolândia, GO, com 150.000 m² de área total e 30.000 m² construída; Jaboatão dos Guararapes, PE, com 12.000 m²; Simões Filho, BA, com 8.000 m²; e Contagem, MG, com 12.000 m² – para todos os estados da federação e Distrito Federal.

Sobre o relacionamento empresa/transportador, Vieira diz que é muito bom e construído por anos com muito sucesso. Mesmo assim, a empresa pretende ampliar a quantidade de parceiros logísticos, visando um salto de qualidade e gestão. “Claro que ainda assim temos oportunidades de melhoria, como a frequência de entrega e janelas de entrega em loja. É necessário avançar nessa qualidade de entrega para que tenhamos maior eficiência em loja, uma execução de qualidade e o mínimo de atrito com o cliente.”

Desafios logísticos – O maior desafio logistico enfrentado é, sem dúvida, a baixa qualidade da malha logística do país, pensando tanto em estradas em mau estado quanto em uma falta de opção por mais modais. Ainda segundo Vieira, isso traz um desafio, por exemplo, na hora de chegar até unidades que levam saúde e acesso ao medicamento em pontos mais interioranos dos estados. Além disso, outro fator importante envolve as diferenças fiscais/tributárias entre os estados.”

Tudo isto se complica ainda mais se considerarmos que a operação de transporte de medicamentos possui muitas especificidades e uma legislação rigorosa. “Precisamos cuidar de vários processos para garantir que os medicamentos cheguem ao cliente com toda a qualidade exigida. Entre esses processos, podemos listar: sistema de qualidade/Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição; controle de entrada e saída de lotes; auditoria dos sistemas de qualidade; controle de umidade e temperatura nos CDs; controle de temperatura nos veículos de transporte; e sistema de qualificação de fornecedores, que são documentos que validam a qualidade e capacidade de ser fornecedor.”

Para se adequar a estas peculiaridades do setor, e também buscar soluções para os problemas enfrentados, a Pague Menos investe em sua frota para uma redução do Lead Time de entrega e ampliou os controles de monitoramento. “Revisitamos as inteligências de algoritmo, distribuição e estoque. E com a pandemia ampliamos a experiência omnichannel do cliente com ferramentas como ‘Clique & Retire’, na qual o cliente pode realizar a compra online e retirar diretamente na loja, e ‘Prateleira Infinita’, na qual o cliente realiza a compra na loja, e caso o produto em questão não esteja em estoque no momento, ele recebe em casa. Além disso, aportamos investimentos em estoques, com a disponibilidade de produto no centro da experiência de consumo, e implementamos entrega expressa, entre outros”, diz o diretor de Supply da Pague Menos.

A estes procedimentos se juntam outras soluções logísticas, como as torres de controle, que acompanham diariamente todos os indicadores dos CDs e dos transportadores; uso de gestão da rotina dentro dos CDs; utilização de tecnologia pick to ligth nos CDs de maior porte; além do início de implantação da cultura lean nos CDs.

Pandemia – Durante a pandemia, em termos de operação, a empresa teve um aumento importante na relevância do e-commerce. Dentro dessa ótica, foi necessário reforçar os parceiros “last mile”, desenvolver maior inteligência de estoques e redobrar a atenção com a disponibilidade em todos os canais. O cliente digital é mais exigente, menos fidelizado e demanda uma experiência de compra fluida e sem atrito, reforça o diretor de Supply Chain.

“Acreditamos que as mudanças impostas pela pandemia vieram para ficar. O choque de realidade enfrentado por todos os players do mercado em relação à mudança no mix de venda, mudança no comportamento de compra (canais) e nível de exigência dos clientes são tendências que permanecerão.”

As Farmácias Pague Menos são a primeira rede varejista presente nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal, desde 2009. Hoje, a rede conta com 1.112 lojas, 798 unidades do Clinic Farma e mais de 20 mil colaboradores que atuam em 327 municípios.

Com produtos e serviços voltados para a saúde e bem-estar, a Pague Menos atua no mercado de varejo de especialidade, seguindo o conceito de drugstore, ou seja, focado em medicamentos de referência (marca) e genéricos, sujeitos à prescrição médica ou over-the-counter (“OTC”), produtos polivitamínicos e de perfumaria, os quais incluem artigos de higiene e beleza, compondo, aproximadamente, 15,6 mil itens adquiridos de 440 fornecedores diferentes. Além de oferecer a venda de medicamentos formulados através de seis farmácias de manipulação, com produtos sob medida para os clientes.

 

Ashland: falta mão de obra capacitada

A Ashland Comércio de Especialidades Químicas do Brasil fornece matéria prima para as áreas farmacêutica, cosmética, de bebidas e indústrias químicas, atuando com um Operador Logístico terceirizado, a Nova Logística. “A media é de sete veículos diários e as entregas são todas em São Paulo. Para fora de São Paulo nossos clientes usam os redespachos. Também usamos os modais marítimo e aéreo para importação”, explica Mauro Cotrufo, coordenador de Logistica da Ashland.

Ele também destaca que a empresa não tem CDs próprios e que o maior desafio logístico enfrentado é contar com um parceiro de alta performance com um custo compatível com o processo. “Também temos o desafio das entregas com agendamento e seguir as especificações dos nossos clientes para o recebimento dos materiais. A solução para estes problemas seria termos pessoas com maior capacitação e conhecimento na área, já que, normalmente, os Operadores Logísticos/transpor- tadoras, para diminuir custo, têm funcionários com nível de conhecimento e discernimento muito baixo, não temos mão de obra especializada.”

Cotrufo também fala dos diferenciais da logística no segmento em comparação à de outros setores, salientando que é muito grande, pois as exigências, normas e legislação para o segmento farmacêutico são muito mais exigentes. “Para atuar neste segmento, a nossa empresa adotou como fundamento a excelência em Supplay Chain, com investimento em funcionários e em tecnologias para atender os clientes.

 

Grupo Mafra: CDs em várias regiões

O Grupo Mafra é um ecossistema especialista em cuidado, composto por empresas que conectam todos os elos da cadeia da saúde, com indústrias, distribuidoras e operação logística referenciais no setor da saúde. Com o propósito de cuidar de cada vida através da simplificação da gestão de materiais e medicamentos, a companhia atua de forma integrada desde a fabricação até a entrega ao cliente final.

“O Grupo Mafra é o maior ecossistema de soluções para saúde do Brasil. Está presente na cadeia da saúde de forma completa, com portfólio de quase 10.000 SKU´s, e é líder na fabricação e distribuição de materiais e medicamentos hospitalares, com produtos e soluções presentes em mais de 97% dos leitos do país.”

Ainda segundo Lúcio Flávio Bueno, diretor de Operações do Grupo Mafra, em distribuição, são mais de 20 unidades operacionais e Centros de Distribuição em todas as regiões do território brasileiro.  A companhia opera com 87% de entregas através de frota própria, que conta com cerca de 200 veículos.

“A opção de ter uma frota e Operador Logístico próprios é por entender que o serviço de entrega faz parte do ‘core’  da nossa empresa, visto que lidamos com vidas e precisamos garantir a disponibilidade do produto no local e no momento necessários ao consumo, construindo, assim, uma relação de confiança e a certeza de entrega ao cliente. Independentemente de situações ou cenários como já experenciados, como greve e mesmo a pandemia, que possam gerar dificuldades operacionais, estamos preparados para adversidades. Nossos motoristas são treinados, conhecem todos os nossos parceiros e a peculiaridade de cada um dos produtos oferecidos, e os clientes, por sua vez, confiam em nossa prestação de serviço e cumprimento de rigorosos SLAs (compromissos de nível de serviço).”

Falando sobre o relacionamento com os fornecedores de serviços, Bueno diz que, como a fabricação (Cremer), a distribuição (Mafra Hospitalar, Expressa, Tecnocold e Diagnóstica) e o Operador Logístico/ transportador (Health Log) fazem parte do mesmo ecossistema per‑ ten­cente ao Grupo Mafra, as operações são integradas, o que permite um bom relacionamento e conhecimento em toda a cadeia logística e a possibilidade de oferta de soluções que se potencializam.

“Para outras indústrias/clientes, procuramos desenvolver o maior número de integrações possíveis, de forma a prover uma visibilidade operacional que também proporcione um bom relacionamento e transparência. Graças à conquista da confiança dos clientes, conseguimos atuar prestando uma espécie de consultoria, o que em momentos como o da pandemia foi fundamental para garantir o abastecimento de itens básicos de saúde. Conseguimos gerar valor para toda a cadeia, desde a contribuição dos JBPs com as indústrias farmacêuticas, que são nossas parceiras, até soluções personalizadas para os clientes. Somos parceiros da indústria e dos clientes, o trabalho em conjunto possibilita ao cliente ganhos de eficiência, redução de custos e otimização de estoques e operação.”

Ainda em termos de logística, Bueno lembra que operam com 93% da capacidade da frota diariamente, mantendo rigorosamente em dia as manutenções preventivas e o cumprimento das RDC´s (Resoluções da Diretoria Colegiada) que normatizam operações logísticas no mercado da saúde. Mantêm uma política de renovação da frota, cujos veículos possuem no máximo quatro anos. “Pelo posicionamento estratégico dos Centros de Distribuição, a rodagem é menor se comparada à de outros players, o que também gera economia em combustível, manutenção, pedágios e carga horária de trabalho dos motoristas e potencializam a qualidade das entregas. A rodagem é de aproximadamente 1.120.000 km/mês (cerca de 5,6 mil km/mês por veículo) – o que corresponde a 28 voltas em torno da Terra.”

Por se tratar de materiais de saúde, a estratégia é estar o mais próximo possível dos clientes, e funcionar como um pulmão para garantir quaisquer demandas emergenciais dos hospitais.

Também vale destacar que toda a frota do Grupo Mafra já atende à legislação Proconve P7 – veículos geração EURO V. Trata-se de um conjunto de normas regulamentadoras que visa a diminuição da emissão de poluentes de veículos movidos a diesel. Oficialmente, no Brasil, ele é chamado de Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, o PROCONVE P-7.

Visto que o Brasil possui dimensões continentais, ampla variação climática e carência de infraestrutura, o Grupo Mafra também usa o modal aéreo, para entregas na região Norte e parte da região Nordeste, alcançando cerca de 97% dos leitos do Brasil.

Outro papel importante do modal aéreo é a importação direta de insumos, principalmente EPI´s neste momento, em que novos protocolos de segurança foram implantados para prevenção tanto dos profissionais de saúde como de toda a população. Porém, devido à escassez de voos em decorrência da pandemia (91% da malha aérea foi suspensa), foi necessária a adequação das operações para o modal rodoviário, com o desafio de manter o mesmo SLA (nível de serviço) junto aos clientes. A proporção de entregas via modal rodoviário em 2020 passou de 57% para mais de 80%.

Com relação à armazenagem, são 15 Centros de Distribuição, nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

 

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Desafios – A recorrência e a administração de estoques sem dúvida são pontos cruciais quando se fala em logística para o setor de saúde como um todo, e o ano de 2020 deixou clara a importância de se ter uma estratégia bem estruturada.

O Grupo Mafra trabalhou para garantir o abastecimento de medicamentos e materiais hospitalares no setor privado e público diante da alta de custos globais, da possível falta de suprimentos, do cancelamento de 91% dos voos nacionais e da falta de uma rede de transportes brasileira apta a atender a demanda simultânea. Tudo isso em escala nacional no imenso território brasileiro.

Como a demanda por insumos básicos de proteção EPI’s (máscaras, luvas, aventais etc.) e dos medicamentos pede entregas recorrentes, o desafio é potencializado pela alta dependência do Brasil das indústrias estrangeiras, aumentando o risco de desabastecimento em cenários adversos e aumento do custo devido à variação cambial.

“Nestes desafios, a tecnologia pode ser um forte aliado no entendimento das necessidades e comportamentos do cliente. A tecnologia para gestão de estoques – que envolve soluções de VMI (Vendor Managed Inventory), a Gestão Compartilhada de Estoques entre fornecedor e cliente – tem papel essencial nessa estratégia. Com o melhor uso da tecnologia, reduzimos a necessidade de mais espaço para acomodação de estoques e obtivemos, consequentemente, melhoria no fluxo de caixa para aquisição desses produtos.”

Bueno também conta que, aliada ao serviço de VMI, a Health Log, Operadora Logística do Grupo Mafra voltada exclusivamente ao mercado da saúde, passou a oferecer uma estrutura de armazéns – um projeto nomeado de “estoque zero”, que possibilita a redução de estoques de forma significativa nos hospitais e simplifica o processo de recebimento de materiais e medicamentos hospitalares, além de proporcionar ao cliente espaço e condições para ampliar as áreas voltadas para os pacientes e se dedicar exclusivamente ao atendimento médico, permitindo foco total na jornada do paciente.

Com o sistema de monitoramento remoto de estoques e acompanhamento de informações em tempo real, é possível tomar as melhores decisões diante das variações de demanda e curvas de pico de forma colaborativa e consultiva junto com os clientes.

Diferenciais – O relacionamento próximo do cliente, o entendimento da demanda da saúde e o investimento em tecnologia são os diferenciais do grupo que proporcionam esse nível de atendimento. “Temos disponível uma plataforma de tracking de todas as nossas entregas, sendo possível o monitoramento em tempo real de toda mercadoria desde o embarque até a entrega final com a disponibilização do comprovante de entrega.”

Além disso, o Grupo está investindo em uma tecnologia de Customer Care que melhora a eficiência de processos simples e, principalmente, a experiência do cliente, o qual conseguirá acompanhar de forma ágil e fácil toda a sua jornada dentro do Grupo e terá atendimento através da assistente virtual, Mel, desenvolvida com tecnologia de Machine Learning.

Bueno também fala que o Grupo oferece uma gama de soluções e serviços direcionados ao mercado de saúde, como Operador Logístico para terceiros, processo de nacionalização de mercadorias, processo de consignação de mercadorias, armazéns gerais, VMI, fracionamento de mercadorias e montagem de kit´s de EPI´s, transporte de produtos e medicamentos controlados pela ANVISA.

Estas soluções visam atender aos clientes da área de saúde, pois propiciam redução de custos com armazenamento, distribuição e transporte.

Pandemia – Durante a pandemia, o Grupo Mafra passou a realizar o abastecimento emergencial de máscaras, luvas e testes, entre outros produtos considerados prioritários (90% dos insumos necessários ao leito hospitalar), ampliou turnos de trabalho e aumentou o investimento na operação.

Além disso, o Grupo iniciou a produção própria de álcool em gel e máscaras em seu polo industrial da Cremer, em parceria com fábricas da região que, por conta da pandemia, iriam paralisar suas operações, garantindo emprego e renda para centenas de pessoas.

Outra medida foi descentralizar o estoque. Se antes um item ficava concentrado em apenas alguns Centros de Distribuição, agora esses CDs recebem uma variedade maior de produtos, que assim chegam mais rápido aos clientes. A empresa adquiriu ainda 15 veículos para reforçar a frota.

No momento mais crítico, também foi feito um forte trabalho para trazer produtos de outros países. Bueno conta que a indústria brasileira não estava preparada para a demanda que surgiu. Em abril, o Grupo Mafra fretou três aviões da Latam para buscar 13 milhões de máscaras importadas da China. Também importou 42 contêineres da Malásia, com 84 milhões de pares de luvas.

A Health Log reforçou o seu papel como parceiro estratégico, customizando novas soluções para atendimento aos hospitais na sua nova realidade. “A expertise no segmento da saúde de todo o Grupo, a eficiência das operações unindo tecnologia à frota própria e aos CD’s estrategicamente posicionados nas principais regiões do território brasileiro têm permitido abastecer hospitais em 24 horas ou, em algumas localidades mais distantes, em até 72 horas, mesmo com a alta no volume de pedidos”, explica o diretor de Operações do Grupo Mafra.

Sobre se estas mudanças vieram para ficar ou se são apenas tempórias, ele destaca que, além de protocolos de segurança que se tornaram parte do dia a dia do Grupo e permanecerão, elas vieram para ficar na estratégia e relacionamento entre empresas. Reinvenção e união da cadeia como um todo em busca de soluções são partes de um aprendizado coletivo em todos os setores.

“Ser um ecossistema da saúde e apoiar nossos parceiros desde a fabricação de produtos, distribuição e oferta de soluções e serviços é nossa essência.

Hoje, com a estrutura de Centros de Distribuição, gestão de estoques e veículos próprios, cobrimos quase 97% do mercado hospitalar privado com nossa logística própria em até 48 horas, e mais de 81% em até 24 horas.”

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