Logística e transporte internacional – o custo da burocracia e da falta de infraestrutura

06/05/2012

O Comercio Internacional Global teve um crescimento impressionante nas últimas décadas, saltando de US$ 235 bilhões em 1960 para US$ 34,7 trilhões em 2008, um aumento de 146,6%, batizando esta etapa da história como a era da Globalização.

O Brasil, embora com uma participação muito pequena neste bolo, teve também seu crescimento, tendo atingido a marca de U$ 230 bilhões em exportações no ano passado. Para refrescar nossa memória, lembremos que a meta no governo FHC era a de atingir U$ 100 milhões em exportações, o que foi alcançado e ultrapassado desde então.

Muitos fatores têm afetado o crescimento da participação do Brasil no comércio internacional, como a falta ou perda de competitividade de nossa indústria e falta de uma política industrial mais clara e definida, mas o fator limitante mais importante vem de nossa infraestrutura ou falta de uma logística capaz de sustentar um crescimento mais expressivo de nossas exportações.

Aliada a isso está a burocracia presente em portos, aeroportos e fronteiras secas, que por não se modernizarem, interferem de maneira absurda no tempo em que as mercadorias ficam paradas nesses pontos, aguardando liberação/nacionalização, aumentando ainda mais o chamado Custo Brasil, que vai alimentar a falta de competitividade de nossos produtos, criando assim um círculo vicioso.

Os meios de transportes vêm se desenvolvendo aceleradamente, com a construção de navios de maior porte, capazes de carregar 10/15.000 teus, aviões cargueiros para 120/150 toneladas, caminhões mais econômicos e com capacidade volumétrica maior, aumentando cada dia a competitividade deste modal nas exportações aos nossos países vizinhos, porém, a falta de infraestrutura não nos permite usufruir desses benefícios, pois não temos portos para receber esses navios, nossos aeroportos operam bem acima de sua capacidade nominal e os corredores rodoviários ligando o Brasil aos países fronteiriços sofrem não apenas com a falta de investimento brasileiro, mas enfrentam também as restrições de nossos vizinhos.

Atualmente vem se discutindo e implantando a nível mundial o conceito de e-freight para as cargas aéreas, o que permite uma redução absurda na quantidade de papel na cadeia da exportação ou importação via este modal.

O Brasil ainda está dando os primeiros passos nesta área, muito atrás de países como Chile e Colômbia, onde o sistema já está em pleno funcionamento, permitindo a agilização, desburocratização e barateamento do custo logístico total no comércio internacional desses países.

Países como o Chile, onde a legislação alfandegária parte do princípio de que as empresas são idôneas, permite por exemplo, que os importadores utilizem um regime aduaneiro especial, transformando seus próprios armazéns em entrepostos aduaneiros, nacionalizando as mercadorias na medida em que são utilizadas, ou seja a decisão de onde manter o estoque é da empresa, que poderá sua própria instalação para este fim.

Citamos aqui apenas dois exemplos de como poderíamos adotar medidas eficazes visando desburocratizar e baratear nossos processos, reduzindo significativamente o Custo Brasil.
Para quem atua ou já utilizou o modal rodoviário para exportação, sabe que há tempos (desde 1990) seria possível ter o trânsito aduaneiro entre os países com grau de automatização muito mais presente, quando no início dos anos 90 foi desenvolvido o cartão magnético onde constaria todos os dados do trânsito (exportador, importador, transportador, carga, preço, etc) e que seria apresentado na fronteira, evitando a parada, conferência da papelada, conferência do lacre para liberar o caminhão para seguir viagem, após ter perdido pelo menos 6 horas nesse processo. Sua implantação foi vetada pelas aduanas envolvidas… e obviamente os empregos garantidos.

A operação de cada modal de transporte está afetada sobremaneira por todas essas questões, por isso, quando se planeja e se calcula os custos inerentes a cada importação e exportação, fatores e custos, muito além da simples tarifa de frete, têm deser levados em consideração, pois afetam sobremaneira o Custo Logístico Total envolvido no negócio.

Alvaro Fagundes Jr. – graduado em Engenharia Eletrônica Pela Unicamp, pós graduado em Administração pelo CEAG FGV-SP, MBA em Supply Chain Management & Logística Integrada – Visão Estratégica & Econômico-Financeira pela FIPECAFI FEA-USP. Atuação como executivo na área de transportes e logística em empresas como DHL, Expresso Araçatuba, Hamburg Sud/Aliança, McLane, tendo ocupado posição de alta gerência e diretoria. Atualmente é Sócio Proprietário da ALFA.LOG Consultoria, empresa especializada em consultorias às empresas de transporte rodoviário e aéreas que tem planos de internacionalizar sua operações, gestão e formação de preços de transportes, análise e gestão de rentabilidade.

 

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