Medicamentos do Oiapoque ao Chuí

01/04/2011

O mercado farmacêutico brasileiro é marcado pela presença de fortes nomes.  Temos em atuação hoje no país grandes laboratórios nacionais e internacionais, responsáveis pelas pesquisas e desenvolvimento de novas fórmulas. As enormes redes varejistas, de alcance nacional, estão cada vez mais presentes, mostrando o quanto este setor é dinâmico e se modernizou. Tanto indústria como varejo têm seus papéis bem divulgados perante a sociedade. A primeira produz e a segunda vende ao consumidor. Porém, neste meio tempo uma atividade importante desempenha seu papel: a distribuição farmacêutica.

Transportar medicamentos dos laboratórios para as prateleiras não é uma tarefa fácil em um país de dimensões continentais. O Brasil possui a maior extensão territorial da América do Sul. São 8.511.965 km² a serem ocupados. O papel do distribuidor é percorrer o país do Oiapoque ao Chuí para manter os estoques das farmácias e o consumidor seguro de que, quando for necessário, seu medicamento estará lá para ser comprado. Isso engloba ao mesmo tempo uma grande rede localizada em uma capital ou uma loja independente em uma cidade afastada onde o acesso só se dá por barco. A missão de entregar o medicamento é a mesma, o que muda é o tamanho do desafio.

Além do território extenso, o Brasil tem uma complexidade viária indescritível, com carência de modal ferroviário, limitações quanto ao modal aéreo e praticamente inexistência do modal hidroviário. Neste contexto, a opção restante é o modal rodoviário que apresenta hoje sérios danos em sua estrutura. Um exemplo são os altíssimos custos de rodagem em função das privatizações, que ocasionam, entre outros problemas, o excesso de pedágios. Tudo isso, além das condições precárias de algumas estradas que acabam dificultando ainda mais o acesso.

Atualmente, o Brasil tem mais de 60 mil farmácias, entre grandes redes e varejos independentes espalhados pelos 5.564 municípios. Podemos considerar um número elevadíssimo de estabelecimentos quando se observa a composição de mercado de outros países. Os Estados Unidos têm uma farmácia para cada 5.500 habitantes, o México, uma para cada 4.800 habitantes e o Brasil possui uma farmácia para cada 3.180 habitantes. O índice brasileiro espelha uma média, pois há cidades que possuem apenas uma farmácia e mesmo estas são atendidas pelas distribuidoras.

Esse alcance do varejo farmacêutico brasileiro tem relação direta com o trabalho eficiente realizado pelas distribuidoras. Uma farmácia se instala no interior do Acre porque sabe que uma distribuidora entregará o seu pedido. A certeza de que o estoque será reposto faz com que empreendedores abram novas farmácias nos mais distantes rincões do Brasil e possibilitem a todos os cidadãos e cidadãs o direito de ter um estabelecimento farmacêutico à disposição.

Diante dessa realidade, é notório o quão importante é a atividade desempenhada pelas distribuidoras de medicamentos. Trata-se de uma parte da cadeia que é fundamental para a tranquilidade da indústria, varejo, hospitais e clínicas. É impraticável uma farmácia adquirir seus produtos para revenda de 300 fornecedores diferentes e sem que haja reposição diária. Se hoje os laboratórios e as farmácias estão em boa fase e o setor farmacêutico aquecendo cada vez mais a economia brasileira, tudo isso se deve, em grande parte, à eficiência logística das distribuidoras farmacêuticas.

Os desafios e gargalos da atividade são muitos. Além da já mencionada malha viária e seu custo de rodagem, o alto preço dos fretes também atinge as distribuidoras. A margem operacional é outro fator que preocupa a distribuição. As distribuidoras ainda enfrentam uma situação peculiar relacionada aos prazos de pagamento. O prazo médio oferecido pelo distribuidor aos varejistas é maior do que seu prazo médio de compra, o que o torna, além de abastecedor, o principal financiador do varejo farmacêutico.

O objetivo deste artigo não é de forma alguma só enaltecer o trabalho feito pelas distribuidoras farmacêuticas no Brasil. Pretendo por meio dos parágrafos acima suscitar uma reflexão sobre o caminho percorrido pelos medicamentos até chegar às prateleiras das drogarias, farmácias, clínicas e hospitais. Uma atividade altamente regulamentada que faz toda a diferença no mercado em que atua. Mesmo com todos os entraves que encontram no caminho, as distribuidoras cumprem primorosamente sua missão de levar medicamentos para todos os municípios, vilas e distritos do Brasil.


Luiz Fernando Buainain – Presidente da Abafarma – Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico
rafael@scritta.com.br

 

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