Uso dos AGV’s avança na movimentação industrial

10/08/2008

Indústrias automobilística e farmacêutica são as que mais têm feito uso destes equipamentos. Mas, nesta matéria especial, outros itens são abordados: vantagens, custos e, também, os LGVs – Veículos Guiados a Laser.

A tecnologia está cada vez mais presente nos processos de movimentação industrial. Com isso, os AGV’s (Veículos Automaticamente Guiados), de acordo com algumas empresas que desenvolvem estes equipamentos, vêm sendo muito procurados, principalmente pelas indústrias automobilística e farmacêutica.

“Têm surgido várias consultas para estudos de aplicação de AGV’s, porém todas elas levam muito tempo para maturação. A maioria das oportunidades de negócio está nas indústrias automotiva, de autopeças e farmacêutica”, comenta Ettore Cimino, gerente de projetos da Automatec (Fone: 11 5511.3818), que fornece AGV’s tipo rebocador, que podem rebocar um ou vários carrinhos, simultaneamente, e AGV’s carregadores, onde a carga é colocada diretamente sobre o equipamento – todos monitorados por radiofreqüência e sistema supervisório, tendo, ainda, um sistema de guia indutivo, no qual um condutor é instalado embutido no piso em todo o trajeto do AGV; e o sistema de guia ótica, no qual uma fita ou pintura de uma faixa é feita no piso por onde passará o equipamento.

Para Felipe Hoffmann, diretor da ISA do Brasil (Fone: 47 3027.7773) – que desenvolve o AGV Especial, cuja mecânica é construída em função do tipo e peso da carga a ser transportada; o AGV Seriado, que tem mecânica baseada em empilhadeiras/paleteiras e rebocadores padrão; e o RGV, que é um tipo de AGV guiado por trilho – além das indústrias citadas por Cimino, vem crescendo, também, o número de pedidos de estudos feitos pela indústria metalmecânica.

No que tange as aplicações nas quais vêm sendo empregados os AGV’s, o executivo da ISA do Brasil destaca o abastecimento de kits de montagem que precisam ser levados dos “supermercados” até as linhas de montagem. “Também estamos encontrando com maior freqüência aplicações para o transporte de mercadorias entre galpões das fábricas, onde os AGV’s precisam ser capazes de suportar condições de tempo, como a chuva”, complementa.

Vantagens

Para Cimino, da Automatec, os AGV’s podem substituir qualquer tipo de rebocador ou empilhadeira guiada por um operador e utilizados no chão de fábrica para transporte horizontal de materiais e equipamentos. Ele diz que hoje em dia é muito comum encontrar empilhadeiras sendo utilizadas apenas para movimentação horizontal de materiais, o que julga ser um grande desperdício.

Na visão do gerente de projetos da Automatec, a grande vantagem destes equipamentos é o fato de não necessitar de um operador. “Em sistemas mais sofisticados podemos ter um sistema supervisório e os AGV’s com comunicação por radiofreqüência, sendo monitorados em todo seu trajeto na tela de um microcomputador”, explica.

Ele acredita que outra grande vantagem em relação a outros equipamentos de movimentação é que os AGV’s podem manter um nível de serviço muito constante e com grande cadência, já que trafegam em velocidade constante e não fazem paradas que não estejam programadas e nem desvios de rota, como as empilhadeiras ou rebocadores guiados por um operador.

Hoffmann, da ISA do Brasil, por sua vez, garante que são várias as vantagens oferecidas pelos AGV’s, e cita as linhas de montagem que utilizam correntes embutidas no piso ou sustentadas no ar (power and free): “podem facilmente ser substituídas, pois os custos de infra-estrutura e instalação, que são enormes nestas soluções, compensam o custo dos carros AGV’s. Desta forma, a solução fica muito mais clean e com manutenção simples e barata”, afirma.

Ele lembra, ainda, dos transportadores roletados, que ocupam um grande espaço no layout da planta, e explica que substituindo estes transportadores por AGV’s, que atuam nos mesmos corredores dos pedestres, haveria ganho de espaços para a produção.

Segundo o diretor da ISA do Brasil, a substituição de rebocadores e empilhadeiras elétricas comandadas manualmente por operadores por sistemas automáticos AGV’s traz benefícios, como redução de mão-de-obra e aumento da segurança e do controle do processo, que passa a ser um sistema automático que permite medir e aprimorar a eficiência de forma muito mais eficaz.

Um passo à frente do AGV

Trata-se do LGV (Veículo Guiado a Laser), que é uma versão avançada do AGV. Esta tecnologia também é indicada para movimentação em ambientes industriais e dispensa o operador. A diferença é que o LGV é guiado por um scanner laser instalado na parte superior do carro e gerenciado por um sistema computadorizado baseado na tecnologia laser way, da empresa sueca NDC.

Segundo Néstor Omar Diéguez, gerente comercial da Cassioli Brasil (Fone: 11 4525.1001), que produz o carro guiado a laser no Brasil, precisão e segurança na operação são os pontos fortes do equipamento. “O LGV é programado, o que sugere sua aplicação em operações e percursos repetitivos. As linhas do percurso são programadas com base em um layout em AutoCAD ou similar, formando uma espécie de mapa de orientação. Além disso, o traçado pode ser modificado a qualquer momento, sem necessidade de obras civis, e a velocidade também é programável, indo de 2 a 60 m/min”, explica.

Ele conta que o equipamento é capaz de detectar a presença de corpos estranhos em seu raio de ação, sendo imobilizado quando necessário. “Caso seja necessária uma intervenção manual, há um teclado e uma botoeira a bordo que possibilitam acionar os comandos de marcha e de movimentações de carga”, revela.

Quanto ao gerenciamento do tráfego dos veículos, Diéguez comenta que há um computador estacionário, instalado fora dos carros, que desempenha uma função semelhante à de uma central de táxi. “Este computador recebe as ordens de transporte, é informado sobre a posição do carro vazio mais próximo e envia o pedido para a execução do transporte. Se outro carro, em posição ainda mais próxima, é liberado antes que o primeiro chegue ao destino, ele assume o encargo”, complementa.

De acordo com o gerente comercial, nos carros, em si, é instalada a parte móvel do sistema de controle, que provê a navegação, o controle e a propulsão, a carga e a descarga dos materiais. Ele diz que a navegação é feita por um leitor a laser colocado no topo do carro, que gira incessantemente e é orientado por faixas reflexivas colocadas no ambiente em que o veículo opera. Além disso, a potência de emissão é escolhida automaticamente pelo sistema, com base na distância dos refletores, que podem ser lidos a uma distância de até 70 m.

Pelas informações passadas por Diéguez, a precisão nos pontos de parada dos veículos gira em torno de 2 a 5 mm. “A leitura é transmitida para uma placa de bordo que identifica e controla continuamente a trajetória do carro e sua posição, conforme programado no sistema”, acrescenta.

Segundo o gerente comercial, a Cassioli pode produzir modelos que atendam a necessidades específicas de cada cliente, quanto ao tipo de aplicação, capacidade de carga, altura, espaço para manobras, garfos para deixar ou retirar paletes no piso, para transporte de bobinas e transportadores a bordo. “A fabricação deste equipamento já tem um índice de nacionalização de 70%, o que possibilita acesso ao Finame. O tempo de execução destes equipamentos varia de quatro a seis meses, dependendo da complexidade do sistema”, encerra.

Falta de conhecimento

Receio de acidentes, medo de perder o emprego para máquinas, falta de divulgação e suspeita de custos altíssimos de investimento são os fatores apontados tanto por Cimino quanto por Hoffmann para tentar explicar porque os AGV’s ainda são pouco conhecidos no Brasil.

“Em grande parte, principalmente fora do ramo automobilístico, se vê uma grande falta de conhecimento. Muita gente não sabe o que é um AGV. Mas, esta realidade está mudando aos poucos, através de reportagens e do esforço de marketing das empresas fabrican

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