A MRS e a ArcelorMittal firmaram um acordo em caráter de teste para transporte inbound – que é o fornecimento de matéria-prima de uma indústria – de sucata pela ferrovia para a unidade do cliente em Juiz de Fora (MG). As siderúrgicas de modo geral recebem grandes volumes de sucata, no entanto, o modal mais utilizado para isso é o rodoviário, com baixa participação da ferrovia nesse processo. A parceria entre MRS e ArcelorMittal é um projeto para mudar esse cenário e ampliar a presença da ferrovia nesta cadeia.
A MRS estruturou uma solução com base em análises de experiências passadas da própria ferrovia no transporte de sucata. A solução é multimodal e inclui o uso de caminhões nos trechos mais curtos, na ponta de origem e de destino da operação. A sucata é acumulada em entrepostos nas origens da carga e depois embarcada em caçambas especialmente construídas para o transporte ferroviário. Essas caçambas são transportadas a partir dos entrepostos até os terminais rodoferroviários e acomodadas nos trens para seguir viagem pela ferrovia até um ponto próximo ou na própria planta do cliente, onde as caçambas são novamente transferidas para veículos específicos para entrega final. Desta forma, é possível realizar o transporte ferroviário mantendo os processos dos fornecedores de sucata e das usinas inalterados.
A primeira viagem teste foi realizada no final de dezembro entre Belo Horizonte e Juiz de Fora (Eldorado-Dias Tavares). A MRS prevê terminais aptos para esta operação em cidades como BH, São Paulo e Rio, centros que são grandes geradores de sucata.
“A utilização das caçambas em entrepostos controlados pelo cliente ou pelo próprio gerador da sucata elimina riscos de perda da carga, que fica no entreposto, além de permitir controlar questões que são essenciais no transporte dessa carga, como peso, qualidade, procedência, confirmação da carga recebida e medição dos níveis de radioatividade, além de outros benefícios. A modelagem desenvolvida monitora esses parâmetros e permite que sejamos competitivos no negócio”, afirma o gerente de Soluções Intermodais da Gerência Geral de Siderurgia, Magela Titoneli.
A perspectiva é de ampliar o transporte de sucata por meio dessa solução ao longo de 2021. A caçamba desenvolvida possibilita também seu uso com outras cargas, o que vai permitir a prospecção de cargas de retorno das viagens. Os produtos acabados das próprias siderúrgicas são um exemplo. Para a ArcelorMittal, cliente para quem a solução foi desenvolvida, o uso da ferrovia trará ganhos em eficiência e segurança na usina de Juiz de Fora, além de ganhos em sustentabilidade com a menor emissão de CO2 que a ferrovia oferece. A Calculadora de CO2, ferramenta disponibilizada pela MRS, mostra automaticamente os ganhos mencionados.
“É um trabalho que está sendo desenvolvido a quatro mãos, entre MRS e ArcelorMittal, nosso cliente e parceiro neste projeto está muito empenhado no desenvolvimento da solução. O teste foi o primeiro passo de um projeto que é estratégico para a empresa, e esperamos alcançar ótimos resultados em 2021, após consolidação desta solução multimodal“, afirma o analista comercial da GG de Siderurgia, Pedro Oliveira.
A percepção do cliente sobre o projeto também é positiva.
“Esse projeto, na parte logística, é a menina dos olhos da Usina de Juiz de Fora. As usinas estão em produção elevada, há demanda por caminhão. A ferrovia traz um processo mais robusto. Além disso, se o projeto atingir todos os seus objetivos, há uma expectativa de redução de 25% no tráfego de caminhões com metálicos (Sucata) em direção à usina da Arcelor. O projeto visa reduzir cerca de 900 caminhões todos os meses. Isso traz mais segurança, pois menos veículos rodoviários circulam pela planta”, explica a compradora da Gerência de Suprimentos Logística da ArcelorMittal, Rúbia Ramos Salume.