O acidente na BR-277, onde um caminhão tombou sobre uma van que levava os atletas de remo de Pelotas (RS), chamou a atenção para um problema recorrente nas rodovias brasileiras: os acidentes com veículos de cargas que de certo modo são caudados pelo excesso de peso e a fiscalização desse tipo de infração deficitária. O número reduzido de balanças em operação nas rodovias brasileiras, expõe motoristas e passageiros a riscos graves, além de contribuir para o desgaste prematuro das estradas.
De acordo com o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os caminhões devem ser pesados por eixo, com limites que variam entre 6 e 30 toneladas, dependendo da configuração de eixos e pneus. Em outubro de 2021, uma nova legislação aumentou a tolerância para excesso de peso de 10% para 12,5%. No entanto, a fiscalização permanece deficiente em muitas regiões.
Na BR-277, por exemplo, as balanças estão desativadas devido ao recente processo de concessão. O contrato prevê um prazo de dois anos para que os novos operadores reativem os equipamentos. Enquanto isso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) se vê limitada na fiscalização de excesso de peso. Em 2024, foram registradas 1.270 autuações, número que se aproxima das 1.627 multas aplicadas em todo o ano anterior.
“Quando se fala das balanças de pesagem atuais, balanças com praças de pesagem, o problema atual não é nem quem entra na balança, mas sim os que evadem, preferindo receber a multa de evasão em vez de se submeter à fiscalização”, explica Alexandre Krzyzanovski, especialista em monitoramento viário e Diretor de Engenharia da Pumatronix, uma das principais fabricantes nacionais de equipamentos para monitoramento de trânsito e sistemas de transporte inteligente (ITS). “O excesso de peso nos veículos afeta diretamente a segurança viária. Cargas acima do permitido comprometem a estabilidade dos caminhões, o funcionamento adequado dos freios e da suspensão, elevando o risco de acidentes. A dinâmica alterada dos veículos pesados, especialmente em situações de frenagem ou curvas, é um fator crítico em muitos acidentes”, completa.
Soluções tecnológicas no monitoramento viário
Diante desse cenário, empresas especializadas em tecnologia vêm desenvolvendo soluções avançadas para monitoramento e fiscalização nas rodovias. Com uma abordagem inovadora, a empresa integra sistemas de pesagem em movimento (HS-WIM), câmeras de leitura automática de placas (LPR) e inteligência artificial preditiva. A tecnologia permite que o excesso de peso seja detectado em tempo real, com a instalação de pórticos sobre ao longo das rodovias, com isso é possível fazer a pesagem com precisão sem a necessidade de parar os veículos, otimizando a fiscalização.
“Existem ferramentas acessíveis que não apenas verificam o peso em movimento, mas também cruzam os dados com informações de placas e condições das rodovias. Isso permite fornecer alertas em tempo real para os agentes de fiscalização e concessionárias, aumentando a eficácia da fiscalização e a segurança viária”, destaca Krzyzanovski.
Além da identificação de veículos irregulares, sistemas também permitem o monitoramento contínuo e de todos os veículos de carga que trafegam pela rodovia resolvendo a questão de evasão de balanças e fornecendo informações estatísticas importante para a manutenção preventiva das estradas. Dessa forma, é possível não só reduzir acidentes, mas também garantir a manutenção e conservação das rodovias, diminuindo os custos de reparo e prolongando sua vida útil.
Tecnologia como aliada na segurança viária
A adoção de tecnologias de monitoramento viário surge como uma solução viável e eficaz para enfrentar a falta de fiscalização e reduzir acidentes provocados por veículos de carga com excesso de peso. Com a integração de sistemas inteligentes, a ideia é não apenas aumentar a segurança nas rodovias, mas também preservar vidas e melhorar as condições de tráfego.
“Enquanto aguardam a reativação das balanças na BR-277, acreditamos que o uso de tecnologias mais modernas e eficientes, como o HS-WIM, podem transformar a maneira como as estradas são monitoradas, proporcionando um trânsito mais seguro para todos”, afirma Krzyzanovski.