Tarifaço nas exportações de rochas reduz embarques e gera impactos diretos no Espírito Santo

As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre rochas ornamentais já provocam queda relevante nas exportações capixabas, segundo dados da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas). O Espírito Santo responde por cerca de 82% dos embarques brasileiros destinados ao mercado norte-americano, o que torna o estado particularmente sensível aos efeitos do tarifaço nas exportações de rochas.

No Terminal Portuário de Vila Velha (TVV), principal rota de saída das rochas capixabas, o impacto aparece no acumulado do ano e também na média mensal após o anúncio das medidas. Para contornar a retração, o terminal tem acelerado a diversificação de cargas, com avanço das operações de carga geral, projetos especiais e granéis. Essa estratégia tem sido adotada para reduzir a exposição ao segmento mais atingido.

Tarifaço nas exportações de rochas reduz embarques e gera impactos diretos no Espírito Santo

Atualmente, o TVV mantém forte presença nas exportações de rochas ornamentais, especialmente granito. Segundo dados operacionais, cerca de 48% de toda a exportação movimentada para os Estados Unidos é composta por esse tipo de carga. Além disso, mais de 95% do volume exportado pelo Espírito Santo passa pelo terminal, o que explica a rapidez com que os efeitos do tarifaço repercutiram no estado, que concentra o beneficiamento e o acabamento das rochas destinadas ao mercado externo.

De acordo com Gustavo Paixão, Diretor de Terminais da Log-In Logística Integrada, o recuo do granito é evidente na comparação anual e se intensificou no segundo semestre. “Se analisarmos o acumulado até setembro, estamos 22% abaixo na movimentação de rochas. Mas entre os meses de agosto e setembro, depois do tarifaço, a média mensal passou a 40% abaixo do que vínhamos fazendo no mesmo período do ano anterior”, afirma. Segundo ele, apesar de meses mais positivos no início de 2025, a retração ganhou força após a mudança tarifária, alterando a curva histórica de embarques.

Além do impacto direto das tarifas, o terminal destaca que a classificação de parte das cargas ampliou a redução inicial. Produtos como quartzito poderiam ficar fora da tarifação, mas acabaram enquadrados como granito. “Houve uma distorção importante pois nem tudo é granito e nem tudo está sujeito à mesma tarifa. O setor começou um esforço de reclassificação e isso não é rápido, mas já vemos sinais de ajuste”, diz Paixão.

Embora o governo norte-americano tenha revisto parte das medidas e incluído o café na lista de redução tarifária, o efeito é considerado residual no TVV. Paixão explica que o produto tem participação pequena entre as exportações destinadas aos EUA. “O café tem peso pequeno aqui no terminal e aparece mais distribuído em outros mercados. A dinâmica atual do TVV está muito mais ligada às rochas”, afirma.

Tarifaço nas exportações de rochas e abertura para novos negócios

Mesmo com a retração da principal carga de margem, a queda liberou capacidade operacional e abriu espaço para novos negócios. Paixão relata que o terminal aproveitou essa janela para fortalecer operações de carga geral e projetos especiais, que haviam perdido espaço em 2024 em razão da alta ocupação e do ciclo de retrofit. “Com menos contêiner cheio, conseguimos abrir pátio e berço para outras operações. Voltamos a operar fortemente a carga geral e isso tem superado o que estava previsto inicialmente”, aponta.

A estratégia de diversificação inclui também granéis e o atendimento a navios sem guindaste de bordo, que passaram a ser operados com maior regularidade nos berços públicos da Autoridade Portuária. Segundo Paixão, o movimento reforça o objetivo de ampliar o portfólio e fortalecer o perfil multipropósito tanto do terminal quanto do Complexo Portuário de Vitória.

No comércio internacional, o executivo avalia que não há previsibilidade de reversão rápida do tarifaço nas exportações de rochas. “A negociação com os EUA segue em curso, mas o segmento também está se movimentando para abrir novos destinos. O Oriente Médio entrou no radar como mercado com demanda e ainda pouco explorado para as rochas brasileiras”, explica.

Nesse cenário, o TVV trabalha para manter infraestrutura e capacidade de resposta caso os volumes retornem, além de oferecer alternativas logísticas para novas cargas. Paixão destaca que a diversificação iniciada em 2025 deve continuar mesmo com eventual retomada do granito, como forma de reduzir exposição a choques externos e garantir estabilidade operacional em segmentos menos concentrados.

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