Setor privado quer mais garantias para investir em logística

03/12/2015

Para Pedro Dutra, advogado especializado em direito econômico, o país convive com um paradoxo. De um lado, o governo incentiva a participação privada na infraestrutura e fia-se no envolvimento de investidores no programa de concessão para injetar ânimo na economia. Por outro, “conspira” contra a parceria ao não respeitar contratos e impedir a independência das agências reguladoras.

A segurança jurídica, que já era reivindicada pelos investidores brasileiros, é ainda mais importante num momento em que o governo precisa atrair capital estrangeiro –a segunda fase do Programa de Investimento em Logística, o PIL, prevê repassar à iniciativa privada projetos que demandam investimentos de R$ 200 bilhões.

Segundo o professor italiano Mario Sebastiani, que leciona regulação na Universidade de Roma, o Brasil irá disputar investidores com a Europa, onde também serão erguidos grandes empreendimentos de infraestrutura nos próximos anos.

Para que o país possa atrai-los, será preciso bons marcos políticos e regulatórios, sistema judiciário rápido e confiável, custos baixos e regulação flexível, afirmou.

PRIORIDADES

Há urgência na entrada de recursos. Segundo Cláudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, são necessários entre R$ 400 bilhões e R$ 600 bilhões para que o país recupere o atraso no setor de logística. “Deveríamos estar investindo no mínimo 3% do PIB para recuperar a nossa malha. Estamos investindo um quarto disso”, afirmou.

Uma forma de reduzir esse déficit num momento em que o país vive uma crise fiscal é o uso de concessões.
“O Estado deixa de colocar dinheiro de impostos e ainda passa a receber outorga”, afirmou Joubert Flores, diretor da ANPTrilhos e do Metrô Rio.

Segundo ele, hoje, 7 das 13 linhas de transporte de trilhos em construção no Brasil usam esse tipo de contrato.
As chamadas PPPs (Parcerias Públicos Privadas), modelo no qual o governo paga parte das despesas da concessão, também têm sido cada vez mais usadas. Segundo o advogado Bruno Pereira, que trabalha no monitoramento de contratos de PPPs, já foram feitas 82 no país no âmbito estadual e municipal.

PLANEJAMENTO
Apesar da necessidade de atrair capital privado para o setor, a forma como o governo planeja o repasse de projetos precisa ser bem estudada, alertaram especialistas.

Um dos riscos é o aumento excessivo dos custos para uso do serviço. Luiz Henrique Baldez, presidente Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Cargas, disse que o governo vem tratando as concessões apenas como uma forma de viabilizar obras públicas. Por isso, os pedágios estão ficando mais caros.

Outra crítica é quanto ao uso dos recursos obtidos com as concessões. Para Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, eles devem ser usados para projetos no setor de logística e não para engordar o caixa único do governo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Veja também em Conteúdo
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado

As mais lidas

01

Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais
Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais

02

Demanda global por transporte aéreo de carga cresce 2,2% em maio, segundo IATA
Demanda global de carga aérea cresce 4,1% em outubro e marca oito meses de alta

03

Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg