Além de oferecerem proteção ao transporte, estes sistemas também atendem às mudanças no comportamento dos consumidores e proporcionam melhorias nos processos logísticos e otimização do tempo dos envolvidos.
O rastreamento e o monitoramento de veículos são fundamentais para a gestão no negócio e, em tempos de crise, como a pandemia, eles se tornam ainda mais importantes, visto que o caminhão não pode ficar parado e os custos logísticos precisam estar alinhados com o mercado.
Por outro lado, ainda segundo Obson Oliveira, diretor da Unidade T&T da Pósitron Stoneridge, a pandemia trouxe uma mudança de comportamento em toda a cadeia logística, desde formas de comunicação até revisões em fluxos e processos internos operacionais nas empresas, proporcionando melhoria nesses processos e otimização do tempo de todos os envolvidos. E estas mudanças positivas parecem que vieram para ficar.
“Observa-se a retomada do rastreamento e monitoramento em segmentos como o frigorificado, farmacêutico e do agronegócio.”
Em termos de tendências, Oliveira diz que é que tenhamos tecnologias cada vez mais aplicadas à prevenção de acidentes, segurança do bem e gestão logística, que permitam redução de custo e maior agilidade na operação.
Rastreamento
Falando especificamente sobre o papel do rastreamento de cargas durante a pandemia, Rodrigo Abbud, diretor Comercial do Grupo Tracker, destaca que ele, sem sombra de dúvidas, foi – e continua sendo – uma das atividades mais importantes para a manutenção de uma economia minimamente aquecida, em especial, durante o período pandêmico.
“Para podermos compreender melhor o grau de relevância desta atividade é necessário entender que, durante a pandemia, o trânsito de automóveis foi reduzido consideravelmente nas grandes cidades, em especial nos meses em que o isolamento social e as políticas de restrição do comércio eram mais rigorosos. Em contrapartida, caminhões, utilitários e motos ganharam mais destaque nesse período. À medida que os hábitos de consumo dos brasileiros foram se adaptando ao novo cenário, as compras online e por aplicativos de delivery cresceram exponencialmente.”
De forma paralela – ainda de acordo com Abbud –, o setor de agronegócio foi um dos poucos que se manteve aquecido frente à crise sanitária, sendo um dos principais responsáveis por elevar a importância do transporte rodoviário.
Esses fatores combinados resultaram em uma maior exposição de veículos pesados, cargas e utilitários rodando dentro e fora das cidades, fatalmente despertando a atenção e o interesse de criminosos.
Na contramão do que acontecia com as ocorrências de roubo e furto de veículos leves, os eventos relacionados a caminhões e cargas apresentaram números bastante elevados no período. E é nesse ponto específico que a atividade de rastreamento se mostra tão fundamental, não somente para as empresas proprietárias dos veículos e mercadorias, mas também para os intermediários e consumidores finais, garantindo a circulação de alimentos, matérias primas, insumos e produtos acabados por todo o país.
“O rastreamento, portanto, contribui para que a economia siga seu rumo, ainda mais em um período tão difícil, mitigando prejuízos que poderiam respingar em qualquer elo da cadeia produtiva e de consumo”, conclui o diretor Comercial do Grupo Tracker.
Daniel Drapac do Amaral, CEO da iTrack Brasil, por sua vez, aponta que, sabendo da importância de mantermos o abastecimento funcionando de uma forma impecável, “podemos afirmar que o rastreamento até a última milha teve – e continuará tendo – um papel fundamental. Presenciamos o incrível crescimento das vendas via e-commerce, delivery de praticamente tudo: da lista de compras do supermercado até aquele medicamento de uso contínuo e tudo a um clique de distância! A maior digitalização que o mundo já presenciou em um curtíssimo prazo de aderência, não é mesmo?”
Drapac também cita os cinco benefícios que ele acredita foram trazidos pelo rastreamento: visibilidade total aos clientes sobre o status dos atendimentos, incluindo tempo e distância faltantes para o destino; melhoria contínua das operações através de pesquisas de satisfação (NPS) no próprio momento da entrega; controle em tempo real do desempenho, bem como a produtividade de cada veículo; garantia que as entregas e/ou coletas foram realizadas no local, data e hora corretas e com auditoria de geolocalização, evitando transtornos ou custos desnecessários, reduzindo revisitas ou cancelamentos das entregas; e redução dos prazos de reconhecimento de receitas ou de pagamentos através de comprovante/assinatura digital.
E Rodrigo Cesar de Oliveira, diretor de Operações, Serviços e Inteligência da Opentech Software e Rastreamento, alega que, se foi fundamental o papel que os modais logísticos brasileiro desempenharam na garantia de circulação de cargas em longas distâncias e porta a porta durante todo o período de pandemia, em paralelo, e apoiando toda esta estrutura, o gerenciamento de riscos e o rastreamento de cargas se mantiveram como pilares de extrema importância para que este fluxo de mercadorias acontecesse de forma segura.
Volta ao “normal” – O rastreamento continua sendo vital nesse período de transição para um “novo normal”.
Abbud, do Grupo Tracker, lembra que o agronegócio, as compras online e os deliveries deverão permanecer em alta, exigindo cuidados das empresas na proteção e controle de seus veículos e cargas durante o transporte.
A expectativa – diz o diretor Comercial do Grupo Tracker – é que este novo período seja acompanhado de uma retomada econômica real, fomentando mais transações e circulação de bens pelas estradas e ruas de todo o país.
“Em paralelo, observamos com atenção um possível efeito migratório da criminalidade ocorrido durante a pandemia e como ele se comportará daqui em diante – um bandido que roubava carros até o começo de 2020, com o baixo fluxo de automóveis nas ruas, passou a ver no roubo de cargas e veículos pesados uma grande oportunidade de negócio. Com o processo de retomada, todos os veículos estarão expostos novamente e iremos entender melhor como será o comportamento dos criminosos em relação a este cenário, que poderá apresentar uma alta de ocorrências envolvendo também automóveis e motos de alta cilindrada, usadas mais para o lazer. Um sinal de que o rastreamento continuará a desempenhar um papel importante na proteção dos patrimônios de empresas e pessoas.”
Oliveira, da Opentech, também afirma que vários segmentos de transporte tiveram crescimento significativo durante a pandemia, sejam fármacos, alimentícios, e-commerce, entre outros, e que, portanto, o papel do rastreamento continua sendo fundamental para garantir que toda jornada seja segura e a entrega de mercadorias ocorra de acordo com o planejado, garantindo qualidade ao ciclo logístico.
Tendências no setor – Abbud, do Grupo Tracker, lembra que o setor de rastreamento precisa estar sempre atento às novas tecnologias e tendências, de forma a aprimorar os serviços prestados às empresas e à sociedade.
“Atualmente, observamos uma procura maior por soluções integradas, que aliem proteção contra roubo e furto, mas também possam oferecer aos usuários um maior controle logístico. Em paralelo, os usuários também estão mais exigentes e buscam cada vez mais tecnologias avançadas visando serem mais efetivos em suas operações.”
Também falando sobre as tendências, Amaral, da iTrack Brasil, aposta que, com a utilização em massa da tecnologia 5G, será possível enriquecer ainda mais o nível de detalhamento do delivery atual, em busca de um real-time tracking sob medida para cada tipo de operação logística.
Problemas – Mas, nem tudo é ótimo quando se fala em rastreamento de cargas. Abbud, do Grupo Tracker, coloca que um dos principais ofensores para as empresas de rastreamento é o alto custo dos componentes utilizados para o desenvolvimento e montagem dos rastreadores.
Com uma taxa de câmbio elevada, a importação de componentes tecnológicos acaba se tornando mais onerosa, exigindo alternativas como desenvolvimento local e a busca incessante por fornecedores que entreguem qualidade a um custo menor.
Por sua vez, Oliveira, da Opentech, ressalta que a sinistralidade sempre é o grande ofensor que atinge o segmento. Desta forma, além das medidas de segurança voltadas para tecnologias internas e protecionais nos veículos, o trabalho de “campo” da área de inteligência é fundamental para coibir/minimizar a ação dos meliantes.
Além de este pilar, o diretor de Operações, Serviços e Inteligência da Opentech pontua que os acidentes também vêm se tornando cada vez mais ofensores operacionais, e planos de prevenção de acidentes atualizados, automatizados e preventivos são diferenciais em uma gestão segura e com resultados. “É o uso da tecnologia, da informação e da expertise em segmentos de alta complexidade que diferencia e permite superar problemas de monitoramento de cargas.”
Finalizando esta questão, Amaral, da iTrack Brasil, também coloca os maiores problemas enfrentados, apontando o gerenciamento de ocorrências de entregas de mercadoria, bem como garantir que as entregas/coletas sejam realizadas no local, data e hora previamente acordadas. “Operações eficientes implementam tracking last-mile com Torre de Controle, para que a informação seja compartilhada em tempo real com todos os departamentos, enriquecendo a comunicação com o cliente final, fortalecendo a transparência e satisfação.”
Monitoramento
Assim como o rastreamento, o monitoramento também desempenhou papel importante nestes últimos meses.
“Enquanto o primeiro permitiu mais segurança para veículos e cargas durante o transporte, o segundo possibilitou maior controle e gerenciamento logístico, capazes de reduzir custos e otimizar operações, aspectos essenciais em um período economicamente conturbado. O investimento em soluções que combinam o rastreamento com o monitoramento de veículos e cargas foi extremamente estratégico para muitas empresas nesse período”, destaca Abbud, do Grupo Tracker.
“Durante o período crítico da pandemia, quando foi decretado o lockdown em diversas regiões do país e em diferentes segmentos, o monitoramento a partir da nossa Torre de Controle foi determinante para garantir o apoio a nossa operação e atendimento aos nossos clientes. As nossas funções administrativas entraram em regime de home-office, distanciando-se da operação, mas sem perder a conexão e interação. O volume de movimentos transacionados e monitorados aumentou em torno de 30%, mostrando-se bastante resiliente em momentos críticos. A distribuição de alguns materiais estratégicos, que eram retirados diretamente pela operação em nossos depósitos, passou para o modelo distribuição direta, ou seja, os materiais são entregues diretamente aos nossos técnicos em atividade de manutenção no site do cliente.” A análise, sobre o papel do monitoramento durante a pandemia, agora é feita por Michel de Oliveira Mello, Head de Logística e Gestão de Vendas da Atlas Schindler e cliente da iTrack Brasil.
Voltara ao “normal” – Fazendo uma análise do papel do monitoramento nesta volta ao “normal”, Fabio Acorci, diretor Comercial Corporate da Ituran, lembra que as empresas ainda estão entendendo a importância da telemetria no dia a dia das frotas. “Algumas já entenderam a necessidade deste sistema de monitoramento para a segurança dos seus funcionários e também como mecanismo para prevenção de acidentes ou de mau uso dos veículos, bem como para o correto dimensionamento da sua frota. A instalação de um sistema de telemetria nos veículos começa a ser vista como ferramenta para redução de custos da empresa.”
A expectativa, para Abbud, do Grupo Tracker, é que o monitoramento continue em alta. Rastreamento e monitoramento são atividades essenciais para empresas que utilizam o transporte rodoviário evitarem prejuízos e otimizarem suas estratégias ao máximo, e isso não mudará nessa retomada, acredita o diretor comercial.
Neste quesito, Mello, da Atlas Schindler, tem visão semelhante à de Drapac, da iTrack Brasil. “Eu considero que não haverá o ‘normal’, e sim o ‘novo normal”, pois as lições deixadas pela pandemia irão se perpetuar no tempo. Com a pandemia, a logística ganhou notoriedade, reforçando a sua atuação estratégica no negócio, sendo fundamental para a continuidade do negócio. Com isso, ações e iniciativas que estavam retidas nas ‘ideias’ foram implementadas durante a pandemia e continuarão, mas agora não somente com o enfoque da garantia de continuidade operacional, mas como agregador de valor, uma vez que o monitoramento propicia maior visibilidade, transparência e eficiência operacional.”
Tendências – O futuro da telemetria, do monitoramento, está voltado para a segurança, gestão de custos, mas principalmente mobilidade e automação dos processos.
Ainda segundo Acorci, da Ituran, a novidade transita pelo uso de sofisticados algoritmos de grande complexidade, responsáveis pelas análises comportamentais, na avaliação da redução de poluentes (controle de CO2) e do consumo, impactando a segurança, o que valoriza o desempenho dos motoristas.
Drapac, da iTrack Brasil, diz que a gestão de indicadores em tempo real através da utilização do Power BI tem sido um excelente diferencial, inclusive aliado à implementação de uma Torre de Controle & Gestão 4.0.
Além disso, diz que a visão de mercado que Mello, da Atlas Schindler, dividiu com ele e que ampliou ainda mais a discussão foi: “O monitoramento exerce atividade essencial na continuidade do negócio, permitindo ações preditivas frente aos possíveis desvios no fluxo logístico, possibilitando reagir diante de variáveis não controladas que nos desafiam no dia a dia. Os dados obtidos com o monitoramento são matérias primas para o aprimoramento, como, por exemplo, o monitoramento do dióxido de carbono gerado na cadeia logística, estudo de carga e capacidade no dimensionamento de recursos, roteirização e outros.”
Com o advento da digitalização – diz Drapc, da iTrack – foi possível presenciar a capacidade de escalar o monitoramento em diversos níveis da operação, tornando-se acessível e não se limitando a um determinado segmento do mercado ou produto. “Um ponto que eu destaco é que hoje a ferramentas de monitoramento adotam um modelo ‘plug in play’, ou seja, você consegue operar sem haver integração direta com os ERPs, facilitando a implementação ou, até mesmo, seguindo para um modelo integrado”, completa o CEO da iTrack Brasil.
Abbud, do Grupo Tracker, completa dizendo que as tendências apontam para soluções que proporcionem cada vez mais controle e gerenciamento em tempo real sobre todos os aspectos de uma operação envolvendo transporte e logística. Também haverá mais investimentos em sensores, atuadores e sistemas integrados que tragam mais informações e facilitem a tomada de decisões estratégicas por parte das empresas.
Problemas – Continuando, Abbud diz que, aqui no monitoramento, os problemas enfrentados são, basicamente, os mesmos que atuam sobre o setor de rastreamento. O elevado custo de componentes por conta da alta do dólar é o maior ofensor do setor. A busca por novos fornecedores e por desenvolvimento local de componentes tecnológicos são alternativas frente a essa dificuldade.
“Em função da limitação em tempos de pandemia, ou seja, sair de casa em caráter extremamente emergencial, e ao mesmo tempo com o aumento das compras, agilidade já não é mais fator de diferenciação, virou obrigação. Além disso, com um cliente muito mais ansioso, com altíssima expectativa e averso a falhas, o monitoramento em tempo real, e de forma proativa, tornou-se uma vital ferramenta de gestão de satisfação. O presente já nos mostra que: Previsão acurada de entrega é fator obrigatório e que a mínima possibilidade de atraso deve ser imediatamente comunicada, o consumidor precisa ser envolvido no instante da ocorrência ou certamente seu NPS será fortemente impactado”, completa o CEO da iTrack Brasil.