Polo aeronáutico de Aparecida irá impulsionar transporte de cargas fracionadas na região Centro-Oeste

31/03/2021

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Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), as rodovias respondem por mais de 63% do transporte de cargas no Brasil. No entanto, apesar de o país possuir mais de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, são 1,3 milhão não-pavimentados, 157 mil planejados e somente 213 pavimentados, o que aponta para sua sobrecarga e necessidade de melhorias.

Além de retratar o quão desfavorecido é o modal rodoviário, os números demonstram a necessidade de se investir em alternativas para o transporte de cargas no Brasil. É o que acredita o gerente de produto do Antares, Eumar Lopes. “Essa baixa qualidade da malha viária não favorece a necessidade logística de um país com dimensão continental. Isso também destaca a necessidade de uma rede aeroportuária maior e infraestrutura para atender a recente e crescente demanda do transporte de cargas fracionadas ”, defende.

Para atender a essa demanda e ampliar toda a infraestrutura aeroportuária do Centro-Oeste, foi lançado o primeiro pólo aeroportuário do Centro-Oeste, o Antares Polo Aeronáutico, que será construído em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana de Goiânia. O polo abrangerá uma área de 209 hectares, ou 2,096 milhões de m² e terá pista para pouso e decolagem de 1,8 mil metros, terminal de embarque e desembarque, central de abastecimento, pista de acesso aos hangares (taxiway), Fixed Base Operator (FBO) completo para assistência aos proprietários de aeronaves, estacionamento para visitantes e área destinada para helicentro e demais atividades ligadas à aviação.

Carga fracionada

Nesse contexto está o transporte de cargas fracionadas, que consiste justamente em realizar pequenas e médias entregas, por meio do agrupamento de diversos tipos de mercadorias, geralmente de diferentes remetentes e para diferentes destinatários, em um único meio de transporte. É uma alternativa para as empresas que não possuem quantidades suficientes de itens para ocupar a capacidade total de um veículo, por exemplo.

Osvaldo Zilli, que é empresário do setor de logística, acredita que o e-commerce é um dos fatores que tem favorecido o cenário de cargas fracionadas no país. “Tanto o mercado de fracionadas, quanto o e-commerce estão em expansão. Muitas compras são feitas via internet e alguém tem que transportar e fazer a entrega. Acredito que esta demanda vai aumentar”, declara.

Ele, que é proprietário da Transzilli Expresso e Logística – empresa com 30 anos de experiência no transporte de cargas – ainda destaca o fato de grande parte das empresas do Brasil serem de pequeno porte e, muitas vezes, apresentarem limitações de armazenamento e de caixa. “Se o cliente não tem condições de armazenar ou até mesmo possui dificuldades em comprar uma carga fechada de R$ 200 mil, ele tem a opção de comprar uma de R$ 1 mil, dentro da sua condição”, exemplifica.

No modal aéreo, o serviço de transporte de cargas fracionadas é também uma opção para itens com alto valor agregado e/ou urgência na entrega, tais como medicamentos, insumos hospitalares, produtos perecíveis, equipamentos eletrônicos, joias, documentos importantes e peças de reposição para linhas de produção.

Entre as vantagens da modalidade de transporte aéreo fracionado, o piloto Eumar Lopes ressalta a agilidade que proporciona, o que o diferencia dos outros modais, como o rodoviário, ferroviário ou até marítimo. Além disso, tem um nível de segurança maior e a possibilidade de atender os pequenos centros, já que as empresas que operam esses voos compartilhados de passageiros e cargas fracionadas geralmente utilizam os aeroportos localizados nas grandes capitais ou em cidades de maior porte.

Solução em Goiás

Eumar também compartilha da opinião de que as cargas fracionadas são um nicho de mercado carente, mas em expansão. Então, em sua visão, a criação de um novo aeródromo, com toda infraestrutura necessária, próximo das capitais goiana e federal, servida por vários modais, como BR-153, Porto Seco de Anápolis, as ferrovias Norte-Sul e Centro-Atlântica, vai fomentar a atividade de transporte de cargas fracionadas na região Centro-Oeste e até em outras regiões.

“Vejo o Antares como aeródromo base de pequenas e médias aeronaves para, de lá, voarem para as cidades menores da região Centro-Oeste. Essas aeronaves poderão transportar passageiros e cargas fracionadas, nos moldes que as grandes hoje fazem”, detalha. O empreendimento, que será erguido na área ao lado do Câmpus Aparecida de Goiânia (CAP) da UFG (Universidade Federal de Goiás), é capitaneado pelo grupo empreendedor formado pelas empresas goianas Tropical Urbanismo e Incorporação, Innovar Urbanismo, RC Bastos Participações, CMC Industrial e Energia e BCI Empreendimentos e Participações.

Segundo o último Anuário de Transporte Aéreo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de 2018, a carga aérea aumentou em 60% na região Centro-Oeste, chegando a 1404 toneladas em 2018. Já o Anuário Estatístico Operacional da Infraero mostra Goiás como o 7º aeroporto com maior movimentação de cargas – quase 15 mil toneladas. Para o empresário e diretor comercial do Antares, Rodrigo Neiva, os números apontam para o desenvolvimento do Estado, que tem uma forte vocação logística por sua posição geográfica.

“O Antares chega para dar vazão a essa necessidade crescente de deslocamentos rápidos na aviação executiva e para dar suporte aeronáutico aos voos domésticos e transporte de cargas. Será um facilitador para as cargas fracionadas, já que será possível, por exemplo, ter um centro de distribuição dentro do aeroporto. Entraremos com a infraestrutura pronta, pista e sítio aeroportuário, para que seja possível montar um hangar, um galpão e trabalhar essa logística”, relata Rodrigo Neiva.

O empresário Osvaldo Zilli acredita, inclusive, que esta infraestrutura, associada à demanda de produtos, pode incentivar transportadoras a investirem em aviões. Isso com o objetivo de ampliar a oferta dos seus serviços também para o modal aéreo.

Mais informações https://antaresaeroporto.com.br/

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