Pneus para veículos industriais e caminhões: como escolher? Como conservar?

29/01/2018

Os pontos colocados aqui ajudam os profissionais do segmento a comprar e conservar os pneus, já que o consumo dos mesmos é um fator diretamente ligado ao custo logístico.

Esta matéria especial de Logweb Digital tem dois focos distintos: os pneus para veículos industriais e os para caminhões. Afinal, o pneu, além de ser um artigo de alto custo na logística, requer muita atenção e cuidados com relação à manutenção e troca. E qualquer descuido pode interferir no desempenho da frota, seja ela de empilhadeiras, por exemplo, seja de caminhões.

Veículos industriais
Por exemplo, o que considerar na hora de escolher um pneu para veículos industriais, principalmente empilhadeiras?
Alvaro Ferreira, do departamento comercial, e Renata Medeiros, marketing e contact center, ambos da Comercial Rodrigues (Fone: 21 3363.4934), avisam “que a escolha deve ser feita com a aplicação de pneus de baixo custo, de qualidade, que tenha uma produtividade adequada, proporcionando o menor tempo de parada do equipamento, gerando assim menor custo por hora de produção”.
Já Stéfano Mercúrio, gestor de produtos da Linha Pesada da Dpaschoal (Fone: 0800 770.5053), alerta que para o mercado de empilhadeiras, a principal análise que deve ser feita é a operação à qual o equipamento está alocado, ou seja, a quantidade/intensidade de horas trabalhadas pelo equipamento. Este fator é chamado de “ciclo de trabalho”.
“Por exemplo: Tem Operador Logístico que trabalha três turnos com o mesmo equipamento. Além disso, seu pátio exige manobras constantes. O pneu utilizado por ele será diferente de uma transportadora que utiliza uma empilhadeira em casos esporádicos. Sempre é preciso procurar parcerias com empresas especialistas!”
Alexandre Lima, gerente Brasil para o Segmento de Pneus para Infraestrutura, Portos e Indústria da Michelin (Fone: 0800 970.9400), também coloca que é importante considerar principalmente sua performance no tempo, ou seja, a durabilidade do produto. Além de estar atento a fatores que envolvam a segurança do operador, do equipamento e da operação, como estabilidade, dirigibilidade, poder de transmissão da tração, frenagem, entre outros fatores.
Claudia Pugina, diretora de Marketing Truck, e Alexandre Stucchi, diretor de Marketing e Vendas Agro/OTR e Pneus Industriais, ambos da TP Industrial do Brasil (Fone: 0800 728.7638), lembram que se deve levar em conta uma série de fatores, como tipo de serviço e velocidade máxima de uso. Além disso, se deve respeitar as especificações indicadas pelo fabricante do equipamento.
“Para escolher o pneu correto para um veículo industrial é importante considerar os seguintes fatores: tipo de piso, velocidade, distância percorrida, horas de trabalho, temperatura do ambiente, peso – máquina + carga e acessórios instalados no equipamento”, completa Alessandro Sacco, gerente comercial da Trelleborg Wheel Sytems (Fone: 11 2802.9255).

Escolha errada – Sobre as consequências da escolha errada do pneu para veículos industriais, Ferreira e Renata, da Comercial Rodrigues sinalizam: aumento significativo das despesas de manutenção, gerando um maior número de horas paradas e mais indisponibilidade de equipamentos.
“Nos veículos industriais, o controle é feito por horas trabalhadas. Se a escolha não for assertiva, este pneu terá uma performance ruim, levando à manutenção precoce do equipamento. Este fator, além de aumentar o custo com o pneu (mais trocas), aumenta o custo da operação desta empresa (CPH – custo por hora trabalhada), uma vez que seu equipamento ficará mais tempo parado, aumentando o custo com montagens/desmontagens. Se a finalidade desta empresa for a locação de equipamentos, soma-se a isso o fator de não estar faturando!”, complementa Mercúrio, da Dpaschoal.
Lima, da Michelin, também alerta que a escolha equivocada trará com certeza prejuízos à operação, uma vez que o valor que se paga pelo produto deve ser convertido em durabilidade e performance. “Muitos clientes se preocupam com o valor do produto no momento da compra, e um pneu mais barato nem sempre será o de melhor custo/benefício. Deve-se levar em consideração a seguinte conta: valor pago dividido pela quantidade de horas ou quilômetros rodados. O cliente precisa ter em mente que o pneu deve contribuir para a redução do custo da operação.”
Claudia e Stucchi, da TP Industrial do Brasil, alertam que a utilização de produtos errados pode comprometer a durabilidade dos pneus e até mesmo do equipamento. “A escolha errada de um pneu pode gerar vários danos, como acidentes de trabalho, elevar o custo da operação, perda da produtividade operacional, redução na vida útil de pneus e aumento na manutenção do equipamento”, completa Sacco, da Trelleborg.

Conservação – Também é interessante se atentar para algumas dicas sobre como conservar os pneus dos veículos industriais. “Deve-se respeitar as pressões recomendadas para pneumáticos, e para os maciços, respeitar o ciclo de hora de trabalho”, dizem os representantes da Comercial Rodrigues.
Por sua vez, Mercúrio, da Dpaschoal, faz uma lista de itens que podem promover uma conservação dos pneus dos veículos industriais: comprar o pneu certo de acordo com o ciclo de trabalho; capacitar o operador do equipamento, evitando avarias; manter manutenções preventivas nos pneus e no equipamento, como, por exemplo, a calibragem periódica; trocar o pneu no momento certo, pois evita o stress e desgaste prematuro da transmissão; sempre que trocar a operação do equipamento, verificar o pneu que está montado; e sempre contar com mão de obra especializada na montagem/desmontagem, evitando avarias aos talões.
“Fatores relevantes para a boa performance dos pneus são, primordialmente, manter os pneus sempre calibrados com a pressão recomendada pelo fabricante dos mesmos e verificar constantemente possíveis problemas mecânicos, como folgas em pontas de eixos, rolamentos desgastados, terminais de direção com folgas, etc.”, comenta Lima, da Michelin.
Claudia e Stucchi, da TP Industrial, acrescentam outros itens a esta lista de itens para conservação dos pneus dos veículos industriais: buscar orientação técnica para a escolha do pneu mais adequado para o tipo de serviço e velocidade máxima de uso; verificar o estado geral dos pneus periodicamente e/ou após impactos ou desgaste irregular; calibrar os pneus semanalmente, de acordo com a pressão de ar recomendada no manual do fabricante. É importante que isso seja feito quando estão frios; não ultrapassar os limites de carga do pneu e distribuir a carga corretamente; armazenar os pneus segundo as orientações do fabricante, em pilhas, em local fresco, secos e protegidos do sol; evitar o contato com substâncias que degradam os compostos de borracha, tais como combustíveis, lubrificantes e graxas; a montagem e desmontagem dos pneus devem ser realizadas com ferramentas e lubrificantes adequados e pessoal habilitado para evitar danos aos talões; montar os pneus em aros (rodas) bem conservados e com dimensões adequadas.
“Se você tem no seu veículo industrial ou empilhadeira um pneumático instalado é importantíssimo verificar periodicamente a calibragem e manter a pressão recomendada pelo fabricante. Além de fazer verificações visuais para conferir se não há nenhum dano lateral na roda e pneus, ocasionado por eventuais impactos; verificar o desgaste do pneu para fazer a troca no momento correto evitando, assim, acidentes”, ensina Sacco, da Trellegorg.
E o gerente comercial continua: “Se você tem um pneu superelástico e ou press on solid no seu veículo industrial ou empilhadeira, recomendamos somente a verificação visual para detectar possíveis danos por impactos e para acompanhar o nível de desgaste do pneu para fazer a troca no momento correto”.

Caminhões
Os participantes desta matéria especial também fazem as mesmas observações para os pneus usados em caminhões.
Primeiramente, falam sobre o que considerar na hora de escolher. “Considerar o uso do pneu com a carcaça de maior durabilidade na primeira vida do pneu e que absorva o maior número de reformas”, expõem Ferreira e Renata, da Comercial Rodrigues.
Mercúrio, da Dpaschoal, salienta que, no Brasil, um caminhoneiro ou uma grande empresa de transporte (carga/passageiro) pode encontrar diversas situações nas estradas, como diferentes distâncias do percurso, agressividade do percurso, excesso de frenagens e acelerações, velocidade média variável. Por isso deve-se levar em consideração o segmento de atuação, onde é indispensável a consultoria técnica de um especialista, pois existe um pneu especifico para cada situação!
E o gestor de produtos da Linha Pesada da Dpaschoal cita os principais segmentos: Rodoviário – longa distância predominantemente reta – velocidade média alta – baixo nível de agressividade e manobras; Regional – é a situação mais representativa no Brasil – longa distância com maior incidência de aclives e declives – curvas sinuosas – velocidade variável; Regional Severo – média distância com maior incidência de aclives e declives – curvas sinuosas – velocidade média baixa – maior exigência a manobras; Urbano – curta distância – velocidade média baixa – excesso de manobras, frenagens e acelerações; Misto – percurso misto de terra e asfalto – velocidade média baixa – alto nível de agressividade; OTR – Off The Road – Percurso predominantemente de terra/pedra – velocidade baixa – altíssimo nível de agressividade.
Lima, da Michelin, também faz uma lista, dizendo que a seleção de um pneu é basicamente orientada por quatro informações básicas: Qual a utilização, ou seja, qual a segmento ao qual o pneu será exposto (trajetos urbanos, rodoviários, regionais, fora de estrada); Qual o tipo de piso e o nível de agressividade do mesmo, ou seja, asfalto, terra…; Qual a posição de montagem, ou seja, eixo direcional, trativo ou eixo livre; Respeito às limitações de carga e velocidade indicadas na lateral do pneu.
“O principal é respeitar as medidas indicadas pelo fabricante do caminhão. Além disso, deve-se levar em conta o tipo de carga, superfície (asfalto, terra, misto e condições das estradas) e percurso do veículo”, dizem Claudia e Stucchi, da TP industrial.
E Sacco, da Trelleborg, conclui as informações sobre o considerar na hora de escolher um pneu. “É importante lembrar que fornecemos somente pneus para equipamentos fora de estrada. Para um caminhão que trabalha em operações especiais e/ou internamente e requer pneus fora de estrada consideramos: Medida do pneu original – para manter as características básicas; tipo de piso; velocidade; distância percorrida; horas de trabalho; temperatura do ambiente; peso – máquina + carga.”

Escolha errada – Também no caso dos caminhões, são apontadas as consequências da escolha errada do pneu. Ferreira e Renata, da Comercial Rodrigues, repetem as mesmas dos pneus para veículos industriais: aumento significativo das despesas de manutenção, gerando um maior número de horas paradas e mais indisponibilidade de equipamentos. “O uso de produtos incorretos pode comprometer a durabilidade do pneu, aumentar o consumo de combustível, prejudicar a performance do caminhão e a segurança de seus ocupantes”, acrescentam Claudia e Stucchi, da TP Industrial.
Mercúrio, da Dpaschoal, destaca que, para os veículos de carga, que são controlados por quilometragem, os principais efeitos negativos são: baixa performance em banda original e nas demais vidas (recapagens), podendo levar este pneu ao sucateamento precoce. Consequentemente, o aumento do custo por quilometro (CPK), efeito este terrível ao transportador. Vale lembrar – continua o gestor de produtos da Dpaschoal – que, na maioria das empresas, o pneu é o segundo maior custo, perdendo apenas para o combustível!
E como já foi visto, os pneus para caminhões são desenvolvidos em função do tipo de trajeto, piso e topografia, portanto, é fundamental a escolha do produto adequado para que se obtenha o máximo de rendimento dos pneus. Como exemplo – cita Lima, da Michelin –, um pneu desenvolvido para uso regional sobre piso pavimentado obviamente não terá seu aproveitamento máximo se usado em uso misto ou apenas em estradas não pavimentadas. A recíproca é verdadeira para os pneus desenvolvidos para uso misto, em uso em vias pavimentadas.

Conservação – Aqui também cabem algumas dicas para a conservação dos pneus para caminhões.
Por exemplo, Mercúrio, da Dpaschoal, faz uma lista: Comprar o pneu certo de acordo com o segmento de trabalho; capacitar o motorista do veículo, evitando avarias; manter manutenções preventivas nos pneus, como, por exemplo, calibragem (a cada 15 dias), alinhamento periódico e o balanceamento; manter manutenções preventivas nos veículos, como, por exemplo, suspensão, direção e sistema de freio; retirar o pneu no momento certo, de acordo com o indicador de desgaste dos pneus (TWI = 1,6 mm), pois preserva a carcaça aumentando o número de recapagens; e sempre contar com mão de obra especializada na montagem/desmontagem, evitando avarias aos talões.
“Existem diversas formas de prolongar a vida útil dos pneus, garantindo o melhor aproveitamento até o final da sua vida e reduzindo o impacto no meio ambiente com menor descarte de pneus e redução do consumo de combustível”, diz o gerente Brasil da Michelin.
As orientações da empresa para garantir o melhor aproveitamento do pneu até o final da vida são:
1. Manutenção e calibragem
É importante verificar regularmente o estado dos pneus (desgastes irregulares, agressões e/ou danos na banda de rodagem e nos flancos, objetos retidos na banda de rodagem ou entre geminados, etc.) e, principalmente, a calibragem dos pneus.
A correta calibragem é um elemento essencial para o bom funcionamento dos pneus. Uma calibragem correta garante: Maior segurança durante o transporte, aumentando a estabilidade do veículo e proporcionando uma boa aderência do pneu ao solo; maior vida útil dos pneus, aumentando o rendimento quilométrico na 1ª vida pela redução do desgaste irregular da banda de rodagem e aumentando a vida total da carcaça, mantendo, durante a rodagem, a flexão da carcaça a mais próxima possível do que foi projetada, diminuindo o desgaste prematuro dos cabos de aço; menor consumo de combustível através da redução da resistência à rodagem.
2. Manutenção da geometria do veículo
A Michelin recomenda a revisão periódica da manutenção dos veículos, garantindo uma manutenção correta da geometria do veículo, através do alinhamento e balanceamento e da regulagem dos freios.
Um alinhamento e balanceamento corretos garantem mais segurança durante o transporte em função da maior estabilidade do veículo, maior vida útil dos pneus e redução do consumo de combustível.
Uma regulagem dos freios correta permite aumentar a vida útil total dos pneus, minimizando as agressões térmicas nos talões.
Para prolongar a vida útil dos pneus, a Michelin recomenda também a realização de rodízio dos pneus a cada 1/4 (25%) de sua vida.
Claudia e Stucchi, da TP Industrial, também fazem uma lista: Buscar orientação técnica para a escolha do pneu mais adequado para o tipo de carga, superfície (asfalto, terra, misto e condições das estradas) e percurso do veículo; verificar o estado geral dos pneus periodicamente e/ou após impactos ou desgaste irregular; calibrar os pneus e o estepe semanalmente, de acordo com a pressão de ar recomendada no manual do fabricante. É importante que isso seja feito quando estão frios; manter as válvulas (bicos de calibragem dos pneus) sempre com as tampinhas; não ultrapassar os limites de carga do pneu e distribuir a carga corretamente; armazenar os pneus segundo as orientações do fabricante, em pilhas em local fresco, secos e protegidos do sol; evitar o contato com substâncias que degradam os compostos de borracha, tais como combustíveis, lubrificantes e graxas; evitar frenagens e arrancadas bruscas, buracos, obstáculos e atritos com o meio-fio, porque afetam diretamente a vida útil dos pneus; fazer rodízio dos pneus a cada 10 mil quilômetros; realizar o alinhamento e balanceamento do veículo também a cada 10 mil quilômetros ou nas trocas dos pneus, ou quando o veículo puxar de lado, ou quando forem trocados componentes de suspensão ou direção; a montagem e desmontagem dos pneus deve ser realizada com ferramentas e lubrificantes adequados e pessoal habilitado para evitar danos aos talões; montar os pneus em aros (rodas) bem conservados e com dimensões adequadas; manter o sistema de freio regulado e evitar o seu uso indevido e excessivo, que pode causar superaquecimento do talão e consequentemente a redução de sua vida útil; obedecer aos limites de velocidade.

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