Um ano após as enchentes no Rio Grande do Sul (RS), os prejuízos ainda afetam grande parte das empresas de transporte de cargas e passageiros no estado. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), 38,2% das transportadoras que atuam nas áreas impactadas relataram perdas superiores a R$ 1 milhão.
O dado faz parte da 2ª rodada da Pesquisa CNT de Impacto no Transporte – Enchentes no RS, realizada entre os dias 24 de abril e 4 de maio de 2025, com 193 empresas do setor.
Outras 42,7% das empresas estimaram prejuízos entre R$ 101 mil e R$ 1 milhão. Apenas 24,1% afirmaram não ter sofrido perdas diretas, apesar de estarem operando nas regiões afetadas.
Além disso, 16,5% das transportadoras disseram que ainda não retomaram a normalidade, e 27,1% relatam impactos significativos mesmo após um ano do evento climático.

Infraestrutura de transporte ainda em recuperação
A pesquisa também revela uma recuperação lenta da infraestrutura de transporte no estado. Apenas 7,5% dos empresários ouvidos acreditam que a infraestrutura foi totalmente restabelecida.
Há ainda bloqueios em rodovias, pontes danificadas e obras em andamento. O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, permanece sem operar com sua capacidade total. Para 16,5% dos entrevistados, a recuperação completa pode levar mais de cinco anos.
Segundo o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, “a recuperação plena depende diretamente do restabelecimento da infraestrutura logística”.
Adaptações e dificuldades financeiras no setor de transporte
Diante das dificuldades, 55,6% das empresas precisaram alterar suas rotas ou estratégias logísticas de forma temporária. Além disso, 32,3% recorreram a financiamentos para manter suas operações.
Contudo, apenas 25,6% conseguiram acessar alguma linha de crédito especial. Entre as empresas que acionaram o seguro, 42,1% receberam indenizações.
Para a maioria, os desafios financeiros e operacionais continuam. Além disso, 52,6% das transportadoras disseram que a percepção sobre o risco de novos eventos climáticos aumentou. Em resposta, 32,3% adotaram medidas de prevenção, como planos de contingência, treinamento de equipes e investimentos em infraestrutura preventiva.
Todos os modais de transporte foram atingidos
As enchentes afetaram os modais rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo. Os danos incluíram quedas de pontes, alagamentos em vias urbanas, portos afetados e o fechamento do principal terminal aéreo do estado.
Apesar da gravidade dos impactos, nenhuma empresa entrevistada encerrou suas operações de forma definitiva.
O presidente da Volvo Trucks North America, Peter Voorhoeve, destacou: “Enquanto enfrentamos incertezas regulatórias, continuamos a ver as frotas adotando soluções novas, mais limpas, mais seguras e mais eficientes”.
A pesquisa da CNT reforça que a restauração da infraestrutura logística é essencial para a retomada sustentável das operações no estado. O cenário ainda exige atenção do poder público e planejamento das empresas diante do risco crescente de eventos climáticos extremos.