A paralisação dos caminhoneiros e os impactos na intralogística

01/08/2018

Tenho aprendido que: processos, pessoas, tecnologia e colaboração são essenciais para tornar a intralogística um diferencial competitivo nas organizações.

Hélio Meirim
CEO da HRM Logística Consultoria & Treinamento, tendo atuado, por mais de 20 anos, no Brasil e no exterior, em cargos executivos de empresas nacionais e multinacionais nos segmentos de Operadores Logísticos, transportadores, varejo, e-commerce, indústria farmacêutica, alimentícia, siderúrgica, química e agro business. É fundador do Clube da Supply Chain, professor, escritor e palestrante, e coordena a comissão de logística do Conselho Regional de Administração – RJ.

A paralisação dos caminhoneiros gerou impactos ao longo de toda a cadeia logística.
E um dos mais sentidos foi o desabastecimento de produtos em diversos pontos do Brasil. Mas, tivemos também muitos efeitos nos processos internos envolvendo fornecedores, indústria, distribuidores e varejistas.
Estes impactos, mesmo que não tenham sido pauta dos grandes veículos de comunicação, nos possibilitaram refletir sobre a importância da intralogística.

Mas, o que é intralogística?
Intralogística contempla os processos logísticos internos, isto é, aqueles que ocorrem dentro dos muros da empresa.
No quadro a baixo, podemos ver os processos que fazem parte da intralogística.
Por exemplo, durante a paralisação dos caminhoneiros, quando o fornecedor não conseguiu enviar (expedir) os insumos/produtos acabados para o elo seguinte da cadeia logística (indústria, varejo, distribuidores…) houve um represamento destes itens em suas instalações, sobrecarregando, assim, a atividade de armazenagem.
Este e outros desafios nos processos logísticos internos puderam ser observados na indústria, no varejo e nos distribuidores. Em muitos casos, houve a necessidade de interrupção das atividades da empresa. Esta interrupção se deu pela falta de um insumo ou embalagem e, também, pela indisponibilidade de veículos para realizar o escoamento de insumos/produtos, pois houve um acúmulo (não previsto) de materiais e não havia espaço suficiente para suportar estes volumes adicionais.
Durante a paralisação, os profissionais de logística tiveram o desafio de gerenciar os processos logísticos internos que assegurassem as melhores condições de armazenagem, com uma atenção especial à gestão de estoques, haja vista que, em alguns locais, estávamos com áreas de armazenagem cheias, o que aumentou consideravelmente estes desafios.
Quando a paralisação se encerrou, os gestores logísticos tiveram outro desafio, que consistiu na busca por acelerar os processos de escoamento (expedição) dos produtos/insumos, bem como, na outra ponta, fez-se necessário agilizar ao máximo os processos de recebimento destes itens.
Quanto aos processos de expedição, fez-se necessário implementar estratégias que possibilitaram otimizar e agilizar as atividades de separação (picking), conferência, embalagem (packing) e expedição, procurando, assim, em um curto período de tempo, escoar (expedir) o maior volume de carga possível, atentando é claro para as questões de qualidade, segurança e custos.

figura1

Quanto aos processos de recebimento, como havia a necessidade de reabastecimento de gôndolas e das linhas de produção que estavam paradas, fez-se necessário pensar em formas que assegurassem a maior agilidade possível nos processos relacionados à conferência do material recebido, entrada no estoque e disponibilização deste material (para clientes ou para linhas de produção).
Como podemos perceber, tanto nos processos de escoamento quanto nos de recebimento, as atividades de intralogística foram determinantes para superação deste momento desafiador que vivenciamos.
Por isso, entendo que nós, profissionais de logística, precisamos estar cada vez mais atentos aos projetos que nos possibilitem a otimização da intralogística de nossas empresas, pois a ineficiência interna compromete todo o processo logístico.

Otimização
Nos últimos anos, temos desenvolvido projetos de otimização dos processos relacionados à intralogística, e gostaria de compartilhar com vocês algumas ações que têm norteado nossos projetos.
• Mapeamento e análise dos processos logísticos internos, identificando recursos ociosos e eventuais gargalos relacionados ao ciclo do pedido (desde a entrada do pedido até a entrega ao cliente);
• Redesenho de processos que visem um fluxo mais enxuto (fluxo de produtos, informações e pessoas), sempre levando em consideração que devemos manter somente as atividades que agregam valor ao negócio;
• Transparência, visão integrada e capacitação das equipes que estarão realizando as atividades de intralogística. É preciso saber o motivo pelo qual você está realizando determinada atividade, qual o impacto na atividade subsequente e a importância dela para o cliente e para o negócio;
• Avaliação das possibilidades de otimização dos recursos (equipe e equipamentos), pois isso assegurará o aumento da flexibilidade e produtividade e, consequentemente, a possibilidade de redução de custos;
• Avaliação das possibilidades de automação dos processos logísticos internos. Sempre tendo como foco maior flexibilidade e agilidade, pois isto pode se traduzir em menor prazo de entrega, menor quantidade de erros na expedição e menores custos operacionais.
Vale ainda destacar que, mesmo em se tratando de processos internos, o entendimento das necessidades e expectativas dos fornecedores e clientes passa a ser fundamental para a melhoria da intralogística, sendo a colaboração uma palavra chave.
Tenho aprendido que: processos, pessoas, tecnologia e colaboração são essenciais para tornar a intralogística um diferencial competitivo nas organizações.

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