Medição do IER – Índice de Eficiência no Recebimento na entrega de mercadorias

13/03/2020

Raquel Serini – Economista do IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga)

 

 

O papel do recebimento é garantir, com rapidez, segurança e integridade, a entrada de produtos no estoque, seja no Centro de Distribuição (centralizado) ou diretamente nas lojas. Na prática, isso muitas vezes não acontece, não porque faltam recursos ou sistemas, mas sim pelas inúmeras variáveis que são necessárias ao gerenciar esse processo, como, por exemplo: agendamento das entregas, janelas de horário, separação por item, exclusividade de veículo por tipo de produto, paletização ou não da mercadoria, entre outros aspectos.

Com o objetivo de identificar e mensurar a eficiência dos estabelecimentos em receber mercadorias, o IPTC, em parceria com o SETCESP, realiza anualmente a Pesquisa IER – Índice de Eficiência no Recebimento. A avaliação desses pontos comerciais considera as condições de infraestrutura do local, procedimentos operacionais e, principalmente, o tempo médio de descarga (TMD), contabilizado do momento da entrada da Nota Fiscal até a saída do veículo de carga com o canhoto e comprovante de entrega.

No ano de 2019, foram coletados os dados de 299 estabelecimentos, compreendendo os setores atacadistas, Centros de Distribuição, home centers, magazines e supermercados, entre os meses de março e julho. Em cada um dos locais, 22 itens relacionados à infraestrutura e a processos realizados na operação foram avaliados.

Infraestrutura e procedimento – Esses dois itens citados acima representam 40% e 60%, respectivamente, da composição do índice, e levam em conta a preocupação dos locais pesquisados com questões de segurança, saneamento básico para tripulação da transportadora e localização, além das condutas de recebimento.

Tudo isso abrange normas e planejamento que, aos interessados em executar boas práticas, geram resultados positivos, diferenciando-os dos concorrentes. Além do mais, toda e qualquer operação de carga e descarga envolve riscos, por isso, a preocupação com a movimentação de materiais e instalações adequadas para tal.

Neste sentido apuramos que, somente 5,35% dos estabelecimentos pesquisados possuem docas diferenciadas para pequenos lotes, o que atrasa muito o fluxo de distribuição; e 48,83% também não possuem plataformas elevadas para o recebimento, o que dificulta as operações. Por outro lado, as questões de saneamento e segurança vêm melhorando ao longo dos anos: mais de 70% dos locais pesquisados oferecem boas instalações aos motoristas e ajudantes.

Tempo de descarga – É muito evidente que os atrasos pesam no bolso do transportador, que não conseguem otimizar sua frota, entre o tempo de deslocamento mais o processo para carga e descarga. Só nos últimos 10 anos acompanhamos um movimento crescente do TMD, apresentando um pico de 4h27 em 2016.

A boa notícia é que o TMD de 2018 para 2019 caiu 32 minutos, passando de 03h22 para 02h50. Isto é resultado do trabalho de aproximação do SETCESP com as grandes redes pesquisadas, bem como de ações do Departamento de Abastecimento Urbano (DAU) da entidade, e já reflete uma redução de 22% em média, no custo do veículo parado nas operações de carga e descarga, possibilitando a transportadora melhorar seu deslocamento na cidade.

Janelas de horário – Sabemos do desafio enfrentado diariamente pelas transportadoras para atender as demandas, por isso, este projeto busca saber também quais os horários de maior concentração no recebimento de carga.

Os estabelecimentos, de um modo geral, se organizam para iniciar suas operações às 8h e finalizar às 16h, o que disponibiliza para as transportadoras um intervalo de 8 horas de trabalho. Em dia de rodízio, a janela de horário perde 3 horas de operações no período da manhã, ou seja, além do tempo de deslocamento a empresa tem disponível um intervalo pequeno para otimizar as entregas, e tudo isso interfere também na produtividade.

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