Representantes de três empresas, de diferentes setores de atividades e usuárias desta modalidade de serviço, falam dos benefícios e dos resultados alcançados, bem como do desempenho em função da logística in-house.
Delegar a terceiros a realização de tarefas próprias da logística é uma tendência – visando proporcinar às contratantes maior habilidade para atuar em seu core business.
Mas, em contrapartida, é uma ação que requer cuidados especiais, já que a falta de sintonia e de transparência entre contratante e contratado pode gerar sérios problemas.
Nesta matéria especial, ouvimos três empresas que terceirizaram suas operações, e agora mostram os resultados.
Grupo Pão de Açúcar: logística custa dinheiro
“Logística in-house era exclusiva das atividades industriais do setor automobilístico e totalmente focada em movimentação e armazenagem de matérias-primas, material em processo (abastecimento das linhas de produção) e expedição. Na década de 80 aumentou a importância da logística in-house, iniciando o conceito logístico da Movimentação & Armazenagem (fluidez contínua, baixo estoque, ressuprimento contínuo, etc.), atingindo a ‘maioridade’ técnica e organizacional nos anos 90, em função do reflexo da alta competitividade de mercado. Nesse momento, a logística in-house saiu das fábricas e se alastrou para as atividades da distribuição física, com o crescimento dos atacadistas, distribuidores, varejos e Operadores Logísticos. Sua importância ficou consolidada e irreversível.”
Após esta introdução sobre o desenvolvimento da logística in-house no Brasil, Carlos Eduardo Máximo Botana, gerente de logística do Grupo Pão de Açúcar (Fone: 11 3693. 9633) explica o que levou sua empresa a adotar este conceito.
“Devido à aquisição de algumas redes de varejo (Jumbo e Sé Supermercados), o Grupo Pão de Açúcar consolidou o seu processo de logística in-house, tendo em vista a necessidade de controlar as operações inbound e outbound, que exigiram alta performance e eficácia devido às mudanças fundamentais da Cadeia de Suprimentos e à exigência de alto índice de Tecnologia da Informação na gestão de estoques e de suprimentos e alto nível de serviços aos clientes.”
Com isto, a logística assumiu um papel fundamental para reduzir custos e aumentar a competitividade, diferenciando a empresa no mercado e agregando valor a seus produtos e serviços.
“O resultado alcançado foi o aprimoramento da gestão da cadeia de suprimentos, o que se reflete na obtenção de melhores resultados e eficiência operacional, reduzindo custos e aumentando a competitividade. O Grupo Pão de Açúcar possui uma estrutura física adequada com alto desenvolvimento tecnológico na sua operação, buscando integrar os processos internos. Além disto, sua localização geográfica favorece para um melhor nível de serviço.”
Sobre os benefícios alcançados em nível de serviço, Botana enumera:
- Redução dos custos logísticos através do aproveitamento dos efeitos de sinergia operacional interna;
- Aproveitamento do know-how logístico;
- Aumento na qualidade do serviço prestado aos clientes;
- Simplificação nos processos internos.
“Para o Grupo Pão de Açúcar, logística custa dinheiro. Erros no gerenciamento logístico custam clientes! Atualmente já temos na consciência de que a qualidade dos processos logísticos representa um considerável fator de sucesso para nossos negócios. Isto fica mais evidente quando se considera que o custo logístico em relação ao faturamento nas empresas de manufatura pode perfeitamente chegar a 10% ou mais. Além disso, processos logísticos eficientes oferecem uma oportunidade de criar vantagens em relação à concorrência, aumentando, assim, seu apelo comercial.”
Ainda fazendo uma avaliação do desempenho da empresa em função da logística in-house, o gerente de logística aponta que os potenciais de redução de custo e de aumento de qualidade nos serviços são aproveitados em sua totalidade sem a intenção de obter vantagens em curto prazo, mas, sim, a construção de uma política estratégica baseada na colaboração e no alinhamento entre todas as áreas corporativas.
Syngenta: terceirização na área de embalagens
No início de 2008, a Syngenta (Fone: 0800 704.4304) – que atua com proteção de cultivos, controle de pragas urbanas e de jardim e sementes – iniciou negociação para implementação de uma unidade de produção de embalagens in-house. O objetivo era garantir mais agilidade e excelência na fabricação das embalagens dos defensivos agrícolas. Hoje, o projeto ocupa uma área construída de 5.000 m² localizada na fábrica de Paulínia, SP.
“A empresa responsável pela logística in-house é a Unipac, uma divisão de negócios do Grupo Jacto que produz embalagens para defensivos agrícolas, abastece as linhas de produção e gerencia o fluxo logístico”, explica José Edson de Carvalho, gerente de operações da Syngenta.
Referindo-se aos resultados alcançados, ele aponta para uma parceria estratégica com projetos futuros que trarão benefícios para ambas as empresas. “A operação tem proporcionado comprometimento da Unipac e mais agilidade e personalização na produção das embalagens.”
Já quanto aos benefícios em nível de serviço, o gerente de operações avalia que os processos produtivos in-house garantem um nível de qualidade de embalagens, atendimento just in time e serviços acima do padrão do mercado.
“A implantação da unidade in-house proporcionou uma melhoria no atendimento às linhas de produção, evitando paradas da produção por falta de embalagens. Elas são produzidas de forma mais customizada, mais rápida e a um custo adequado. A exclusão da etapa de transporte das embalagens reduz a movimentação de caminhões e diminui, também, a emissão de CO2”, completa.
Volkswagen do Brasil: nova fábrica já previa a logística in-house
O conceito na construção da nova fábrica da Volkswagen do Brasil (Fone: 11 4347.2355) no Estado do Paraná (São José dos Pinhais) já contemplava a contratação de um prestador de serviços para as atividades relacionadas à logística (18/01/99), que tinham como objetivo a busca pela melhoria continua, otimização do fluxo de materiais e processos internos de logística.
“Hoje, a CSI Cargo atua em todo o fluxo logístico interno (recebimento, armazenagem e alimentação da linha) e no Parque Industrial de Curitiba”, conta Orlando Moral Junior, diretor de logística da Volkswagen.
Ainda segundo ele, os resultados alcançados envolveram produtividade na operação logística, flexibilidade, agilidade e otimização de processos com a aplicação de novos conceitos e integração operacional.
“Os principais benefícios alcançados são a padronização de processos logísticos, aplicação de novos conceitos tecnológicos, controle gerencial de resultados e redução de custos operacionais logísticos”, aponta Moral Junior.
Ainda de acordo com ele, esta operação proporciona aumento da produtividade nas áreas de manufatura, fluxo de material estável, aplicação de conceito “lean”, redução dos custos de produção, garantindo a qualidade e o controle da diversificação dos produtos.









