Importadores: Independentemente das variações do dólar, setor está otimista para 2021

02/02/2021

Afinal, como diz um de nossos entrevistados, o pior da pandemia já passou, o mundo inteiro aprendeu como operar a logística e a indústria com mais distanciamento. E a logística no Brasil deve crescer.

Fazendo uma análise do que foi o ano passado para as empresas que atuam com a importação de empilhadeiras, Rafael Kessler, diretor comercial da Combilift no Brasil, diz que a empresa entrou em 2020 comemorando 10 anos de Brasil e com sua rede de distribuidores estabelecida, atuando em praticamente todos os estados, com uma sólida base de clientes e estrutura de pós-vendas.
“Passamos a semana do Carnaval na Irlanda, para conhecer a fábrica, novos lançamentos e para a primeira visita de muitos de nossos distribuidores. Isto foi imediatamente antes do início da pandemia. Iniciamos bem o ano, com janeiro e fevereiro atípicos, aquecidos. Os primeiros efeitos da pandemia foram de cautela e retração”, lembra Kessler. A Combilift desenvolveu um produto novo, o Combi Ventilate, adaptou sua fábrica para ficar mais higiênica e segura e passou muito bem pela primeira onda. “Imediatamente após ocorreram dois fatos que anteciparam movimentos que já estávamos prevendo: Alguns setores dispararam seus volumes, como o e-commerce e o farmacêutico. O outro fato, que é ainda mais importante para a Combilift, reconhecida como uma provedora de soluções para a intralogística, foi a digitalização dos contatos, ou o uso de videoconferências. Desenvolvemos em todo o mundo uma sistemática de consultoria logística que identifica necessidades de espaço, segurança e produtividade realizando uma ‘visita virtual’ na planta do cliente. Reforçamos nossa equipe de engenharia na Irlanda e reduzimos o prazo de entrega de projetos de otimização para nossos clientes. Isto tem servido também para qualificar nossa rede, em muitas regiões as visitas presenciais já estão ocorrendo e com isto multiplicamos o conhecimento para os distribuidores Combilift.”
O diretor comercial da Combilift no Brasil também lembra que não chegaram a notar nenhum efeito, tanto na produção como importação de empilhadeiras e peças. “Com exceção do mês de março, quando a fábrica fechou para atender as normas do governo irlandês, estamos mantendo o nível de produção usual, e repetimos em 2020 os mesmos volumes de 2019.”
Quem também analisa o segmento de empilhadeiras importadas em 2020 é Marcelo Yamamoto, da SDO Comércio Importação e Locação de Equipamentos – SDO Equipamentos. Ele recorda que as expectativas estavam boas para o início de 2020. E que a pandemia atingiu fortemente as importações, com a forte alta do dólar e dos fretes internacionais – que, por outro lado, chegaram a ficar parados, principalmente no primeiro trimestre do ano.
Sidney Matos, da Upload Equipamentos Eireli, também recorda que, no início do 2020, estavam com plano de expansão pronto e acordado com o seu fabricante na China, a EP Equipamentos. “Como compra inicial já tínhamos colocado pedidos para 15 equipamentos e tornaríamos a repetir a cada trimestre, com previsão de crescimento ao longo do ano.”
Mas, vieram os efeitos da pandemia, com o próprio fabricante parando suas operações por duas semanas devido ao lockdown. “Mas essa parada voltou ao normal em 30 dias, porém internamente tivemos a superdesvalorização do Real frente ao Dólar”, prossegue Matos.
O profissional também aponta os problemas enfrentados com a importação de máquinas. “Tivemos um pequeno atraso no início do ano devido ao lockdown na China, mas as outras importações ocorreram de maneira suave. Porém, tivemos um aumento no preço do frete internacional, mas conseguimos, graças ao bom relacionamento com o fabricante, uma redução de preços, já que eles absorveram parte do custo.”

2021
Agora falando sobre as perspectivas para 2021, Kessler, da Combilift, se mostra otimista, crendo que o pior da pandemia já passou, o mundo inteiro aprendeu como operar a logística e a indústria com mais distanciamento. “Especificamente no Brasil, estamos crescendo na armazenagem de paletes, que volta a construir, e agora de forma mais inteligente, com mais altura e compactação; na construção modular industrializada e com soluções para o crescimento do volume de cabotagem, em que contêineres precisam ser manuseados, estufados e desovados no interior do país, por equipamentos mais econômicos e inteligentes.”
Com relação à questão do câmbio, o diretor comercial da Combilift no Brasil avalia que os insumos cresceram em todo mundo, tanto em reais como em dólares. “O que vende um produto não é seu preço, mas o valor que entrega ao cliente.”
Também otimista para 2021, embora apontando que o crescimento do setor vai depender do declínio da pandemia, Yamamoto, da SDO Equipamentos, espera que a retomada das atividades continue progredindo e a economia continue se recuperando. Sobre as oscilações do dólar, que interferem muito no setor de importação, ele diz que este é um tema muito difícil. “Não há como prever o que vai acontecer com o dólar. Qualquer opinião sobre o assunto é mera especulação. A moeda é muito sensível a qualquer coisa que aconteça, tanto no Brasil, como fora do país também.”
Matos, da Upload, não se mantém tão otimista assim quanto a 2021, acreditando que a pandemia estará totalmente sob controle apenas no segundo trimestre de 2021, e que os efeitos na economia serão devastadores. “O Risco Brasil tende a aumentar com as incertezas e falta de ações proativas. O auxilio emergencial pode ajudar, mas sem reformas significativas, reduzindo gastos, por exemplo, teremos tempos difíceis para importar equipamentos e componentes.”

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