Embora o setor já esteja acostumado a lidar com interrupções, os fornecedores enfrentam agora um cenário de imprevisibilidade ainda maior na cadeia de suprimentos, marcado por novas ameaças às margens de lucro e pelo risco de queda de receita, especialmente no período de preparação para as festas de fim de ano.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Coupa, plataforma de gestão de gastos com IA nativa, quase metade (42%) dos fornecedores norte-americanos acredita que as tarifas representam a maior ameaça aos negócios até o fim de 2025. Além disso, 69% preveem redução de receita em função dessas medidas. Em escala global, outros fatores também se destacam, como a redução de preços pela concorrência (24%) e a escassez de matérias-primas (14%).

Setores mais afetados pelas tarifas
Entre os segmentos mais impactados na temporada de Natal, destacam-se os de brinquedos e jogos (60%) e eletrônicos de consumo (50%), que veem nas tarifas a principal ameaça. Do lado dos compradores, 55% acreditam que as políticas comerciais recentes trarão impacto negativo nos resultados do próximo ano.
Diante desse cenário, quase metade dos fornecedores (49%) planeja aumentar os preços, enquanto 46% estão ampliando estoques como forma de mitigar os riscos. Nos setores mais pressionados, 70% dos fornecedores de brinquedos e jogos indicam que elevarão preços, e 30% dos de eletrônicos pretendem intensificar estratégias de onshoring.
Embora nenhum fornecedor planeje reajustes acima de 20%, a maioria (56%) espera aplicar aumentos entre 5% e 10%. Isso pode representar um acréscimo de cerca de USD 300 por mês no orçamento familiar, cenário que deve impulsionar cortes em gastos não essenciais.
IA e resiliência na cadeia de suprimentos
“Em meio à incerteza causada pelas novas tarifas em alta, as empresas que não se adaptarem rapidamente correm o risco de perder sua vantagem competitiva e sofrer impactos diretos em suas margens. Agora é o momento de adotar a IA e aproveitar a tecnologia e a modelagem de cenários para fortalecer a resiliência da cadeia de suprimentos e proteger a lucratividade”, afirmou Nari Viswanathan, diretor sênior de Estratégia da cadeia de suprimentos da Coupa.
Mudanças no sourcing e aumento do nearshoring
As pressões econômicas também vêm alterando estratégias de sourcing. O levantamento mostra que 75% dos compradores aumentaram ou planejam aumentar a transferência de operações para países próximos (nearshoring), enquanto 61% estão ampliando práticas de onshoring. Por outro lado, 56% ainda investem em offshoring, mas com tendência de redução do uso de fornecedores da China (36%), EUA (29%) e Alemanha (23%).
Segundo Prashanth Ravishankar, vice-presidente sênior da Coupa Advantage e Estratégia de fornecedores, “a diversificação torna-se uma estratégia crucial para as empresas à medida que cresce a incerteza global em torno do comércio”.
Entre os critérios mais valorizados pelos compradores estão qualidade e confiabilidade dos fornecedores (60%), estabilidade e competitividade de preços (57%) e conformidade regulatória (42%).
Consumidores atentos aos custos
Nos EUA, 84% dos consumidores afirmam que o preço é o fator mais relevante na decisão de compra, superando qualidade e variedade. Além disso, 36% demonstram preocupação com o aumento do custo de vida, e 24% com as políticas comerciais que podem elevar os preços. Como consequência, 54% dizem buscar ofertas em itens essenciais, 53% reduziram gastos com produtos não essenciais e 67% ajustaram seus orçamentos para encontrar melhores preços.
Entre os consumidores que cortaram despesas não essenciais, 68% reduziram idas a restaurantes, enquanto 52% optaram por trocar produtos de marca por versões genéricas.
Metodologia da pesquisa
O levantamento da Coupa foi baseado em três pesquisas distintas. A primeira, conduzida em março de 2025 pela Censuswide, entrevistou 400 executivos de compras e supply chain de grandes organizações no Reino Unido, EUA, França e Alemanha. A segunda, realizada em abril pela Sapio Research, ouviu 400 executivos responsáveis por decisões em sourcing e estoque em empresas de receita acima de USD 250 milhões. A terceira, aplicada em abril de 2025 pela Dynata, consultou 1.000 consumidores norte-americanos maiores de 18 anos.








