Hidrovias do Brasil inicia operação e P2 já faz nova captação

25/09/2013

Enquanto trabalha na captação de recursos para um segundo fundo de investimentos em infraestrutura, a P2 Brasil – joint venture formada entre a gestora Pátria Investimentos e o grupo Promon – vê sua primeira "startup" se tornar operacional.

Voltada a logística fluvial de cargas, a Hidrovias do Brasil começou a registrar receitas, além de receber financiamento para um contrato com a Vale e investir R$ 800 milhões para exportar commodities agrícolas oriundas do Centro Oeste pelo Norte do país.
A companhia registrou seus primeiros números de receita no segundo trimestre deste ano, e por isso deixa de ser considerada uma companhia pré-operacional pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A receita líquida somou R$ 711 mil de abril a junho. No mesmo período, o resultado líquido foi de R$ 5,9 milhões.
 
Bruno Serapião, diretor-presidente da Hidrovias do Brasil, diz que a companhia tem hoje um contrato em operação com o grupo Christophersen, pelo qual são transportadas 1,2 milhão de toneladas de celulose por ano pelo rio Uruguai.
 
Agora, o plano da Hidrovias para fechar mais contratos é investir em um corredor logístico que vai de Mato Grosso ao Pará. O plano é levar commodities de barcaças vindas do Centro Oeste e, depois, embarcá-las em navios exportadores. Isso ajudaria a inverter a lógica atual de transporte das commodities, que em geral descem até os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), sobrecarregando estradas, ferrovias e terminais do Sul e do Sudeste.
 
Os investimentos no Pará são destinados à construção de um terminal de uso privativo em Vila do Conde (PA), a uma estação de transbordo em Miritituba (PA) e à compra de embarcações. O projeto terá capacidade para 4,4 milhões de toneladas ao ano e tem previsão de operar em 2016. Os recursos próprios para o novo investimento já existem, segundo Serapião, faltando agora os cerca de 70% oriundos de financiamento.
 
Enquanto os novos recursos não vêm, os executivos já comemoram a parceria feita recentemente com cinco bancos para o financiamento de um contrato com a Vale. Santander, Itaú BBA, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), International Finance Corporation (IFC, braço do Banco Mundial) e Sumitomo Mitsui Banking Corporation emprestarão US$ 238 milhões à Hidrovias. Os recursos serão destinados à implementação do projeto de transporte de minério de ferro pela hidrovia Paraná-Paraguai. O contrato com a Vale tem previsão de operar em dezembro de 2014 e prevê o transporte de mais de 3 milhões de toneladas de minério ao ano, com investimentos totais previstos em US$ 400 milhões – destinados a barcaças e empurradores.
 
Por meio de contratos como esse, o executivo espera que o ápice da operação da Hidrovias aconteça até 2016, seis anos depois da criação da companhia. Geralmente, a controladora P2, assim como os fundos em geral, trabalha com um prazo de "saída" dos investimentos de 12 anos.
 
No curto prazo, no entanto, não deve haver mudanças na composição acionária da Hidrovias. Segundo Felipe Pinto, diretor de Investimentos do P2, a companhia já está capitalizada depois da entrada dos recursos oriundos dos fundos Temasek e Aimco.

A Hidrovias abriu capital em 2011 e levantou no mercado a hipótese de uma oferta de ações na bolsa. Mas os executivos dizem que esse não é o plano – pelo menos não no curto prazo. "O IPO é algo que pode ou não acontecer", diz Pinto.
 
A P2 tem ainda outras cinco empresas nos portfólios: Nova Agri (de logística de commodities agrícolas), Oceana (de construção naval e apoio logístico à indústria do petróleo), Latin America Power (de geração de energia na América Latina), Nova Opersan (de gestão de resíduos industriais) e Highline (de telecomunicações).
 
Cerca de 80% dos recursos do fundo P2 já foram usados e novas oportunidades estão sendo estudadas para o saldo remanescente. Os executivos não comentam esse assunto. Ao todo, o primeiro fundo do P2 reuniu US$ 1,15 bilhão. O patrimônio do segundo fundo deve ser semelhante ao primeiro, e pode alcançar até R$ 2,5 bilhões. Os executivos não comentaram o assunto, mas sabe-se – conforme apurou o Valor – que o fundo já está recebendo investidores.
 
Mesmo com um novo fundo, a P2 não deve participar dos grandes leilões do governo em rodovias, aeroportos e ferrovias. Em geral, os fundos mencionam pouco retorno com esses projetos. Entretanto, na área da Hidrovias, a companhia vai analisar as oportunidades a serem anunciadas pelo governo.

Fonte: Valor Econômico

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