Pesquisa do Setcesp revela impactos financeiros e operacionais do pedágio free flow no transporte rodoviário

A implementação do sistema de pedágio por fluxo livre (free flow) segue no centro das discussões do transporte rodoviário de cargas, especialmente pelos seus possíveis impactos financeiros, operacionais e logísticos. Para compreender como o setor avalia esse novo modelo, uma pesquisa encomendada pelo SETCESP e realizada pelo IPTC ouviu empresários do segmento, trazendo dados relevantes sobre custos, aceitação e desafios práticos da cobrança eletrônica de pedágio

O levantamento teve como objetivo entender a percepção dos transportadores em relação à adoção do free flow, com foco direto nos reflexos sobre o dia a dia das operações. Ao todo, foram aplicadas 27 perguntas objetivas, com duração média de seis minutos, e as respostas foram coletadas de forma confidencial, considerando a realidade de cada empresa participante.

Pesquisa do Setcesp revela impactos financeiros e operacionais do pedágio eletrônico no transporte rodoviário

O perfil da amostra indica forte aderência ao público impactado pelo modelo. Segundo a pesquisa, 82% das respostas foram consideradas válidas, com predominância de empresas com frotas acima de 50 veículos (47%), sediadas majoritariamente em Guarulhos (51%) e que circulam diariamente pela Rodovia Presidente Dutra (84%), um dos principais corredores logísticos do país.

Os resultados da pesquisa revelam que a aceitação geral do modelo de pedágio free flow ainda é marcada por percepções divididas entre os transportadores. Segundo os dados, 32% avaliam o sistema como favorável, enquanto 25% consideram desfavorável. As avaliações extremas aparecem com menor peso: 14% classificam o free flow como muito desfavorável e 11% como muito favorável, o que reforça um cenário de cautela e expectativa.

Quando analisadas as vantagens percebidas, a redução do tempo em trânsito foi mencionada por 35%, seguida da cobrança proporcional ao uso, citada por 32% dos respondentes, e a redução do consumo de combustível, apontada por 12%.

Por outro lado, as desvantagens associadas ao free flow concentram-se principalmente nos impactos econômicos e operacionais. Do total de participantes, 21% destacam a complexidade do sistema para pequenas empresas, evidenciando um receio quanto à adaptação operacional e administrativa. A dificuldade de fiscalização das cobranças foi mencionada por outros 21%, mesma porcentagem para falta de rotas alternativas. O maior custo total aparece como preocupação para 17% dos transportadores.

No campo dos impactos financeiros, a percepção predominante é de aumento de custos com pedágio, apontada por 53% dos entrevistados. Outros 30% avaliam que não haverá mudança relevante, enquanto 18% acreditam em redução dos custos, o que demonstra diferentes leituras sobre como o modelo será aplicado na prática.

A necessidade de monitorar os valores cobrados no novo sistema também surge como ponto sensível. Para 53%, esse acompanhamento será necessário apenas em parte, enquanto 30% afirmam que não será preciso monitoramento adicional. Já 18% consideram que será necessário acompanhar de forma integral os valores cobrados, reforçando a preocupação com controle, conferência e transparência das tarifas.

Por fim, os dados mostram impacto direto na política de precificação do frete. A maioria expressiva dos transportadores, 81%, afirma que precisará ajustar os valores cobrados, refletindo o efeito do pedágio free flow sobre os custos operacionais. Apenas 19% avaliam que não haverá impacto na precificação, o que indica que o modelo tende a influenciar diretamente a formação de preços no transporte rodoviário de cargas.

Os resultados completos da Pesquisa Free Flow, com todos os gráficos e detalhamentos, estão disponíveis para download aqui

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