Entidades empresariais criticam proposta de piso de frete rodoviário

18/09/2017

Associações e sindicatos de setores como agricultura, indústria e combustíveis tentam impedir o avanço de um projeto de lei que estabelece um preço mínimo para o transporte rodoviário de cargas.

O texto foi aprovado em duas comissões na Câmara e seguirá para o Senado, diz o autor, Assis do Couto (PDT-PR).

Por ele, a cada semestre, o Ministério dos Transportes fixará um valor mínimo a ser cobrado por quilômetro, que varia de acordo com a região.

O projeto interfere no princípio da concorrência, diz Leandro de Barros Silva, diretor do Sindicom, sindicato que reúne as grandes distribuidoras de combustíveis, como Raízen e BR Distribuidora.

“Na Constituição, há a garantia da livre iniciativa, e argumentamos que a matéria vai contra esse princípio.” Com o piso para o frete, o custo vai subir 20%, estima.

É ainda um desestímulo a investimentos por parte de transportadoras, pois, se houver garantia de algum recebimento, elas vão diminuir custos, alega a entidade.

Há exemplos de interferência do Estado em mercados, diz Assis do Couto. Ele exemplifica com a política de compras de alimentos por parte do governo. “Isso acontece em setores estratégicos, que é o caso de transporte de carga.”

O encarecimento, afirma, é um aspecto, mas sem piso é maior a possibilidade de concentração de mercado e de flutuação dos preços no ano.

 

Das 35 entidades contrárias ao projeto de preço mínimo do frete rodoviário, 28 são do setor agropecuário.

“Custos de frete e armazenamento representam mais de 8% do nosso faturamento inteiro”, diz Mario Lanznaster, presidente da Aurora, de carne suína e frango.

Paga-se para trazer ovos de galinha incubados, milho e farelo de soja, para conduzir animais ao frigorífico, recolher restos e, finalmente, levar a carne ao mercado.

A proposta de piso de valor do frete ameaça a liberdade de negociação, diz ele, além de ser pouco prática.

Dentro de uma mesma região, há diferenças grandes de condições de estrada que influenciam o preço do frete.

“Há rodovias em que se paga mais ou menos pedágio, que tem tráfego pesado ou leve, asfalto ou terra, não dá para estabelecer um valor mínimo semelhante.”

 

Fonte: Folha de S.Paulo

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Veja também em Conteúdo
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado

As mais lidas

01

Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais
Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais

02

Mercedes-Benz do Brasil e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas
Mercedes-Benz e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas

03

Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg