Ducati: uma logística pautada no transporte aéreo de peças para motocicletas premium

16/02/2022

A Ducati do Brasil foi criada em outubro de 2012 como subsidiária oficial da Ducati Motor Holding no país, sendo a responsável por trazer ao Brasil produtos que são referência em termos de inovação, tecnologia e design no mercado de motocicletas premium.

Ela opera uma rede de concessionárias em expansão, que tem como objetivo principal oferecer um atendimento de alto padrão. Atualmente, conta com 15 concessionárias: São Paulo Capital, Campinas e Ribeirão Preto, SP, Curitiba, PR, Belo Horizonte, MG, Brasília, DF, Goiânia, GO, Porto Alegre, RS, Vitória, ES, Londrina, PR, Rio de Janeiro, RJ, Florianópolis, SC, João Pessoa, PB, Campo Grande, MS, e Cuiabá, MT.

No ano de 2016, a demanda por produtos Ducati se intensificou no Brasil e a companhia ampliou a sua estrutura para atender aos clientes em todo o território nacional. Foram inaugurados novos concessionários pelo país e a demanda por atendimentos simples, como manutenção periódica, teve uma alta significativa.

Com isso, o prazo de duas a três semanas de espera para a chegada de peças vindas do exterior não era mais factível. Em 2018, a empresa investiu num Estoque Local de Peças e com a novidade passou a disponibilizar peças de reposição e abastecer diretamente os concessionários de todo Brasil. A estrutura local foi essencial para reduzir a espera no recebimento de itens que antes eram recebidos diretamente da Itália. “O nível de satisfação dos clientes deu um salto positivo, atingindo um índice de 95% de assertividade”, comemora Matheus Amaral, gerente de Pós-Vendas e Marketing de Produto.

Desde então, a Ducati do Brasil tem desenvolvido critérios para analisar e, com isso prever, a necessidade de giro de peças.  A empresa investiu em estratégias logísticas, mesmo com pouco histórico, ajustando um planning round, ou seja, os itens disponíveis, os produtos atuais, os lançamentos previstos, quais itens apresentam maior desgaste por modelo de motocicleta e os que potencialmente podem gerar necessidade de troca.

Este mix pautou os primeiros setups do Estoque Local de Peças.  A equipe dedicada do Pós-Vendas trabalhou nas demandas e nos atendimentos, usando como balizador a informação. Um sistema complexo, já que cada modelo de motocicleta Ducati tem em média em torno de dois mil componentes. “O desafio logístico está sendo vencido com sucesso e atualmente o Estoque Local de Peças funciona em alto giro e baixo nível de itens obsoletos”, garante o gerente de Pós-Vendas e Marketing de Produto.

Amaral lembra que o Estoque Local de Peças conta com 20 mil itens estocados entre peças, acessórios e linha boutique. Todos à pronta entrega.

“Trabalhamos 100% com frete aéreo para garantir velocidade à operação. Esta opção tornou-se um grande diferencial da Ducati do Brasil. E, apesar de mais caro, confere mais agilidade e satisfação aos nossos clientes.” Mensalmente cerca de 570 novos itens ingressam no estoque e, em média, 1.100 saem. A empresa faz o balanceamento da entrada e a saída de itens para manter um estoque sempre saudável.

Vale destacar que cerca de 5% a 8% dos itens não estão disponíveis no Brasil – seja por conta do alto custo e/ou mesmo pelo baixo giro – e são solicitados pela concessionária, via sistema, diretamente à matriz, em Bolonha, na Itália. Este trâmite demora entre 27 e 29 dias para o recebimento na concessionária, já contando desde a data do pedido, importação, desembaraços aduaneiros e entrega na loja.

 

Logística terceirizada

A logística da Ducati é 100% terceirizada. O parceiro é a DSV Global Transport & Logístics, situada num condomínio logístico em Cajamar, interior de São Paulo. A sua localização privilegiada, entre os aeroportos de Viracopos, em Campinas, e Cumbica (Guarulhos) agiliza o processo de entrega ou mesmo retirada para os concessionários Ducati em todo o Brasil.

A DSV é responsável por estocar, fazer o picking, o packing e a expedição dos itens como peças, acessórios e boutique, e também de motocicletas acabadas. Como a operação fabril da Ducati do Brasil é pelo sistema CKD em Manaus, AM – a capacidade produtiva é de 2000 unidades/ano –, a DSV armazena e faz o transporte rodoviário das motocicletas acabadas vindas do Norte do país.

“Hoje, o desafio logístico está na falta de voos, na falta de contêineres e na dificuldade de abastecimento de componentes, o que faz com que toda a cadeia de valor prejudique o sistema logístico. Mesmo não utilizando o modal marítimo, isto é algo que sempre avaliamos como alternativa secundária quando alguma dificuldade de voos nos é imposta”, diz Amaral.

Outro desafio está no aumento nos itens que têm como base o aço. “Para se ter uma ideia, o magnésio subiu 340%, o aço inoxidável 55%, o alumínio 45% e os polímeros plásticos 45%. E todos estes materiais impactam no custo dos produtos, sejam eles novos ou seminovos.

A pandemia ampliou ainda mais a demanda por peças, inclusive para manutenção de modelos usados. Antever a necessidade tornou-se o grande desafio e com isso reduzir o back order no fornecedor.”

O gerente de Pós-Vendas e Marketing de Produto destaca que uma das ferramentas utilizadas foi a informação. A Ducati do Brasil usou o histórico e fez um trabalho junto à rede de concessionários para ter um estoque mínimo em itens que realmente pode aumentar o giro e dar vazão a itens para manutenção preditiva e criar um folego para atender prontamente a rede. “Nosso principal desafio foi sermos brilhantes no básico.”

Mas ainda há outros desafios. Sem dúvida, a variação cambial. “A instabilidade no câmbio afeta a logística e o preço dos componentes de reposição. Aliado a isso, a escassez de voos. Ou seja, a dificuldade está em fazer o estoque girar diante de uma pandemia, por exemplo, com tantas incertezas. O desafio diário é prever como o mercado irá funcionar”, completa Amaral.

 

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