A Avenida dos Estados é a via com o maior número de acidentes de trânsito no Grande ABC. Ela é a primeira da lista em colisões – com e sem vítimas – e atropelamentos em São Caetano e Santo André. O grande número de ocorrências no endereço é uma tendência registrada desde 2006, e as administrações estudam maneiras de diminuir esses registros.
Santo André é responsável pela maior quantidade de colisões. Os dados mais atualizados do Departamento de Trânsito (de janeiro a julho de 2007) apontam 328 acidentes nos quase nove quilômetros da avenida na cidade. Em 2006, foram 849 acidentes. "Por dia passam aproximadamente 30 mil veículos no trecho de Santo André. Em 1997, tínhamos cerca de 3,6 acidentes por cada 10 mil veículos. Hoje esse índice caiu para 1,6. A sinalização eletrônica ajudou a diminuir um pouco os acidentes, mas os números ainda são altos", pondera o diretor do Departamento de Trânsito e Circulação de Santo André, Eric Lamarca. A administração ainda não tem dados fechados desse ano, mas o diretor afirma que a tendência deverá se manter.
Sinalizações reflexivas para melhorar a visão noturna do motorista e pequenas lâmpadas para aprimorar a visibilidade no semáforo são algumas das iniciativas que a Prefeitura tem feito para conter os acidentes.
Em São Caetano, a Avenida dos Estados também é a rua mais crítica quando o assunto são acidentes. O município registrou 74 nos sete primeiros meses de 2008. No primeiro semestre do ano passado foram 69 ocorrências. "Não registramos acidentes fatais neste ano", diz o diretor de Trânsito de São Caetano, Marcelo Ferreira de Souza.
Em Mauá, a Avenida dos Estados não encabeça a lista dos acidentes. A cidade tem o menor trecho da via – cerca de 500 metros – por isso, são as líderes em registros são as avenidas Barão de Mauá e Capitão João.
"A avenida é originalmente ponto das indústrias. Hoje, temos um adensamento de habitações na via. Essa condição misturada ao tráfego resulta no elevado número de acidentes", aponta o engenheiro Leonardo Lorenzo, que realiza estudos de tráfego para o Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
Municípios buscam reduzir ocorrências
Avenidas Prestes Maia, em Santo André, Brigadeiro Faria Lima, em São Bernardo, Goiás, em São Caetano, e Barão de Mauá, em Mauá, figuram entre as primeiras da lista de ruas locais com maior incidência de acidentes na região.
A Prestes Maia por exemplo, até o primeiro semestre de 2007, teve 136 acidentes. O índice foi seguido de perto também nas avenidas Industrial e Prestes Maia (veja relação no quadro ao lado).
Em São Caetano o problema é a Avenida Goiás que teve, de janeiro a julho deste ano, 61 acidentes. No primeiro semestre do ano passado foram 57 ocorrências.
A Prefeitura estima os acidentes diminuam em função da sinalização eletrônica por radar e também de outras benfeitorias como faixas de pedestres, legendas no solo e placas de sinalização vertical que estão sendo feitas.
A administração pretende colocar ainda monitores nas ruas para chamar a atenção da população para a prevenção de acidentes.
O diretor de Trânsito de São Caetano, Marcelo Ferreira de Souza, disse que em 2007 passavam cerca de 27 mil veículos por sentido na Avenida Goiás. Hoje, esse número passou para 34 mil.
Em Mauá, as avenidas Barão de Mauá, com 13 acidentes este ano, e Capitão João, com 12, são as líderes de ocorrências no trânsito. Para o chefe de Divisão da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, Manoel Batista Neto, os registros correspondem ao Viaduto Mário Covas.
"Houve aumento do fluxo de carros e pedestres na via. Estamos reforçando a sinalização de faixas e lombadas e vendo os locais que necessitam de novos semáforos."
A Avenida Papa João 23 também é foco de projetos de prevenção de acidentes por conta do Trecho Sul do Rodoanel, que passará pela via.
Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não divulgaram os dados sobre acidentes detalhados por ruas e avenidas.
Santo André faz estudo detalhado
Santo André tem um dos mapeamentos de acidentes de trânsito mais bem detalhados das sete cidades.
Mesmo com estatísticas mais recentes sendo do primeiro semestre de 2007, o Departamento de Trânsito do município consegue fazer apontamentos sobre a situação das ocorrências em mais de 1.260 endereços de seu viário.
Em seguida vem Mauá, com o diagnóstico detalhado por via que é complementado ainda pelos cruzamentos onde há maior incidência de acidentes.
Na Avenida Barão de Mauá, por exemplo, a Divisão de Trânsito aponta as cinco ruas de intersecção com a via onde ocorreram todos os acidentes este ano, mês a mês de janeiro a abril.
"É importante que os dados sejam bem específicos, pois é somente desta forma que os especialistas em trânsito podem sugerir intervenções específicas para cada via", aponta a supervisora do Departamento de Sinistro da Abutran (Associação Brasileira de Vítimas do Trânsito), Cristiane Mingotti.
Especialista sugere fiscalização aleatória para diminuir casos
O conceito chamado de fiscalização aleatória do trânsito é defendido pelo consultor de trânsito e engenheiro de tráfego Horácio Figueira como arma que poria rédeas nos motoristas e diminuiria o número de acidentes.
A idéia foi apresentada ao governo do Estado que, segundo o especialista, teve interesse em implementá-la nas rodovias estatais.
"O processo de fiscalização que existe em São Paulo e no Grande ABC é viciado nos mesmo locais e cruzamentos, e acontece só em dias úteis. De fim de semana não se vê fiscal", explica.
A concepção de fiscalização aleatória é distribuir por sorteio, feito em computador, os agentes de trânsito. Assim, com o mesmo número de equipes que as prefeituras têm hoje, poderiam ser fiscalizadas mais ruas e em dias e horários diferente e, é claro, fazer com que a surpresa de se encontrar um agente de trânsito faça os motoristas reduzirem velocidade causando menos acidentes.
Fonte: Isis Mastromano Correia e Kelly Zucatelli – Diário do Grande ABC – www.dgabc.com.br









