As funcionalidades da logística nas diferentes empresas: nestas está o sucesso ou fracasso das operações

29/08/2022

Um mercado altamente competitivo, com consumidores cada vez mais exigentes em relação a custo e disponibilidade de produtos, incentiva as empresas a entenderem o papel estratégico que a logística pode representar para o crescimento do negócio.

O atual cenário, em que o mundo discute os caminhos da sustentabilidade, com a maioria das nações rumando à luz dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, se encontra pressionado pelo impacto da pandemia do Covid-19 e pela guerra da Ucrânia, que aceleraram tendências geopolíticas e estabeleceram novos arranjos nas cadeias produtivas globais.

A logística, enquanto atividade de suporte geral e, em especial, das operações de comércio exterior, se destaca como o elemento fundamental na cadeia de valores de quem exporta, importa ou pretende exportar ou importar produtos, componentes, insumos ou matérias-primas necessários, principalmente, à indústria, agropecuária e à produção de um modo amplo.

O cenário brasileiro não foge ao perfil global, havendo o consenso dos atores do ambiente de negócios internacionais sobre a necessidade permanente de uma nova dinâmica de aportes para a melhoria de qualidade da infraestrutura de aeroportos, portos, rodovias, ferrovias, hidrovias e dutovias, bem como na modernização da segurança jurídica a partir da estruturação de um arcabouço legal mais transparente e simplificado, para agregar valor e competitividade ao produto Made in Brazil.

É com esta análise inicial que Ricardo Mota, presidente da Câmara de Comércio, Indústria do Estado do Rio de Janeiro – Caerj, vice-presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil – Cisbra e membro da CLI – Câmara de Logística Integrada/AEB, dá início a esta matéria especial e explica as funcionalidades da logística dentro das empresas.

Segundo ele, estas são organizações econômicas que trabalham e harmonizam fatores de produção no desenvolvimento de suas atividades, com objetivo de lucro.

No contexto do Comércio Exterior, a funcionalidade empresarial permeia pela cadeia produtiva e operacional em uma complexa rede de elementos interligados, que atuam em uma lógica própria da empresa, com uma dinâmica estabelecida na sua cadeia produtiva, ou workflow de processos.

Neste contexto, a logística consiste em um sistema do processo produtivo e seu modelo conceitual simbólico poderá ser facilmente entendido nos conceitos consagrados na Teoria Geral dos Sistemas, de Lwdivig von Bertalanffy, caracterizado por sua natureza de inter-relação com suas partes e outros sistemas. Trata-se do sistema aberto utilizado como meio para a administração de recursos, tendo sua aplicação na gestão do poder público, nos negócios e na realização de atividades da sociedade de um modo geral, com o papel de “cerne” integrador do planejamento, da coordenação e do controle das atividades, buscando a otimização de recursos, o balanceamento da relação custo/benefício para o ganho de todo o processo na realização dos objetivos estabelecidos.

São inumeráveis as funcionalidades da logística, uma vez que que está presente em toda atividade humana e, sob o prisma sistêmico, se manifestam de acordo com os níveis de complexidade do contexto em foco. A logística trata de transporte, armazenagem de matérias-primas e produtos, presente desde a produção/fabricação até a entrega ao destinatário. A prática no vertiginoso crescimento do comércio eletrônico exemplifica e nos brinda com relativa facilidade o conhecimento do papel e das funcionalidades da logística no ambiente B2B (entre empresas) ou B2C (entre empresa e consumidor final), nos portais e market places do mundo virtual.

Nesse contexto – continua Mota –, verifica-se a integração dos atores ou partes envolvidas no processo de compra e venda que somente se materializa a partir da integração dos sistemas logísticos de cada uma das partes/atores.

A estrutura orgânica ou física deverá ser compatível com o que se propõe realizar. A logística das crises se dá de acordo com o cenário ou teatro de operações em que deverão ocorrer as ações, a exemplo dos conflitos armados entre Nações, dos mecanismos de socorro às vítimas, resgate de bens, reparação do meio ambiente, etc., decorrentes das catástrofes naturais ou de acidentais sob a responsabilidade da atividade humana.

“Para melhor compreensão – explica o presidente da Caerj –, tomamos como exemplo mais básico a exportação de um produto de uma empresa, cooperativa ou produtor no interior do Brasil, que exporta. Este exportador, somente realiza seu negócio tendo a logística como o meio para atingir seus objetivos. Este fabricante/produtor realizará ou demandará a terceiros as atividades primárias, de apoio, gestão de armazém (Warehouse), onde os materiais/produtos são recebidos e armazenados, há transporte e controle de Lead Time (tempo compreendido entre a primeira atividade até a última), próprias de um processo de múltiplas atividades envolvidas no Comércio Exterior.”

As atividades que se façam necessárias na cadeia logística para exportação, como estocagem, acondicionamento (caixas, paletes, contêineres, etc.) e entrega ao Operador Logístico, podem ser entregues ao próprio 1PL, desde que habilitado a realizar o transporte até o Terminal Alfandegado, onde ocorrerá o processo de desembaraço aduaneiro e embarque no modal contratado – aéreo, rodoviário, ferroviário e aquaviário, considerando aí o marítimo, ou a multimodal.

Ressalte-se, ainda na fase primária, a necessidade de geração da documentação necessária à exportação, tais como certificado de origem, nota fiscais, atestados fitossanitário, etc., cuja emissão se dá em consonância com os Incoterms (codificação internacional de produtos) do item a exportar, assim como dos termos do Acordo ou Contrato de Compra e Venda firmado com o importador, a exemplo do DDP (Delivery Duty Paid), em que o vendedor assume todos os riscos, encargos e custos até a entrega da mercadoria no endereço do importador. Em suma, o vendedor assume a responsabilidade de toda a cadeia logística na exportação, passando pela fiscalização aduaneira na origem e no destino, imposto de importação no país de destino, transporte nas diversas etapas, prazo definido, seguros, etc. até entrega no endereço do destinatário (importador).

Já na operação FOB (Free On Board), a responsabilidade do transporte é do cliente/importador que arca com os custos, riscos e perdas associados a esta operação.

Roberto Schmeing, gerente Comercial da IBL Logística, também especifica as funcionalidades da logística dentro das empresas, começando por dizer que, hoje, esta função está alinhada à redução de custos no processo, recebimento de materiais no momento certo e à otimização do processo produtivo, sem perder a qualidade do produto. No entanto, para se alcançar esses objetivos são necessários processos e funções que envolvem:

Logística de transporte: seu objetivo é garantir o transporte do maior número de mercadorias ao menor tempo possível, com a garantia de qualidade em seu destino, o que permite a disponibilização de produtos onde existe demanda em potencial, dentro de um prazo que atenda às necessidades do cliente;

Manutenção de estoques: agrega valor de tempo ao produto, sendo responsável pelo abastecimento de materiais para produção e suprimento dos produtos para venda. Realiza a mensuração da melhor forma possível dos níveis corretos de estoque de materiais. Afinal, um estoque com uma quantidade acima do que é necessário pode comprometer o financeiro da empresa, enquanto uma quantidade abaixo da necessária pode enroscar a produção;

Processamento de pedidos: esta área é muito importante dentro da logística de armazenagem, pois, se o seu processo inicia de forma errada, existe uma grande possibilidade de ocorrerem problemas operacionais e, por consequência, problemas com o cliente. Porém, quando se inicia de forma correta, começando pela preparação e seguindo até a expedição do pedido – levando em consideração a otimização do tempo – há um processo sem possíveis rupturas;

Armazenagem: ao iniciar o processo de forma correta com todos os itens (produtos) cadastrados em um sistema de softwares (WMS), todo o estoque será controlado sistemicamente, com isso, pode-se administrá-lo melhor, além de trabalhar com dimensões da área, localidade e configuração do espaço. É considerada uma atividade estratégica, pois é importante para a competitividade, permitindo a redução de custos e desperdícios;

Manuseio de materiais: existem várias formas de manuseio, como por unidade, por caixa ou por item, pois cada cliente tem a sua particularidade. Por isso, a empresa precisa ter muito cuidado, já que o manuseio errado pode trazer prejuízos para a companhia e para o cliente. É preciso ter um controle muito rígido desde a entrada, armazenagem, movimentação e despacho, para que seja utilizada a menor quantidade de processos, com a garantia de qualidade do produto no menor tempo possível.

“O processo logístico em uma organização é composto por uma série de atividades, iniciando com as primárias, que abrangem Transporte, Manutenção de Estoques e Processamento de Pedidos. Temos também as atividades secundárias ou de apoio, compostas por Armazenagem, Manuseio de Materiais, Embalagem, Suprimentos, Planejamento e Sistemas de Informação.”

Outro ponto importante a ser considerado na logística – continua Roberto Rila, docente dos cursos de Gestão e Negócios do Senac EAD – refere-se aos modais de transporte a serem utilizados na operação da empresa, ou seja, qual o tipo de transporte mais adequado à operação da organização, onde temos basicamente cinco modais: rodoviário, ferroviário, hidroviário, aéreo e dutoviário. As características do produto e custos acabam determinando o modal mais adequado à empresa.

“Não podemos esquecer da logística internacional que, com a globalização, vem ocupando papel importante nas empresas, pois cada vez mais as organizações possuem relacionamento com outros países, seja cliente ou fornecedor. Lidar com esse processo de importação/exportação, melhorar o sistema logístico com parceiros internacionais, toda essa burocracia é papel da logística internacional”, completa Rila.

Por sua vez, Priscila Souza, CEO da Sua Entrega Comercial e Logística, coloca que a logística está diretamente ligada ao sucesso de uma empresa, levando à eficiência nas operações e à satisfação dos clientes nas entregas. Ajuda a diminuir gastos e custos e melhora a comunicação do cliente com a empresa, proporcionando assim uma melhor experiência para ele.

“Nas atividades primárias e secundárias vemos uma grande importância. Por exemplo, através do acompanhamento de rotas é possível monitorar em tempo real a localização do veículo e seu curso programado para realizar a entrega, garantindo uma maior segurança para o cliente que, por sua vez, tem a possibilidade de rastrear sua encomenda, e por parte de quem transporta, a partir destas informações, consegue tomar algumas decisões durante o processo. Isso sem falar das ações secundárias, que cuidam das embalagens, do bom manuseio da mercadoria e outras funções. E o que falar sobre a roteirização, que por sua vez ajuda a reduzir os custos logísticos, otimizando tempo e distância nas variadas modalidades de transportes existentes em qualquer lugar do mundo.”

Vários níveis

De acordo com Mota, da Caerj, a logística é uma atividade multifuncional que se revela de acordo com a demanda e é classificada conforme a sua complexidade, onde o outsourcing, ou terceirização, assume de forma customizada ou personalizada as soluções na gestão da cadeia se suprimentos.

As ofertas por soluções logísticas ocorrem de acordo com a natureza e os níveis ou elos da cadeia de transporte e suprimento. Muitos Operadores Logísticos se especializam na prestação de serviços ao agronegócio, produtores rurais, indústria, redes de lojas físicas, e-commerce, rede de laboratórios, hospitais, enfim, em toda a atividade humana.

Mota lembra que, na concepção clássica, a logística se revela nos níveis:

1PL – Primary Logistics, Logística Primária – Operações com recursos próprios da empresa, órgão público, etc., envolvendo movimentação/transporte e controle de seus itens, mercadorias, produtos, etc.;

PL – Atividade compartilhada, ainda restrita à fase ou elo de transporte da cadeia logística. A carga é movimentada/transportada com recursos próprios e terceirizados;

3PL-Third – Party Logistics ou Logística da Terceira Parte – As operações de transporte e armazenagem são terceirizadas. O contratante se dedica ao seu negócio, confiando ao Operador Logístico contratado a administração dos recursos, desde o transporte no recebimento da carga, recebimento propriamente dito, descarga, armazenamento, fulfillment , expedição e entrega da carga. Entretanto, o contratante desta solução continuará responsável pelo gerenciamento das transportadoras.

4PL – Esse quarto nível de solução da atividade logística se caracteriza pelo aumento da imersão, autonomia e responsabilidade do Operador Logístico com os resultados do negócio ou atividade do contratante, podendo assumir além da integralidade das atividades no escopo 3PL, abranger a gestão e execução do transporte, gerenciamento de níveis de estoque, a compra de novos produtos, insumos, materiais e, por fim, a emissão da documentação fiscal da atividade.

5PL – Neste último nível, o Operador Logístico realiza, além das atividades que lhe foram confiadas até o nível 4PL, a responsabilidade de estabelecer toda uma solução dedicada às necessidades do contratante, estando intimamente comprometido com os níveis de satisfação do consumidor final. A solução customizada é ampla e permeia até responsabilidade pelos Custos Logísticos, dentre os principais, o custo da falta de um item, por falta de estoque ou stockout cost, quando se recebe um pedido. Este custo pode ser variado, devido a se perder um pedido total ou parcial, pelo custo de se repor de forma urgente ou pelo custo de se alterar toda a programação de produção para fabricá-lo.

“Some-se ao Custo Logístico, o Custo de Obsolescência, que é o custo de se manter em estoque itens obsoletos ou sucateados. Geralmente, os itens obsoletos são componentes de equipamentos ou máquinas fora de linha de fabricação e o Custo de Oportunidade, ou custo da renúncia, é o valor que deixa de se ganhar por não aceitar atender a uma demanda”, completa o presidente da Caerj.

Priscila, da Sua Entrega, também lembra que a logística é muito dinâmica e de grande utilidade para as organizações, sejam elas de pequeno ou grande porte. O que podemos ver atualmente nas empresas é exatamente isso, a implantação de diversas formas de logística, a fim de um maior crescimento econômico nelas.

“Já pensou em reduzir o tempo de espera para o cliente (lead time), aumentar a produtividade e ainda reduzir os custos do seu negócio? Pois é, isso é possível na logística de abastecimento. Por falar em redução de custos, isso também pode ser visto na logística de produção. Aqui a ideia é fazer mais com menos, ou seja, uma maior produção com menos mão de obra, a exemplo de máquina potente ao realizar o trabalho de três ou quatro pessoas. No setor de distribuição, vemos a rápida entrega de mercadorias para o cliente de uma forma mais segura, mas sempre visando a um menor custo operacional, como na utilização de caminhões e mão de obra no processo. Toda boa empresa que se preza tem um pós-venda eficiente, não é mesmo? É isso mesmo, é aí que entra a logística reversa, que tem um papel fundamental na experiência do consumidor. É ela quem soluciona o problema do cliente, ou seja, que vai até ele buscar uma mercadoria que chegou com defeito ou algo do tipo, isso tudo de forma rápida e gratuita. Uma empresa com uma gestão de processos estabelecidos pode se destacar no mercado, porque muitas não fazem isso. As logísticas de 3 PL e 4 PL são bastante fundamentais para as empresas desenvolvidas. O processo é mais dinâmico, além de mais eficaz, pois tudo é feito de forma única”, explica Priscila.

Erros na logística

Quando o assunto envolve os maiores erros na logística das empresas, Mota, da Caerj, diz que são muitos, mas, sobretudo, a carência de qualificação profissional dos atores da cadeia produtiva do negócio. “A atualização de infraestrutura de instalações e tecnologia e qualificação profissional são, ao meu ver, os maiores influenciadores da Acuracidade – Grau de ausência de erro ou grau de conformidade com o padrão, próprios da atividade logística.”

Por seu lado, Schmeing, da IBL Logística, ressalta que há vários erros operacionais. “E neste caso, podemos citar e enumerar os principais: 1º) subdimensionar uma operação e depois não cumprir com o projetado; 2º) atividades operacionais fora do escopo projetado e com custos elevados; 3º) montar um projeto de forma errada; 4º) não ter controle de estoque via sistema confiável; 5º) não ter processo operacional e sistêmico; 6º) prometer ao cliente e depois não cumprir com o acordado; 7º) não seguir normas e procedimentos acordados no ato da negociação, podendo comprometer toda uma operação e a receita da empresa.”

Como caminhos para solucionar estes erros, o gerente Comercial da IBL Logística sugere que, antes de qualquer início de operação de logística (armazenagem e transporte), a empresa precisa ter certeza de que o que está sendo feito atende às exigências do cliente, e deve atentar-se para os critérios da SLA (Service Level Agreement, ou Acordo de Nível de Serviço), que define as responsabilidades de cada parte e os processos que serão realizados. Além de alinhar demanda, custos dimensionados na operação, equipamentos, sistemas e equipes.

“Para isso, todas as áreas precisam estar diretamente envolvidas no projeto, a fim de ter certeza de que o que está sendo desenhado atende a ambos, para que se possa dar início a uma operação saudável e sem riscos”, completa Schmeing.

A lista de erros na logística das empresas feita por Rila, do Senac EAD, também é longa, pois, como ele diz, infelizmente algumas organizações cometem muitas falhas no que tange as suas operações logísticas.

Dentre os principais erros apontados estão:

• Falta de planejamento: Planejamento é fundamental, ter processos bem definidos, alternativas em caso de falhas. Planejamento inadequado pode refletir em custos operacionais maiores;

• Falta de comunicação entre as áreas da empresa: pode haver uma série de erros caso não ocorra uma comunicação na organização. Atividades de áreas distintas podem atrapalhar umas às outras;

• Não conectar o marketing à logística: essa conexão é fundamental, já que o time de logística precisa ter conhecimento do planejamento de marketing da organização para poder prover os recursos necessários de aquisição, matéria-prima, armazenagem e distribuição;

• Tecnologia defasada ou não existente nas operações logísticas: A tecnologia está em constante evolução e na logística é fundamental, gerando uma redução significativa nos custos operacionais;

• Métricas de desempenho equivocadas ou não funcionais: As organizações precisam saber quais KPIs realmente são importantes e significativos para sua operação e que realmente reflitam a realidade e permitam a ação da empresa para melhoria do processo, caso necessário.

“É fundamental investir em planejamento, planejar a operação como um todo, processos, funções, modais, fornecedores, tecnologias. Após o planejamento, o desafio é colocar em prática tudo que foi planejado.

Medir os resultados com as KPIs bem definidas é a próxima etapa e, identificando falhas, agir para corrigi-las. Nesse contexto, a comunicação é fundamental, então promover essa interação com todos os envolvidos é primordial para o sucesso da operação logística na organização, cada um sabendo como sua atividade contribui para o processo e qual o reflexo na etapa seguinte”, explica o docente dos cursos de Gestão e Negócios do Senac EAD, referindo-se a como solucionar os problemas.

Também na opinião de Priscila, da Sua Entrega, os maiores erros são a falta de comunicação entre os envolvidos na ação, a falta de investimento em automação nas operações, colaboradores não capacitados, considerando que o mercado está em constante mudanças, e não se preparar para as datas comemorativas.

“Para solucionar estes problemas, inicialmente seria necessário capacitar todos os envolvidos no processo, depois fazer um bom investimento nas operações (automatizar), já para evitar transtornos nas entregas, pois existe a necessidade de haver um planejamento mais apurado para atender a demanda de pedidos no período de grandes comemorações, como o dia das mães, dos namorados e o Natal.”

Por sua vez, Paulo Sarti, diretor-presidente da Penske Logistics Brasil, lembra que, nas últimas décadas, a logística vem ganhando importância e destaque nos diferentes modelos de gestão das organizações empresariais. Porém, muitas organizações não possuem estrutura, tecnologia ou profissionais para gerenciar sua cadeia de forma estruturada. Isso ocorre por questões culturais ou relacionadas ao custo do investimento.

“Um mercado altamente competitivo, com consumidores cada vez mais exigentes em relação a custo e disponibilidade de produtos, incentiva as empresas a entenderem o papel estratégico que a logística pode representar para o crescimento do negócio. As organizações tendem a perceber que investir em logística não é mais uma questão de qualidade, mas, principalmente, de sobrevivência. Por outro lado, é importante que empresas de serviços – como Operadores Logísticos e transportadoras – ofereçam condições cada vez mais robustas e vantajosas, que permitam viabilizar os serviços de gestão e operação da cadeia de suprimentos, gerando escalabilidade”, aconselha Sarti.

Responsabilidade logística

Como o assunto capacitação dos colaboradores veio à tona, fica em evidência a questão da responsabilidade logística: como esta, mal assumida, ou a falta desta, pode trazer que tipos de problemas para a empresa?

Mota, da Caerj, é enfático: o encerramento do negócio. “Atuar com uma política permanente de estabelecimento e conscientização de limites de responsabilidade funcional com todos os atores e partes envolvidas é fundamental para manter a responsabilidade.”

Já Schmeing, da IBL Logística, lista os vários problemas que podem ser gerados: 1º) atraso nas entregas, gerando insatisfação com os clientes, 2º) avaria ou danificação de produtos, comprometendo a confiança entre empresa e cliente; 3º) desperdício financeiro ou com mão de obra; 4º) custos desnecessários para a empresa, comprometendo a receita; 5º) retrabalhos sem repasse operacional, devido a algum erro por parte da empresa, 6º) contratação de mão de obra inexperiente.

A solução para estes problemas, segundo o gerente Comercial da IBL Logística, é cumprir com o que foi acertado e discutido entre as partes, cliente e empresa de logística, no início de cada operação.

Também na visão de Sarti, da Penske, a empresa pode enfrentar problemas como o desabastecimento em seus pontos de vendas ou de produção, o que, em última instância, pode resultar na perda de participação de mercado, por exemplo.

“Manter a responsabilidade implica em profissionalizar a gestão da cadeia de suprimentos, por meio de tecnologia e profissionais capacitados, e desenvolver parcerias estratégicas, de longo prazo, com Operadores Logísticos que tenham condições de oferecer um ambiente capaz de suprir as necessidades a custos competitivos.”

Outra análise parecida sobre a responsabilidade na logística é feita por Rila, do Senac EAD. Esta, mal assumida, ou a falta desta, pode gerar insatisfação dos clientes por falhas nas entregas, decorrentes de atrasados ou entregas de produtos incorretos; extravio de itens ou danos aos produtos; desperdício de materiais, mão de obra ou ainda recursos financeiros, ocasionando custos desnecessários e retrabalho. “Para evitar estes problemas, é preciso ter processos bem definidos com os devidos responsáveis elencados. É primordial ter um ‘dono’ para cada atividade, é fundamental dar autonomia, mas cobrar os resultados.”

Priscila, da Sua Entrega, também explica que, no caso da falta de responsabilidade logística, são inúmeros os desperdícios, como de recursos financeiros, materiais e de mão de obra, além de geração de custos que são desnecessários, como o retrabalho. “Por exemplo: se você tem uma empresa de entregas, e houver uma falha na comunicação, informação de endereço errado, isso vai acarretar num prejuízo financeiro, ou seja, mais combustível gasto na operação, além do tempo desperdiçado, é claro.”

Para que haja responsabilidade, diz a CEO da Sua Entrega, é necessário que se conheça todos os processos logísticos, como planejamento e novas tecnologias de estoque, além de acompanhar as mudanças do mercado, se atualizando e sempre capacitando os colaboradores.

Exigências da Logística

Por tudo o que foi exposto até agora, fica uma questão a ser respondida: Quais são as imposições/exigências da logística hoje?

Sucinto, Mota, da Caerj, responde: Acompanhar a dinâmica dos novos paradigmas do Século XXI, alinhando suas atividades às demandas e tendências de responsabilidade socioambiental que evoluem no novo comportamento de consumo.

Para Sarti, da Penske, é manter um nível de serviço elevado e flexível, permitindo que a logística, atrelada ao negócio, se adapte rapidamente às exigências dos clientes. Isso só é possível com investimentos assertivos em tecnologia e inovação.

Agilidade também é o termo colocado por Rila, do Senac EAD. Para ele, no mundo dinâmico e cada vez mais globalizado, agilidade é fundamental. Outro ponto importante é a redução de custos, essencial para manter a competitividade da empresa. Além disso, há uma pressão grande para que as organizações sejam cada vez mais sustentáveis, com uma preocupação ambiental e, o mais importante, com a satisfação do cliente. Todos os esforços da empresa devem ser voltados para satisfazer seus clientes. “Podemos perceber que os desafios são enormes, mas necessários para perenidade da organização.”

Nos últimos anos, o mercado logístico cresceu muito e as empresas passaram a exigir mais dos seus colaboradores. Atualmente, o colaborador realiza o trabalho de quase um pós-venda, com isso, sua responsabilidade profissional vem aumentando significativamente. “Por outro lado, se o gestor não investir neste profissional para que ele trabalhe com custos reduzidos para atingir os resultados exigidos pela empresa, há a possibilidade de erros aparecerem”, pontua, por seu lado, Schmeing, da IBL Logística.

Já para Priscila, da Sua Entrega, hoje é exigida uma boa comunicação, um bom atendimento, redução do prazo de entrega, redução de custos, automação nas operações, pós-venda eficaz com logística reversa e profissionais capacitados conforme pede o mercado.

5G

Num momento em que o 5G começa a se tornar realidade em vários pontos do país, cabe saber o seu impacto na logística.

“Toda a linha de produção se beneficia com a tecnologia 5G, em especial os sistemas logísticos na gestão do armazém, como meio indutor à plena automação operacional dos armazéns, com ganho de espaço físico das instalações, fluxos e minimização de recursos de suporte operacional, agregando segurança na coordenação remota dos processos internos”, aposta Mota, da Caerj.

Sarti, da Penske, também acredita que será mais uma ferramenta que permitirá ganhos de eficiência e flexibilidade na gestão. A partir da implementação efetiva, a maior velocidade de conexão e a menor latência possibilitarão, por exemplo, mais assertividade e menos tempo de resposta no rastreamento e monitoramento da distribuição de cargas.

“O 5G trará grandes benefícios para a logística, quaisquer operações que envolvam monitoramento, comunicação, troca de informações ficarão mais ágeis. Também permitirá muitas atividades em tempo real, além da conectividade de muito mais dispositivos, algo que não era possível com as tecnologias anteriores. O 5G é dez vezes mais rápido que o 4G, mais estável e consome 100 vezes menos energia. “Eis algumas melhorias de processos com o 5G: Controle mais efetivo do armazém e estoque: haverá a possibilidade de utilizar RFID em toda carga sem a ocorrência de interferência de sinal; monitoramento completo, todo veículo poderá ser monitorado em tempo real; mitigação de problemas através da observação contínua dos veículos, podendo se identificar indícios de falhas mecânicas antes que problemas ocorram, atuando de forma preventiva; conexões wifi terão maior capacidade, reduzindo a exigência de conexão dos equipamentos com fios e cabos”, lista Rila, do Senac EAD.

Priscila, da Sua Entrega, também acredita que o 5G irá proporcionar muitas melhorias na área de transporte, no rastreio de mercadoria, na comunicação com drones que fazem entregas, na comunicação de modo geral.

Terceirização da Logística

A terceirização da logística permite ao cliente ter acesso a tecnologia de ponta e ganhos de escala operacional com muita rapidez, uma vez que os Operadores Logísticos oferecem plataformas operacionais com estrutura para atender diversas empresas ao mesmo tempo, diluindo custos e tornando o serviço bem mais competitivo.

Esta afirmativa de Sarti, da Penske, serve para introduzir mais um tópico desta matéria. Os benefícios, os problemas que podem surgir, o que considerar para a terceirização da logística, o que fazer para funcionar a relação empresa/OL ou transportadora.

“A polêmica da terceirização, de um modo geral, mitiga à medida que os benefícios aumentam a margem de crescimento em relação aos custos. O ambiente favorável à terceirização se revela com a demanda por solução logística em cenários temporários e/ou emergenciais, em que a alocação de recursos é transitória e não justifica o investimento e incorporação desses ativos pelo contratante. O exemplo mais patente dessa realidade se dá na realização de eventos esportivos, olimpíadas ou grandes shows musicais em que os organizadores, comitês ou empresas se extinguem com o projeto do evento.

Já no cluster dos negócios ou serviços contínuos – prossegue o presidente da Caerj –, a terceirização da logística é uma questão de decisão estratégica em que todos os fatores de influência são considerados de acordo com o plano de negócio.

As startups são um bom exemplo dessa realidade em que quase todas as atividades-meio de seu negócio são terceirizadas, e dedicam seus investimentos a ativos vitais e estratégicos para a sua atividade fim.

“Os problemas que poderão decorrer da terceirização são clássicos a toda contratação de serviços, que, na maioria das vezes, decorrem da qualidade da formulação ou modelagem da terceirização pretendida. O mercado dos serviços logísticos não teria um comportamento diferente, muito pelo contrário, ele exige uma avaliação de riscos acurada, um minucioso ‘desenho’ do modelo logístico que se pretende terceirizar e a certificação das competências do Operador Logístico ou transportador para assumir a execução desta parte ou fase do negócio. O não atendimento do perfil ou a contratação não conforme da terceirização poderá redundar até no fechamento de atividades da empresa contratante”, alerta Mota.

Schmeing, da IBL Logística, também coloca que, na terceirização, entre os benefícios estão custos reduzidos, melhoria dos processos e da qualidade do serviço e atuação com sistema confiável. Contudo, existem problemas que podem surgir, entre eles: não estar preparado para tal função ou não conhecer o processo do cliente, vender um serviço e a empresa não atender da forma como foi oferecido ou prospectar um cliente sem entender a demanda.

Outra questão – ainda segundo o gerente Comercial da IBL Logística – é o cliente informar um desenho e, no meio do processo, mudar a regra ou não ser específico com a informação, vindo a cobrar por um serviço que não estava no projeto. “Para isso, recomenda-se que todas as informações e processos sejam claros e ambas as empresas precisam estar de acordo com as regras, além disso, a informação sobre a operação deve ser compartilhada com o cliente para não ter erros. Em alguns casos, o cliente pode desejar impor uma regra que não atende ao Operador Logístico. Nesse caso, é preciso um consenso entre as partes para que a operação seja coordenada de forma segura, a fim de evitar cobrança indevida ou exacerbada ao operador logístico.”

Em relação a terceirizar a logística da empresa, Rila, do Senac EAD, também lembra que o ponto principal diz respeito à redução de custos, permitindo que a empresa possa focar no seu negócio e deixando atividades operacionais nas mãos de um especialista. Um ponto negativo seria a responsabilidade, sobre a operação logística, que passa a ser de um terceiro.

“Torna-se condição sine qua non encontrar um terceiro com expertise reconhecida no mercado, com bons níveis de serviços. Ressaltando que falhas na operação podem refletir na satisfação dos clientes, considerando que muitas empresas se utilizam da logística como diferencial competitivo. É fundamental ter métricas com KPIs bem definidos e penalidades rígidas para o descumprimento dos acordos firmados.”

Ainda de acordo com o docente dos cursos de Gestão e Negócios do Senac EAD, um ponto que pode ser considerado é a terceirização de apenas algumas partes do processo logístico, somente transporte, armazenagem, etc. – não é mandatório terceirizar o processo todo. O importante é ter uma parceria que atenda às necessidades da organização, trazendo ganho para ambas as partes.

Priscila, da Sua Entrega, também avalia que são muitos os benefícios de terceirizar a logística: segurança, redução de custos, aumento na satisfação dos consumidores, ganho de tempo e agilidade.

“Já as desvantagens, creio que a rotatividade de colaboradores, contratar prestadores ruins e o descumprimento de prazos nas entregas, coisa que pega mal para qualquer empresa. Por isso, o ideal, antes de se terceirizar um serviço, é buscar informações e referências sobre a empresa a ser contratada, por exemplo a reputação dela e outros. Para que a relação funcione sem muitos problemas, é necessário seguir o acordo regido pelo contrato feitos por ambos, e assim, tentando levar as coisas harmoniosamente, mas claro que sempre haverá um problema, por menor que seja.”

Participantes desta matéria

Caerj e a Cisbra – Constituída por empresas dos setores industrial e de serviços, a Caerj atua na assistência e defesa dos interesses dos associados e de toda comunidade empresarial, criando ferramentas e oportunidades para o desenvolvimento econômico e sustentável do Rio de Janeiro. A Caerj compõe o Sistema da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil – Cisbra, organização multissetorial e multilateral que desenvolve parcerias estratégicas com as três esferas de governo, representações diplomáticas, câmaras de comércio e governos estrangeiros.

IBL Logística – Atua diretamente no departamento comercial, na aérea de novos projetos de Armazém e Transporte.

Penske Logistics Brasil – Fornece gerenciamento da cadeia de suprimentos e serviços de logística para empresas em todo o mundo.

Senac EAD – Na oferta de cursos EAD oferecidos pela instituição estão os livres, técnicos, de graduação, pós-graduação e extensão universitária.

Sua Entrega Comercial e Logística – Empresa de transporte rápido especializada em e-commerce, fazendo entregas via motoboys.  

Fases da logística que uma empresa realiza dentro de uma operação
AbastecimentoÉ responsável pela gestão dos suprimentos (matéria-prima) necessários para comercialização e fabricação de produtos acabados e semiacabados, com objetivo de garantir o correto funcionamento do restante das operações da cadeia de abastecimento. “Pois, se o processo não iniciar corretamente, podemos comprometer seriamente uma linha de produção, como a de uma montadora de veículos, por exemplo. Por isso, a logística precisa estar preparada para executar uma operação neste perfil, caso contrário os custos podem comprometer toda a operação e a empresa”, diz Schmeing, da IBL Logística
ProduçãoSe refere à logística integrada que faz a gestão e o controle de materiais, do processo produtivo e da mão de obra de uma empresa, e o seu maior benefício é a redução de custos e apoiar na redução do lead time de fabricação. “A empresa que não investe em sistema e processos operacionais, com o tempo desaparecerá do mercado. Há um ditado que muitas empresas usam: fazer mais com menos. Para isso, as companhias precisam investir em sistemas confiáveis para obterem redução de custos, caso contrário, enxugarão gelo”, diz o gerente comercial da IBL Logística.
DistribuiçãoÉ um conjunto de atividades relacionadas à distribuição ou entrega de mercadorias. Em alguns casos, quando esta logística não é bem elaborada antes da respectiva entrega, pode-se ocasionar muitos problemas para a companhia e para o cliente. “Ou seja, se a empresa de logística não tiver funcionários treinados e preparados para esta função, podem ocorrer problemas, como mercadorias não entregues, aumentando, assim, os custos e problemas com o cliente devido a atrasos, por exemplo”, afirma Schmeing, da IBL Logística. Rila, do Senac EAD, lembra que ela atua no processo logístico desde a saída do produto da fábrica até sua chegada no cliente.
ReversaO gerente comercial da IBL Logística revela que este tipo de operação não é bem-visto por muitas empresas de logística, pois, em alguns casos, a reversa diz respeito a retorno de produtos impróprios e, neste caso, a maioria delas não tem espaço adequado para armazenar esse produto, já que em muitos casos são produtos vencidos ou avariados. Por imposição do embarcador, esse trabalho precisa ser feito mesmo que em condições inadequadas, neste caso, citamos aqui produtos alimentícios e fármacos, por exemplo. Neste caso, a empresa precisa ter um local adequado para armazená-los, e na grande maioria das vezes, sem uma receita adequada e sem contar os riscos para a saúde. Por sua vez, Rila, do Senac EAD, lembra que esta é uma função que ganha cada vez mais destaque e que atua, principalmente, no pós-consumo: o produto faz o caminho inverso, retornando para empresa. “Por exemplo, produtos com defeito ou devolvidos por algum motivo pelo cliente”. Outra forma de logística reversa tem relação com questões ambientais e responsabilidades legais. Podemos citar o descarte de embalagens, baterias, pneus, onde estes pontos são regulamentados pela Política Nacional de Resíduos sólidos (Lei n°12.305, de agosto de 2010).  “Com a preocupação ambiental crescente, muitas empresas se beneficiam de ações de logística reversa, criando um diferencial competitivo para com seus consumidores”, completa Rila.
3PLEste modelo é o mais usado por empresas produtoras, já que na visão desse setor, a terceirização é mais viável economicamente. Uma vez que, ao optar pela terceirização do serviço, basta gerenciar as informações. Importante lembrar aqui que a atuação dos Operadores Logísticos envolve a armazenagem e distribuição dos produtos.
4PLTrata-se do modelo de operação mais usado pelas empresas logísticas e o mais interessante também, pois permite maior autonomia na operação, desde que tenham um sistema confiável para controle de estoque, recebimento, expedição e distribuição. “Com isso, a empresa pode ter melhor resultado perante o cliente e redução de custos operacionais, já que é responsável por toda a operação e controle de estoque e distribuição”, completa o gerente Comercial da IBL Logística. Rila, do Senac EAD, acrescenta que aqui temos uma evolução do processo anterior, ondem são realizados os mesmos processos com o incremento da interação com os fornecedores, gerenciando toda a operação. “Desta forma, as operações são otimizadas e as empresas se concentram no seu core business a produção dos seus itens.”
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