Por Guillermo Pando, vice-presidente da CHEP para América do Sul
Governos, reguladores, investidores e clientes estão exigindo cada vez mais que as empresas desempenhem seu papel nos esforços globais para enfrentar a mudança climática. Após cinco anos do acordo de Paris e meses da COP26, as empresas têm uma urgência não somente de cumprir as exigências de uma economia mais sustentável, mas também se mobilizam para fazer com que seus negócios sejam perenes e gerem resultados financeiros positivos.
Por conta disso, as maiores corporações do mundo estabeleceram metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em suas cadeias de abastecimento, estabelecendo metas ambiciosas para se tornarem neutras em carbono nos próximos cinco a dez anos. De acordo com a McKinsey, a cadeia de fornecimento de uma empresa de varejo típica gera custos sociais e ambientais muito maiores do que suas próprias operações. Os impactos gerados pela cadeia de suprimentos (supply chain) são responsáveis por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa e mais de 90% do impacto no ar, terra, água, biodiversidade e recursos geológicos.
A cadeia de suprimentos pode ser definida como a junção de uma série de processos que fazem parte do ciclo de vida de um determinado bem. O sucesso operacional de uma empresa, nos moldes do mercado atual, é diretamente proporcional à maneira como a cadeia de suprimentos é gerenciada.
Portanto para que um negócio seja eficiente e tenha longevidade, é estratégico que sua gestão de suprimentos, que passa pela logística, seja sustentável. Só para ter uma ideia dos impactos, as grandes indústrias compram até 5 milhões de paletes por ano para o transporte de produtos. Os paletes são estrados de madeira, metal ou plástico utilizados para movimentação de cargas. Ao utilizar uma solução sustentável, empresas poupam a extração de centenas de milhares de toneladas de madeira, metal ou plástico usado neste paletes.
Com um maior foco na redução das emissões de carbono, é apropriado perguntar como as empresas de transporte e logística estão enfrentando estes desafios.
Economia com serviços compartilhados
Quando você reserva uma passagem aérea, já o faz sabendo que ela servirá como meio de transporte para mais passageiros. Às vezes pode estar cheio, às vezes não. Não importa com quem você compartilha a viagem, é improvável que haja apenas um passageiro. A tripulação seguirá a mesma rota para o mesmo destino. Portanto, o custo é dividido entre eles, reduzindo a quantidade de combustível necessária para várias viagens e, é claro, reduzindo as emissões nocivas de CO2.
Então, por que não aplicar a mesma lógica para consolidar o frete e compartilhar ativos na cadeia de abastecimento?
O Brasil é um país que faz o transporte de cargas, principalmente, por estradas rodoviárias. Baixa oferta de vagas de carga e descarga e ocupação indevida dessas vagas por outros tipos de veículos. Segundo estudo da CNT (Agência Nacional de Transportes), a falta de vagas, a insegurança sofrida pelos transportadores, sendo o roubo de cargas o tipo de ocorrência mais comum e o custo alto são empecilhos para a movimentação de cargas.
Empresas que miram em ter menos custos de logística e investem em otimização, geram eficiência e aumentam suas margens. Com a prática da logística compartilhada, o pooling, podem economizar até 30% de custos, segundo dados apurados pela CHEP, uma empresa de soluções logísticas sustentáveis.
Os problemas encontrados pela CNT têm forte impacto nos custos e na qualidade do serviço de transporte de cargas em áreas urbanas. Em alguns casos, as barreiras encontradas pelos transportadores têm gerado taxas extras que incidem sobre o preço do frete. Dois exemplos são a Taxa de Dificuldade de Entrega (TDE), negociada a partir de um piso de 20% sobre o valor do frete; e a Taxa de Restrição do Trânsito (TRT), calculada em 15% do frete.
Solução: logística de pool
A CHEP tem milhões de paletes em circulação. Ela faz a entrega e retirada deste paletes para empresas de todos os setores, que transportam cargas entre produtores, centros de distribuição e outras empresas, como supermercados. É uma empresa especializada na partilha e reutilização de paletes, então a descarbonização da cadeia de fornecimento ganha relevância e impacto para a marca. Além disso, são estrados feitos de madeira reflorestada ou de plástico reciclado. A vida útil de um destes paletes chega a oito anos.
Seu sistema de “compartilhar e reutilizar”, conhecido como pool, minimiza as distâncias percorridas o transporte de paletes que não “carregam” mercadoria nenhuma, em viagens sem propósito econômico; colabora regularmente com os clientes para aproveitar as cargas livres para mover paletes em vez de enviar um caminhão adicional. Além disso, através de sua solução de embalagem, a empresa é capaz de encher melhor o caminhão e usa a visibilidade que tem no negócio de paletes das cadeias de fornecimento de seus clientes para incentivá-los a compartilhar veículos. Juntamente com o relacionamento com fabricantes e varejistas, o que lhes permite desafiar algumas das barreiras sistêmicas que retêm esses níveis de enchimento de caminhões.
Eficiência do frete
Voltando a exemplos visíveis na indústria de logística e transporte, em vários países as alturas de paletes são limitadas a 1,7 metros – uma medida ajustada para estantes de armazenagem – mas deixam 0,8 metros de espaço vazio na parte superior de um caminhão típico. Para algumas cargas, os padrões de peso são uma restrição, pois impedem a utilização total do espaço.
Outro exemplo de eficiência é carregar o nível inferior do caminhão com mercadorias pesadas e o nível superior com mercadorias mais leves para otimizar tanto o peso quanto o cubo. Embora esta não seja uma ação sistemática, ela oferece uma solução simples e eficaz.
A colaboração é necessária se quisermos fazer progressos genuínos em matéria de emissões de carbono.
Finalmente, existe a necessidade de trabalhar em conjunto para entender melhor quais são as barreiras a serem superadas e onde se encontram as oportunidades de melhoria. Este é um desafio compartilhado por toda a cadeia de fornecimento, varejistas e fabricantes. O custo, naturalmente, é a eficiência de recursos que se refletirá em economia de CO2, custos, motoristas necessários, congestionamento das estradas e poluição.
A CHEP alcançou a neutralidade de carbono em todas as suas operações. Isto significa que as emissões líquidas de CO2 da empresa foram reduzidas a zero no Escopo 1 (emissões diretas da combustão de combustível) e Escopo 2 (emissões indiretas da produção de eletricidade comprada), que estão incluídas no Protocolo de Gases de Efeito Estufa Normalizado. Estes são resultados do trabalho conjunto da empresa com todos os seus clientes e parceiros comerciais. Cada mercado está colaborando ativamente para identificar rotas comuns e compartilhá-las, com o objetivo de reduzir as milhas vazias, bem como os impactos ambientais.









