Jundiaí ainda é a terra da uva?

15/03/2008

Esta antiga denominação promocional ou simplesmente “slogan”da cidade, resistente ao tempo, irreverente ao vigoroso crescimento da indústria, do comércio e dos serviços, ainda cabe como identificação da cidade?

Bom destacar que estes “city nicknames” (apelidos, como chama a língua inglesa) não obrigatoriamente expressam uma característica real da cidade.  Roma é a “cidade eterna”, mas ironicamente uma máxima de origem romana garante que “nada é eterno”.  Paris, a “cidade luz”, não tem tantas lâmpadas assim.  A “cidade maravilhosa”, caindo na real, já não tem tantas maravilhas.  A “terra da garoa” hoje é terra da enchente e a máxima “São Paulo não pode parar” poderia ser adequadamente substituída por “tem que parar”.

Mas os “slogans” continuam e surgem novos.  Várzea Paulista ganhou recentemente a atribuição de “cidade das orquídeas”.  Campo Limpo Paulista é oficialmente a “cidade do aço forjado”, referência à Krupp.  De fato, em contas bem feitas, espante, mais da metade de toda a produção do município são girabrequins!  Se tem denominação que se encaixa com realismo à cidade é “capital do girabrequim”.  No mesmo sentido, Araras seria a “terra do açúcar”, Pirassununga a “terra da pinga”, Votorantim a “terra do cimento” e por aí.

Outras denominações oficias na região:  Jarinu, sempre acolhedora”,  Atibaia, “cidade das flores”, “Cabreúva “cidade amizade”, Cajamar “pólo industrial da Grande São Paulo”, Itatiba “capital brasileira do móvel colonial”, Valinhos, “capital do figo roxo”, etc.  Itupeva não tem.

Louveira é a “cidade da uva” e Vinhedo, o nome já diz, é a “capital da uva”.

Mas, enfim, Jundiaí é ou não a “terra da uva”?

Apelemos às estatísticas. Em 2004, Jundiaí foi a segunda cidade produtora de uva do Estado, perdia para São Miguel Arcanjo, oficialmente a “capital da uva Itália”.  Em 2005, foi a terceira, perdia também para Pilar do Sul, oficialmente à “nascente das águas”.  Em 2006, Jundiaí recuperou o segundo lugar.

Hoje, a produção brasileira de uva tem dois endereços principais: a região do cerrado, junto ao Rio São Francisco e o Estado do Rio Grande do Sul.  Na última estatística do IBGE, Jundiaí pegou o 12º lugar em produção de uva, veja o gráfico.  A cidade pernambucana de Petrolina, na beira do Rio São Francisco, produz mais que o quíntuplo de Jundiaí.  Quase tudo é exportado.

Em contrapartida, nossa uva é boa, aliás ótima.  É destacadamente a principal lavoura da cidade, quase ¾ da produção agrícola.  Além do mais, foi singular a importância dos vinhedos jundiaienses na nossa História.  Economicamente somos a terra da indústria, comércio e serviços, mas francamente, “terra da uva” é uma agradável denominação.  Difícil descrever por que, mas soa bem, cai bonito, dignificante, alegre, sadio, confortante.

Cabe um empenho para manter este “slogan”,  com indústria e tudo.  Jundiaí, terra da uva.

Mariland Francisco Righi é economista, colaborador da ACE e pesquisador pela empresa DELTA – Análise de cidades

 

Mariland Francisco Righi é economista, pesquisador pela empresa DELTA – Análise de Cidades e, assumiu, recentemente, a vice-presidência de Economia da ABEPL.

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