Por Matheus Câmara*
A digitalização e a inovação nas operações de comércio exterior parecem não ser suficientes para a pressão que a cadeia de Supply Chain e Comex sofrem desde o início da pandemia de COVID-19. Infelizmente, as previsões para este ano não são muito animadoras com as novas variantes do vírus e também porque a estrutura logística de portos, aeroportos, rodovias e, principalmente, do frete internacional se mostraram ineficientes para a retomada necessária.
O New York Times publicou, em fevereiro deste ano, um artigo apontando que o desafio nos portos não mostra sinais de diminuição, e os preços das mercadorias continuam em ascensão, ou seja, o tempo sozinho não resolverá a Grande Ruptura da Cadeia de Suprimentos. Para lidar com esse cenário, enquanto isso, desenvolvedores de tecnologias realmente inovadoras para o comércio exterior veem na Web 3.0 uma poderosa aliada para apoiar esses desafios.
Um panorama sobre a Web 3.0
A Web 3.0 representa um modelo de conexão descentralizado, indo além do modelo de interação proposto pela Web 2.0, onde os usuários são criadores de conteúdo em redes centralizadoras (como as redes sociais, por exemplo). Esta nova fase da internet usa a tecnologia de blockchain, antes conhecida apenas por causa das criptomoedas, para apoiar a descentralização dos negócios, trazendo segurança, maior velocidade e uma enorme exatidão nas transações e contratos inteligentes entre empresas.
Nesse sentido, tecnologias como DeFi’s (finanças descentralizadas), NFT’s (bens digitais) e metaversos (mundos virtuais que operam baseados em blockchain) criam um universo de comex descentralizado e pautado pela convergência de várias tecnologias que já existem para serem aplicadas ao mesmo tempo, num salto quântico de sinergia. Aliando à banda larga, mobilidade da internet, tecnologias de redes semânticas e Internet das Coisas (IoT), chegamos ao conceito de Web 3.0, em que todas as ferramentas são utilizadas juntas, de maneira inteligente e orquestrada.
Sendo assim, a ideia de contratos inteligentes em conjunto com a descentralização do ecossistema de comex, aliados a um bom planejamento estratégico, e apoiados por uma tecnologia completa, resiliente, sustentável e intuitiva, auxiliam as operações com soluções para os problemas de Interrupção logística, atrasos na produção e da dependência excessiva de fornecedores terceiros. Além disso, possibilita trazer mais confiança para a auditoria de qualquer operação, que estará 100% conectada. Isso diminui, ainda, a necessidade de os profissionais de comércio exterior terem que se deslocar fisicamente.
Web 3.0 e o relacionamento com o cliente
Ademais, é importante destacar que, muito antes dos metaversos virarem uma realidade, uma boa experiência do usuário (UX) com softwares intuitivos e inteligentes deve ser uma prioridade de investimento para os gestores. A evolução do modelo de interação entre usuários e sistemas é uma etapa primordial nesse processo de transformação digital, de modo que a evolução dos sistemas operacionais cria uma linguagem universal acessível.
Por fim, o fato é que, em 2022, os investimentos das empresas estão reservados para aprimorar ainda mais o planejamento da cadeia de suprimentos, incluindo tecnologias como a Inteligência Artificial, tecnologias avançadas de rastreamento e aplicação prática do blockchain. Essas estratégias devem reduzir os custos e a influência dos preços de commodities e os desafios enfrentados com a mão de obra por causa da COVID19.
*Matheus Câmara é Founder e Head de UX-Design do DigiComex. O executivo é desenvolvedor especializado em UX e UI Design, além de atender demandas em front-end e ativações multimídia.