A evolução da construção civil: Tecnologia da Informação é uma questão de sobrevivência

20/09/2010

Alguns gestores de empresas de engenharia e construção civil ainda têm a ideia de que investimento em Tecnologia da Informação significa computadores, internet e apenas programas como CAD. Essa ligação existe, é claro, porém o desenvolvimento da gestão vai muito além. Cada vez mais a tecnologia passa a ser instrumento de gestão organizacional, deixando de ser vista como um diferencial competitivo para se tornar uma necessidade.

Muitos profissionais da área já começam a trabalhar com o conceito de BIM – Building Information Modeling, que pode tanto ser visto como uma representação das características físicas e funcionais do empreendimento (um modelo digital do edifício), como também um processo onde se utilizam tecnologias da informação em todas as fases do ciclo de vida da edificação para promover a colaboração e utilização eficiente da informação produzida.  O desenvolvimento de projeto com tecnologias BIM permite que alterações sejam feitas com agilidade, com plantas e seções atualizadas automaticamente , bem como extração de quantitativos, etc.

Agora, mais do que nunca, enxerga-se a importância da evolução dessa relação entre TI e construção civil: o mercado está aquecido. Porém não é um simples aquecimento. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, em 2010, esse setor pode movimentar R$ 202 bilhões e somar 2,4 milhões de empregos formais; a previsão é que esse crescimento se intensifique ao longo da próxima década, principalmente por conta das obras para a Copa do Mundo de 2014,  Olimpíadas de 2016, plano econômico do Governo Federal – Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), com R$ 278,2 bilhões para habitação, incluindo o programa Minha Casa, Minha Vida, além de linhas de crédito, etc. São investimentos para melhorias no transporte público e nas ruas, no setor hoteleiro, reforma de aeroportos, restaurantes e bares e nos estádios, todos atendendo exigências da FIFA e da Confederação Mundial dos Jogos Olímpicos. São previstos investimentos de 20 bilhões de dólares por ano entre 2011 e 2021, sendo que a porta de entrada será a construção civil, que também ficará com a maior fatia do investimento.

As empresas da vertical de EC&O (engenharia, construção e operações) precisam se preparar adequadamente para melhorar, entre outras coisas, a gestão de seus projetos, ativos, relações com fornecedores e seus sistemas financeiros de apoio a gestão. Já estamos vivendo tempos onde projetos tornam-se cada vez mais complexos e informações circulam cada vez mais rápido. Um ciclo apropriado para integrar, analisar e distribuir informações já é necessário para garantir a perpetuação do negócio. Quem é que não precisa baixar custos, aumentar a lucratividade e, cada vez mais, atender a rígidos padrões de governança corporativa?

Esse setor está com uma enorme carência de profissionais especializados. Essa lacuna vai desde pedreiros até engenheiros, ou seja, atinge todas as etapas de uma obra, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon SP). Como um gestor pode dar conta de uma demanda crescente, mas não diminuir a qualidade do serviço prestado e, ainda, respeitando o timming de entrega das obras? Essas respostas estão na TI e, especificamente para a sua gestão, no Enterprise Resource Planning (ERP).

Certo, mas em que aspectos o ERP pode salvar minha gestão? Muitos irão pensar que já possuem essas soluções e que lidar com mudanças na cultura da empresa, além de bancar a implementação, pode ser desperdício de tempo e dinheiro. O que falta, no entanto, é dimensionar os ganhos que o ERP é capaz de trazer no médio e longo prazo para um crescimento sustentável. É importante frisar que este tipo de investimento não é apenas para maximizar retorno nos momentos prósperos do mercado, mas principalmente para garantir a sobrevivência durante os momentos de baixa ou estagnação.

De forma prática podemos considerar cinco objetivos principais para a atuação de um ERP:

– Controles financeiros, cruzando informações, trazendo indicadores, simuladores de cenário, fluxo de caixa, realizando planejamentos e orçamentos;

– Controle de políticas e padronização, utilizando informações centralizadas para uma maior eficiência financeira e operacional, assim como previsões mais exatas;

– Informações em tempo real para facilitar a distribuição inteligente de recursos, maximizando a produtividade;

– Funções de aprimoramento de compra, supply chain e manutenção, através de uma melhor gestão de relacionamento com o fornecedor;

– Gestão completa, física e financeira, do ciclo de vida de projetos.

Os resultados são diversos, refletindo, inclusive, nas tomadas de decisões: com a diminuição da burocracia e do tempo para fazer lançamentos e procura de dados, a obra apresenta um fluxo mais contínuo e independente, acelerando todas as suas etapas. Há pesquisas acadêmicas que mostram que uma empresa com a TI estruturada pode diminuir em até 30% os custos e o tempo de entrega de uma obra se comparada com uma que não possui.

Situações de alto risco, porém, oportunas, que exigem velocidade na tomada de decisão podem trazer a tona a vantagem de se ter um ERP. Por exemplo, em uma fusão ou aquisição. Outro cenário um pouco mais comum, mas não muito menos complexo, são as adequações fiscais e legais. De forma mandatória e geralmente com prazos curtos, as empresas têm que se adequar a novas formas de contabilização e apresentação de resultados, por exemplo.

E o ERP? A empresa pode ter que solicitar mais recursos, contratar novos profissionais, produzir novos relatórios, comunicar os setores envolvidos sobre as mudanças, atender a rigorosos critérios de Compliance e Governança Corporativa, realizar análises financeiras complexas, adequar processos e políticas existentes e também adicionar novas informações entre outras atividades que podem variar de acordo com o setor e cargo. Essa é a função do ERP: fazer rapidamente, e com economia, o que poderia levar dias, além de diminuir os riscos de perda de informações e recursos.

Que fique claro: o modelo simples com que muitas empresas trabalham pode ser, sim, eficaz, porém está mais vulnerável a erros, demoras e desperdícios, além da perda de informações e oscilação da produtividade. Mas é preciso deixar claro que esse setor precisa se desenvolver como um todo e a TI pode ser a base para a solidificação e crescimento harmônico da empresa.

Alessandre Trintim – diretor da Essence, empresa de consultoria e outsourcing, especializada em Tecnologia e Informação para negócios.

Eduardo Toledo Santos – professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

bmachado@brsa.com.br

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