Qual é o presente e o futuro do setor de armazenagem de materiais? Quais as tendências em termos de equipamentos e de conceitos? Alguns dos mais importantes consultores da área de logística abordam estes aspectos, nesta matéria especial de LogWeb.
A busca por eficácia no processo de armazenagem é baseada nas técnicas de qualidade e produtividade que nortearam, no passado, os programas de aumento da competitividade da indústria, pois entendia-se, então, que a armazenagem deveria ficar em segundo plano em relação à produção.
O mesmo processo, iniciado a partir da indústria e que levou o Japão a ser o expoente de competitividade nos anos 70 e 80, faz com que, hoje, possamos sentir suas influências em toda a Cadeia de Abastecimento.
“Hoje, podemos perceber que a Logística de Distribuição se desenvolveu de tal forma que, além de estar integrada aos conceitos de qualidade e produtividade, possui um bem maior que se refere ao conhecimento das necessidades, comportamentos e expectativas de cada cliente.”
O raciocínio é de Eduardo Banzato, gerente da IMAM Consultoria, para quem este ambiente permite identificar algumas tendências para armazenagem que influenciam nossas decisões atualmente (ver tabelas)
Armazém Tradicional
- Não valoriza a atividade das pessoas envolvidas.
- Recebe produtos e objetiva expedi-los da mesma forma que eles entraram,
evitando muitas atividades adicionais.
- Pouca ênfase à organização das tarefas, através da organização do ambiente de trabalho.
- Mantém qualquer tipo de produto estocado, desde que possa ser solicitado, e mesmo assim provoca falta dos mesmos.
- Baixo aproveitamento dos recursos operacionais (operadores, equipamentos, espaço, tempo, etc.).
- Falta de sincronismo operacional.
- A quantidade em estoque é vista como a garantia do nível de serviço.
- Falta de acuracidade de estoques
- Utilização de muitos papéis (formulários) no processo de armazenagem.
- Erros operacionais em função de erros de informações.
- Pouca informação para planejamento operacional.
- Não possui histórico operacional sobre o fluxo de produtos.
- Muitas decisões humanas ficam submetidas ao erro, por falta de informações suficientes.
- Fluxo de informações via oral, escrita ou digitada propicia erros.
- Sistemas e equipamentos operacionais obsoletos geram baixa eficiência.
- Utilização do sistema de localização fixa dos materiais no estoque gera mal aproveitamento da infra-estrutura.
- Não se preocupa com as perdas geradas pelos excessos de manuseios durante a estocagem.
- Fornece a mesma condição de estocagem para todos os itens (SKU), em benefício da padronização.
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SegundoBanzato, na comparação do armazém tradicional com o armazém do futuro, é possível identificar muitas diferenças, mas ele apresenta alguns aspectos complementares que podem ser explorados sobre o armazém do futuro. “Lembramos que estes aspectos são conseqüência direta dos objetivos principais do armazém do futuro”, diz ele. E relaciona estes aspectos:
Avaliações criteriosas dos retornos sobre investimentos (ROI) em projetos de automação;
Prédios de construção modular ou autoportantes;
Minimização do número de colunas que restringem a distribuição do layout;
Pé direito superior a 9 m;
Pisos mais resistentes, planejados de acordo com os pesos e alturas de cargas;
Áreas de recebimento e expedição com sistemas de carga e descarga rápidas;
Tecnologia da Informação (código de barras com radiofreqüência, WMS – Sistemas de Gerenciamento de Armazéns, processos de separação “Pick-to-Light”, etc.) não são requisitos obrigatórios, em muitos casos;
Sistemas de movimentação e estocagem flexíveis e adequados às características diferenciadas dos produtos;
Flexibilidade, padronização e disciplina operacional devem ser inseridas no Sistema de Gerenciamento;
Áreas de acesso e circulação de veículos (caminhões de pequeno, médio e grande porte) devem ser consideradas no projeto do armazém;
Manutenção de indicadores de desempenho associados aos Indicadores Globais (Balanced Scorecard);
Programas de envolvimento de pessoas com foco na implementação de Kaizen (melhorias contínuas).
Flexibilidade.
Pelo seu lado, Gilberto Corrêa Cruz, sócio-gerente da Treptau & Associados, Consultoria e Planejamento Industrial, diz que a armazenagem é uma parte
importante da cadeia da logística de qualquer negócio, algumas vezes erroneamente avaliada como uma atividade estanque e totalmente independente das demais pertencentes à cadeia.
“Vale rever o óbvio: os negócios mudam na velocidade da informação. Clientes querem mais opções de compra com menores preços. O varejo busca otimizar sua cadeia de abastecimento e seus estoques, fazendo menores volumes por pedido e pedidos mais freqüentes, algumas vezes entregues diretamente nas lojas”, diz ele.