ALL e Rumo selam fusão e encerram litígio bilionário

11/05/2014

O futuro da maior ferrovia do país, a ALL, foi decidido numa típica assembleia de acionistas brasileira. Um evento protocolar, na sede da empresa em Curitiba e que durou apenas sete minutos, aprovou a incorporação pela Rumo, para fusão dos negócios, com a presença de 75% do capital e o aval de 67%. Assim, a principal malha ferroviária do país está nas mãos do empresário Rubens Ometto, dono da Cosan, que terá maioria no conselho de administração da empresa.

O resultado desta combinação é que a ALL retoma sua capacidade de investimento e expansão. Embora a consumação da fusão dependa do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), já há um plano sendo desenhado, com previsão de investimento de R$ 5 bilhões para ampliação de capacidade de transporte, dentro dos próximos cinco a oito anos. Esse valor pode alcançar R$ 8 bilhões, a depender de uma potencial extensão dos prazos de concessão da ferrovia. Os detalhes exatos ainda não foram fechados.

Sem dar detalhes, Ometto disse ao Valor que a Rumo está concluindo um projeto de expansão ferroviária que vai "mudar o paradigma logístico do agronegócio no país" e que o sucesso da fusão é fruto de um "trabalho árduo".

Atualmente, a capacidade da malha é de 17 milhões toneladas anuais (na chamada bitola larga). Com o fim da duplicação do trecho Campinas-Santos, deve alcançar 35 milhões e, com os novos investimentos, o almejado é chegar a 70 milhões no longo prazo.

À frente dessa nova ALL, permanece Alexandre Santoro, que ocupa o cargo desde junho de 2013.

A combinação dos negócios foi apadrinhada por Beto Sicupira, do trio criador da AmBev (com Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann), e um dos fundadores e ex-sócio da GP Investimentos – principal acionista da ALL até 2009, quando vendeu sua fatia à gestora BRZ.

Com a fusão, entre ganho de eficiência com a substituição do transporte de açúcar por commodities com fretes maiores e o fim das perdas e gastos com o contrato, a nova ALL terá potencial de gerar dez vezes mais caixa do que a atual – podendo passar para R$ 500 milhões anuais de fluxo de caixa operacional.

Essa nova realidade é o que deve permitir que a companhia possa se financiar buscando novas dívidas, inclusive no BNDES. Ao fim de março, a dívida líquida da ALL estava em R$ 4,6 bilhões, equivalente a 2,3 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) dos últimos 12 meses. Com a incorporação, o indicador deve cair para cerca de 1,6 vez.

No caso de ser necessária uma capitalização, além das condições do negócio estarem mais atrativas para um eventual acesso ao mercado, o fundo canadense Canada Pension Plan (CPP) ainda tem interesse no negócio. A fundação mantém negociação há cerca de dois anos para entrar na Rumo e estaria interessada até na comprar da fatia do Gávea. As conversas foram paralisadas, aguardando a fusão.

Fonte: Valor Econômico

 

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