Por Ariel Diaz*
Crises econômicas, tensões geopolíticas e eventos globais, como a pandemia de COVID-19, impulsionaram transformações no comércio internacional, muitas delas em linha com padrões históricos. Atualmente, observa-se um movimento em direção à “slowbalization”, ou desaceleração da globalização, que está remodelando as cadeias de suprimentos globais e exigindo adaptações estratégicas nas operações corporativas.
A ascensão de blocos regionais e acordos bilaterais tem tornado o comércio mais regionalizado e, ao mesmo tempo, potencialmente mais resiliente a choques, conflitos geopolíticos e mudanças regulatórias. Essa tendência, já visível especialmente na Ásia e na Europa, tem potencial para se expandir para outras regiões do mundo, especialmente na América Latina.

De acordo com o relatório Asia Pacific Trade and Investment Briefs 2024/25, da Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico (ESCAP), cerca de 60% do total das exportações da região Ásia-Pacífico são intrarregionais, evidenciando a regionalização do comércio asiático. Na Europa, segundo dados da UN Trade & Development, em 2024, 66% das exportações foram destinadas a parceiros dentro do próprio continente. Ou seja, mais da metade do comércio exterior desses grandes blocos ocorre dentro de suas próprias regiões, demonstrando forte integração regional. Em contraste, na América Latina, as exportações intrarregionais representam aproximadamente 15% do volume total exportado pela região.
Apesar de enfrentar desafios comuns a outras regiões, a América Latina está bem-posicionada para aumentar sua relevância no comércio regional e internacional. Sua proximidade com grandes economias, o avanço contínuo de novos acordos comerciais, a busca crescente pela diversificação de mercados e a capacidade de fortalecimento das cadeias de suprimentos regionais criam um ambiente favorável. Além disso, o dinamismo do consumo interno e a diversidade econômica em setores estratégicos podem consolidar a região como um agente relevante no cenário global.
No contexto da “slowbalization”, a logística assume um papel ainda mais estratégico. Com cadeias de suprimentos mais curtas e diversificadas, sujeitas a ajustes regulatórios e geopolíticos, a eficiência logística se torna uma vantagem competitiva essencial. Por meio dela, países e empresas podem reduzir custos, diminuir prazos de entrega, ampliar o acesso a novos mercados e garantir resiliência.
A logística deixou de ser apenas um suporte operacional e passou a ser um pilar estratégico para a continuidade e adaptação do comércio internacional diante das transformações globais. A FedEx investe continuamente em inovação e em uma rede robusta para superar barreiras e facilitar os fluxos comerciais. Além disso, a capacidade de mobilizar rapidamente equipes e adotar tecnologias que assegurem a rastreabilidade e a integridade documental é fundamental para proteger as cadeias de suprimentos e mitigar riscos.
Nesse cenário, estabelecer alianças estratégicas com fornecedores que ofereçam soluções integradas — incluindo suporte ao desembaraço aduaneiro, serviços flexíveis que se adaptem às necessidades dos clientes e uma experiência fluida — torna-se um diferencial decisivo para preservar operações e competitividade em ambientes desafiadores.
A história mostra que o comércio sempre encontra caminhos para manter o fluxo de bens e serviços entre fronteiras. A América Latina, com sua diversidade econômica e capacidade de adaptação, está bem-posicionada para transformar desafios em oportunidades de crescimento sustentável e maior participação no cenário internacional.
*Ariel Diaz é vice-presidente de Assuntos Jurídicos e Regulatórios da FedEx para a região da América Latina e Caribe (LAC).








