Reduzindo a pegada de carbono na cadeia de suprimentos: estratégias para um futuro sustentável

Neste artigo, o colunista do Portal Logweb Paulo Tavares explora as melhores práticas para reduzir a pegada de carbono e apresenta exemplos de empresas que estão liderando o caminho para um futuro mais verde.



O aquecimento global e as mudanças climáticas se tornaram questões prementes para governos, sociedade civil e empresas ao redor do mundo. Dentre as muitas vias disponíveis para mitigar esse problema, a redução da pegada de carbono na cadeia de suprimentos emerge como uma solução imperativa e estratégica.

Ao adotar práticas sustentáveis e implementar novas tecnologias, as empresas podem não apenas reduzir seu impacto ambiental, mas também aprimorar a eficiência operacional e fortalecer sua reputação corporativa. Neste artigo, exploraremos as melhores práticas para reduzir a pegada de carbono e discutiremos exemplos de empresas que estão liderando o caminho para um futuro mais verde, incluindo duas brasileiras.

Reduzindo a pegada de carbono na cadeia de suprimentos: estratégias para um futuro sustentável

Compreendendo a pegada de carbono

A pegada de carbono refere-se à quantidade total de gases de efeito estufa (emissões de GEE) que são emitidos direta ou indiretamente por atividades humanas. Na cadeia de suprimentos, isso pode incluir emissões de transporte, fabricação, armazenamento, manuseio e uso de produtos.

Principais fontes de emissão de carbono na cadeia de suprimentos

– Transporte: Combustíveis fósseis usados em caminhões, aviões e navios são grandes contribuintes para as emissões de GEE.

– Produção e fabricação: Processos industriais que usam energia intensiva geram emissões substanciais.

– Embalagem: A produção, uso e descarte de embalagens representam uma quantidade considerável de emissões.

– Gestão de resíduos: Descarte inadequado de materiais e falta de reciclagem levam a emissões adicionais.

Estratégias para reduzir a pegada de carbono

Reduzir a pegada de carbono na cadeia de suprimentos não é apenas uma responsabilidade ambiental, mas uma oportunidade para impulsionar a eficiência e a inovação.

1. Transporte sustentável

Reduzir as emissões de transporte é fundamental para diminuir as emissões totais. Algumas estratégias incluem:

– Roteamento inteligente: Uso de tecnologia para otimizar as rotas de entrega, economizando combustível e reduzindo tempo no trânsito.

– Veículos de baixa emissão: Migração para frotas elétricas, híbridas ou de baixa emissão para diminuir a dependência de combustíveis fósseis.

– Transporte multimodal: Combinação eficaz de transportes rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo para otimizar rotas e reduzir o consumo de energia.

2. Eficiência energética na produção

Melhorar a eficiência energética nas instalações de fabricação pode fazer uma diferença significativa:

– Tecnologias energéticas limpas: Implementação de equipamentos e maquinário de maior eficiência energética.

– Fontes de energia renováveis: Integrar energias solar ou eólica nas operações industriais.

– Inovações de processo: Adotar métodos de fabricação que demandem menos energia e emitam menos carbono.

3. Gestão de resíduos e reciclagem

A manipulação eficaz de resíduos impacta diretamente as emissões:

  • Programas de reciclagem: Criar sistemas iterativos e eficientes de reciclagem que reduzam o desperdício.
  • Economia circular: Implementação de práticas focadas em reuso, refurbish e reintrodução de materiais na cadeia produtiva.
  • Desmaterialização: Desenvolver produtos mais leves e ecoeficientes, que requerem menos matérias-primas.

4. Digitalização e automação

A digitalização pode melhorar processos operacionais volumosos:

– Sistemas de gestão de informação: Supervisão automatizada em tempo real de impulso para a sustentabilidade.

Blockchain para rastreabilidade: Registro transparente das emissões através das cadeias produtivas para mitigar ineficiências.

5. Colaborações estratégicas

Trabalhar em colaboração com outros atores pode multiplicar os benefícios ambientais:

– Parcerias verdes: Colaborações com fornecedores que compartilhem a mesma visão ética e práticas para sinergia colaborativa.

– Stakeholder engagement: Incluir os stakeholders (fornecedores, clientes) na missão de sustentabilidade.

Implementação na Prática

Transformar conceitos em práticas palpáveis pode parecer complicado, mas é viável com um planejamento estratégico coeso e investimento apropriado.

– Análise de pegada de carbono atual: Tire um raio-x das emissões atualmente geradas pela sua empresa e identifique as maiores fontes.

– Defina metas realistas: Crie objetivos a curto e longo prazo para redução de emissões e busque certificações ou reconhecimentos relevantes.

– Desenvolva um plano de ação: Compilo um plano estratégico que inclua as estratégias adaptadas à natureza singular das operações da empresa.

– Treine e eduque: Ofereça treinamento e conhecimento necessário aos colaboradores e stakeholders.

– Monitore o progresso e adapte-se: Utilize KPIs ambientais e revisões periódicas para ajustar as abordagens e progresso dimensionado.

Exemplos reais de empresas que reduzem a pegada de carbono e que demonstram experiências práticas consolidando essas estratégias com histórias inspiradoras de sucesso:

1. Ambev (Brasil)

Comprometida a reduzir em 25% suas emissões de carbono até 2025, a Ambev investiu em fontes de energia renováveis e na atualização das suas frotas para veículos de combustíveis alternativos. A empresa também está implementando programas de logística reversa para reutilizar embalagens.

2. BASF (Brasil)

A BASF implementou medidas de eficiência energética como parte da sua estratégica unimaterial e média circularidade dentro do Grupo. As bandeiras indicam uma abordagem abrangente para reduzir as emissões em suas instalações de produção em todo o mundo, centrando-se em energias renováveis e inovação tecnológica.

3. Unilever

Em iniciativas globais de redução de carbono na cadeia de suprimentos, a Unilever comprometeu-se a alcançar emissões líquidas zero até 2039. A empresa implementou programas que incentivam práticas agrícolas sustentáveis e embalagens BCOO3.

4. Maersk

A gigante logística Maersk também aloca esforços significativos para desenvolver rotas de navegação neutras em carbono até 2050, incorporando novas tecnologias de combustíveis limpos ousados.

5. Microsoft

Como parte da meta ambiciosa de se tornar de carbono negativo até 2030, a Microsoft tem investido pesadamente em tecnologias para reduzir a pegada de carbono das operações de suas cadeias de suprimentos, integrando blockchain para rastreabilidade.

Conclusão

Reduzir a pegada de carbono na cadeia de suprimentos é mais do que uma responsabilidade ambiental – é uma estratégia essencial de negócios que pode ajudar a mitigar riscos, reduzir custos e impulsionar a inovação. À medida que as pressões regulatórias aumentam e os consumidores se tornam mais conscientes, as empresas que adotam práticas de baixo carbono estarão preparadas para se destacarem e prosperarem.

Implementar medidas de sustentabilidade nas operações é fundamental para ganhar competitividade num mundo onde cada vez mais se valoriza responsabilidade e eficiência ecológica. Ao seguir os exemplos de empresas líderes, outras empresas podem não apenas sobreviver, mas também liderar o caminho para um futuro econômico e ecologicamente viável.

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Paulo Tavares

Paulo Tavares

É consultor internacional em Supply Chain e atua em mais de 15 países em projetos de ponta a ponta na cadeia de suprimentos. Mestre em Engenharia de Produção e Manufatura, estudou sobre Blockchain na Cadeia de Suprimentos. É pós-graduado MBA em Gestão Logística pela FGV, especializado em empreendedorismo pelo Babson College em Boston EUA e graduado em Administração de Empresas. Especialista em Gestão Ágil e Inovação pela FGV. Executivo com mais de 20 anos de experiência em Supply Chain Management,  ocupou cargos importantes em diversas empresas, dentre elas Thyssenkrupp, Natura e Bosch. Possui experiência em projetos internacionais, leciona nos cursos de MBA da FGV, USP e Albert Einstein. Autor de quatro livros e dezenas de artigos na área.

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