Pessoas no centro: A nova lógica do Supply Chain

Segundo Paulo Roberto Bertaglia, colunista do Portal Logweb, construir cadeias de suprimentos mais humanas não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente. Organizações que colocam as pessoas no centro estão mais bem posicionadas para enfrentar desafios, inovar e liderar em um mercado cada vez mais exigente.

.

Durante décadas, o Supply Chain foi visto majoritariamente como um conjunto de processos, fluxos e tecnologias orientados para eficiência e custos. Sistemas de gestão avançados, automações e dashboards sofisticados ocuparam o centro das discussões, enquanto o elemento humano muitas vezes era tratado como um componente operacional a ser gerenciado. Mas essa lógica está mudando. E com razão.

Em um mundo cada vez mais dinâmico, interconectado e imprevisível, as pessoas emergem como o verdadeiro motor da transformação nas cadeias de suprimentos. Não são apenas máquinas ou algoritmos que garantem resiliência e inovação, mas sim profissionais que conseguem pensar criticamente, colaborar entre áreas, liderar com propósito e tomar decisões éticas em contextos complexos.

Pessoas no centro: A nova lógica do Supply Chain

Eu tenho enfatizado “este lado humano” em minhas palestras e workshops e este artigo propõe uma reflexão sobre essa nova lógica. Ele explora como as pessoas, com suas habilidades técnicas e comportamentais, são fundamentais para construir cadeias de suprimentos mais sustentáveis, colaborativas e preparadas para o futuro. Mais do que uma tendência, colocar o ser humano no centro é uma necessidade estratégica.

Ao longo das próximas seções, analisaremos o papel da liderança, o desafio do desenvolvimento de talentos, a importância das soft skills e o valor da educação continuada como pilares para um Supply Chain verdadeiramente humanizado.

Pessoas no centro da transformação logística

Quando pensamos em Supply Chain, é comum que o foco recaia sobre tecnologias emergentes, automações inteligentes e sistemas de última geração. Essa ênfase não é injusta, afinal, a digitalização abriu novos horizontes para o setor.

Contudo, há algo fundamental que não pode ser ignorado: por trás de toda tecnologia, existe um elemento insubstituível: as pessoas.

A transformação genuína na logística não começa com máquinas ou algoritmos. Ela começa com profissionais que conseguem enxergar além de suas tarefas rotineiras e entender o impacto de suas decisões em toda a cadeia de valor. São eles que colaboram, aprendem, compartilham, erram e evoluem, transformando dados em inteligência e estratégias em resultados.

O Supply Chain do futuro é, antes de tudo, humano. Não porque dispense as competências técnicas ou a tecnologia, mas porque exige qualidades que somente as pessoas possuem: empatia, comunicação clara, escuta ativa e uma liderança capaz de conectar propósito à execução.

Enquanto os sistemas operacionais processam volumes massivos de dados, é o discernimento humano que dá sentido a essas informações, criando soluções inovadoras e estratégias eficazes. A resiliência das cadeias de suprimentos depende da habilidade das pessoas de se adaptarem e de construírem pontes entre áreas, ideias e culturas.

Investir nas pessoas não é uma opção. É uma necessidade estratégica para garantir operações ágeis, inovadoras e preparadas para enfrentar desafios cada vez mais complexos.

O papel da liderança na transformação do Supply Chain

Liderar no Supply Chain contemporâneo vai muito além de gerenciar prazos, planilhas e indicadores. Liderança, hoje, é sobre cultivar cultura organizacional, cuidar de pessoas e agir com propósito.

O líder eficaz é aquele que transforma ambientes, conecta visões estratégicas à execução diária e inspira sua equipe a ser protagonista da mudança.

Essa liderança não se limita a posições hierárquicas. Ela está presente em todos os níveis da organização. Está no operador da empilhadeira que percebe uma oportunidade de melhoria, no analista que antecipa uma ruptura de abastecimento, e no motorista que busca soluções para otimizar suas rotas.

Líderes modernos não precisam ter todas as respostas, mas sabem fazer as perguntas certas. Eles criam espaços seguros para que o time inove, experimente e aprenda com os erros. Praticam uma escuta ativa, se comunicam com empatia e reconhecem que cuidar de pessoas é, inevitavelmente, cuidar dos resultados.

Quando uma liderança conectada consegue alinhar visão com execução, talentos são desenvolvidos, sucessores preparados e equipes engajadas. Isso fortalece toda a estrutura do Supply Chain e torna a organização mais resiliente diante de mudanças e crises.

Apagão de talentos ou ausência de estratégia para desenvolver gente?

Muito se fala sobre o “apagão” de talentos no Supply Chain e na logística. As manchetes sugerem uma escassez de profissionais qualificados, como se o mercado tivesse secado. Mas será que o problema é realmente a falta de pessoas preparadas? Ou estamos diante de um cenário em que as empresas não estão investindo o suficiente para formar, desenvolver e reter seus talentos?

Talento não nasce pronto. Ele se constrói com o tempo, em ambientes que incentivam o aprendizado, a autonomia e o crescimento. Organizações que esperam encontrar profissionais perfeitos no mercado, mas não se responsabilizam por desenvolvê-los internamente, estarão sempre lutando contra uma escassez autoimposta.

Muitos fatores contribuem para essa percepção de falta de mão de obra qualificada: processos de integração frágeis, ausência de feedbacks consistentes, trilhas de desenvolvimento inexistentes e uma liderança que não consegue enxergar potencial antes da perfeição.

O crescimento profissional é uma responsabilidade compartilhada. Empresas que investem em capacitação, mentoria e experiências desafiadoras criam condições para que talentos floresçam. Sem uma estratégia clara para formar e reter pessoas, o tão falado apagão será apenas o reflexo da negligência com o principal ativo da cadeia de suprimentos: o capital humano.

Soft skills: o novo diferencial operacional

Por muito tempo, acreditou-se que bastava dominar as chamadas hard skills para garantir eficiência no Supply Chain. Saber operar sistemas, lidar com equipamentos e dominar cálculos eram considerados requisitos suficientes.

Hoje, essa visão está ultrapassada. As soft skills, ou habilidades comportamentais, se tornaram o novo diferencial competitivo, inclusive em funções operacionais.

Comunicação eficaz evita retrabalhos. Empatia reduz conflitos. Adaptabilidade acelera processos de mudança. Colaboração entre áreas melhora o fluxo de informações e fortalece relações internas e externas.

Essas habilidades, antes vistas como complementares, são agora indispensáveis para manter operações ágeis e equipes engajadas em ambientes complexos e dinâmicos.

Desenvolver soft skills não é uma responsabilidade restrita a líderes ou cargos administrativos. Cada colaborador, do chão de fábrica ao escritório, precisa ser estimulado a se comunicar melhor, ouvir ativamente, compreender diferentes perspectivas e lidar com mudanças de forma construtiva.

Empresas que investem no equilíbrio entre técnica e comportamento formam profissionais mais completos, capazes de enfrentar desafios com maturidade e criatividade. Em um cenário onde a automação cresce, são as habilidades humanas que fazem a diferença para construir confiança, engajar equipes e sustentar transformações.

Educação continuada: sem ela, os colaboradores ficam obsoletos e Supply Chain fica estagnado

Garantir estoques organizados, manter transportes eficientes e atender prazos rigorosos são práticas essenciais. Mas a engrenagem do Supply Chain só mantém seu ritmo quando as pessoas estão em constante aprendizado.

Sem educação continuada, operações estagnam, os mesmos erros se repetem e a inovação não sai do papel.

Educação continuada não é apenas participar de cursos ou assistir a palestras esporádicas. É cultivar uma atitude de evolução diária: ler, questionar, compartilhar conhecimentos, testar novas abordagens, aprender com erros e recomeçar com mais sabedoria.

Profissionais que adotam essa postura não apenas executam suas tarefas. Eles agregam valor, compreendem o contexto maior e contribuem para soluções mais inteligentes, alinhadas às demandas do negócio.

Valorizar o aprendizado contínuo é valorizar o próprio futuro da organização. Reconhecer que o Operador Logístico, o conferente e o motorista também são agentes de transformação é essencial para construir um Supply Chain verdadeiramente resiliente e inovador.

Aprender é uma estrada sem congestionamentos. É o caminho mais seguro para uma cultura de excelência que resiste a crises e se reinventa diante das mudanças.

Conclusão: o futuro do Supply Chain é humano

À medida que as tecnologias evoluem, o fator humano se torna ainda mais estratégico. Nenhum algoritmo ou sistema sofisticado pode substituir a capacidade de julgamento, a visão crítica e o senso ético de profissionais bem preparados.

Construir cadeias de suprimentos mais humanas não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente. Organizações que colocam as pessoas no centro estão mais bem posicionadas para enfrentar desafios, inovar e liderar em um mercado cada vez mais exigente.

A pergunta que fica é: como você e sua empresa estão contribuindo para esse futuro? Está pronto para construir um Supply Chain mais colaborativo, ético e centrado em pessoas?

Porque o futuro começa com cada decisão que tomamos hoje.

Por hoje é só. Ao infinito e além. Que a força esteja conosco. Estou no Linkedin. Me procure por lá e vamos trocar ideias. É sempre saudável! Você me acha neste link: https://www.linkedin.com/in/paulobertaglia/

e também na página da empresa Berthas

https://www.linkedin.com/company/berthas.com.br

e me acompanhe também na Prosa com Bertaglia, o meu canal do Youtube para disseminar o conhecimento, onde pessoas fantásticas comparecem para compartilharem suas experiências e conhecimentos. Faça uma visita: https://youtube.com/@PauloBertaglia

Nos vemos por aí; no mundo virtual e quem sabe no presencial.

Ao infinito e além!

Compartilhe:
Paulo Roberto Bertaglia

Paulo Roberto Bertaglia

Fundador e Diretor Executivo da Berthas, empresa de consultora especializada em supply chain e cofundador da Aveso, organização que atua conectando o ecossistema de startups, investidores e empresas em busca de soluções. Atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação. É Autor de vários livros, entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 4ª edição – 2020. Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento e liderança empresarial para empresas e instituições educacionais, além de consultorias e mentorias. É fundador da Prosa com Bertaglia, movimento voluntário para a educação cujo acesso é: https://bit.ly/3VW9Anp

615x430 Savoy julho 2025
Entrega por drone supera 600 pedidos e amplia operação do iFood em Sergipe (AL)
Entrega por drone supera 600 pedidos e amplia operação do iFood em Sergipe (AL)
Mira Transportes integra coleta e distribuição no Sul e amplia operações no transporte rodoviário para 2026
Mira Transportes integra coleta e distribuição no Sul e amplia operações no transporte rodoviário para 2026
Hidrovias do Arco Norte ganham protagonismo na logística do agronegócio brasileiro em 2025
Hidrovias do Arco Norte ganham protagonismo na logística do agronegócio brasileiro em 2025
Gincana do Caminhoneiro 2025 consagra vencedor de Arapongas (PR) com Mercedes-Benz Accelo zero km
Gincana do Caminhoneiro 2025 consagra vencedor de Arapongas (PR) com Mercedes-Benz Accelo zero km
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Compensação de CO2 no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas
Compensação de CO₂ no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas

As mais lidas

01

Ampliação do Tecon Santos avança com demolição de prédio administrativo e expansão do pátio de contêineres
Ampliação do Tecon Santos avança com demolição de prédio administrativo e expansão do pátio de contêineres

02

Compensação de CO2 no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas
Compensação de CO₂ no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas

03

Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)