A indústria brasileira de implementos rodoviários registrou queda de 2,43% no volume de emplacamentos entre janeiro e maio de 2025, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR). No período, foram entregues 60.495 unidades, contra 62.001 no mesmo intervalo do ano passado.
O resultado negativo é reflexo principalmente do desempenho do segmento Pesado, que recuou 18,02%. Duas das três principais linhas de produtos da categoria apresentaram quedas expressivas: graneleiro/carga seca (-38,52%) e basculante (-36,48%). Apenas o baú carga geral teve desempenho positivo, com alta de 41,77%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial brasileira cresceu apenas 0,1% em abril, abaixo da projeção de 0,5%. Além disso, a Fenabrave apontou retração de 1,6% nas vendas de caminhões no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o que impacta diretamente o setor de implementos.
“O momento para o setor é muito difícil porque nenhuma medida foi tomada em favor dos negócios e estamos convivendo com um cenário macroeconômico bastante desfavorável”, declarou José Carlos Spricigo, presidente da ANFIR. Ele citou os juros altos e o recente aumento do IOF como fatores que comprometem os investimentos e geram incertezas para transportadores.
Em contraste, o segmento Leve apresenta desempenho positivo. As vendas de carrocerias sobre chassis totalizaram 30.191 unidades de janeiro a maio de 2025, contra 25.034 no mesmo período do ano anterior. Isso representa um crescimento de 20,6%, sustentando parte do setor.
“Estes números são muito positivos frente ao momento econômico, macroeconômico e geopolítico que estamos inseridos neste ano”, avaliou Spricigo. Ele destacou ainda que a mudança no perfil de demanda dos produtos favorece o desempenho de indústrias especializadas em furgões carga geral e frigorificados.
A ANFIR manteve inalterada sua projeção para 2025: entre 70 mil e 74 mil unidades para o segmento Pesado, o que corresponde a uma possível queda de até 18% no ano, e cerca de 80 mil unidades para os Leves, com expectativa de crescimento de aproximadamente 15%.
Esse cenário reforça a importância de políticas públicas voltadas à retomada da confiança do setor produtivo, especialmente em um momento de desaceleração na indústria automotiva e impactos nos investimentos em transporte e logística.









