Estudo australiano revela que resultados de bafômetros podem ser perigosamente enganosos

Em uma blitz policial um motorista é solicitado a fazer o teste do bafômetro. No chamado BAC, sigla inglês para “Concentração de Álcool no Sangue”, o resultado de 0,00 significa que não há presença da substância nas veias do condutor. Se ele tiver consumido pouca quantidade, cerca de 90 minutos antes, como uma taça de vinho, por exemplo, ele conseguirá mostrar aos policiais que seu BAC é zero ou próximo a isso e que, portanto, ele está apto a dirigir. Mas não está!  

Trata-se de uma referência equivocada utilizada pelas autoridades em quase todo o mundo. É o que aponta o estudo da medtech australiana Optalert – líder global em monitoramento de fadiga e sono – produzido em parceria com o instituto Kea Technologies, com sede em Boston, nos Estados Unidos. A abrangente pesquisa sobre como a deficiência psicomotora se desenvolve após o consumo de álcool envolveu 30 participantes de diversos perfis. Todos eles sem distúrbios do sono ou com problemas cognitivos causadores de perturbação. 

O estudo revelou que embora o BAC (identificado pelo bafômetro) meça a quantidade de álcool no sangue num determinado momento, ela terá o pico de presença no corpo em até 90 minutos. O que os testes demonstram é que o dado não está em sincronia com os níveis de deficiência psicomotora que aumentam mais lentamente, persistindo, em média, por 5 horas após o consumo. 

A conclusão reveladora é de que não basta apenas não ter mais álcool no sangue para dirigir de forma segura: são necessárias ao menos mais 3,5 horas extras após a constatação do BAC zero, para que haja a certeza de que a pessoa não sofrerá os efeitos malignos em sua capacidade psicomotora. A pesquisa demonstra que os condutores permanecem significativamente prejudicados durante horas – mesmo após a queda do BAC.

“Esse atraso que gera incapacidade psicomotora, na comparação com as taxas de álcool no sangue, impressiona e deve ser avaliada com atenção pelos governos e legisladores. É um falso sinal verde, pois muitas pessoas que passam no teste do bafômetro acham que estão sóbrias e aptas a guiar, quando na verdade precisam aguardar mais horas para tocar no volante”, alerta Sidnei Canhedo, gestor da Optalert. 

Álcool no sangue x deficiência psicomotora 

A diferença pode ser atribuída à forma como o álcool afeta o cérebro e o corpo. 

A Concentração de Álcool no Sangue (BAC) é a quantidade de álcool na corrente sanguínea, normalmente medida como uma porcentagem. Por exemplo, uma BAC de 0,08% significa que há 0,08 gramas de álcool por 100 mililitros de sangue. Fatores como peso corporal, metabolismo e tolerância ao álcool influenciam a rapidez com que a BAC atinge o pico e começa a diminuir.

Já a deficiência psicomotora refere-se ao declínio nas capacidades mentais ou físicas de uma pessoa. Isso pode afetar habilidades essenciais de direção, como reação, tomada de decisões e coordenação. Embora o BAC meça a quantidade de álcool no sangue num determinado momento, não significa que ele tenha tido um impacto total nos níveis de deficiência. 

No teste que mede a deficiência psicomotora criado pela Optalert para indicar se uma pessoa está apta a dirigir, o participante é convidado a visualizar três círculos, entre 5 e 15 segundos, que mudam momentaneamente para losangos e quadrados durante 400 milésimos de segundos. O participante deve clicar em um botão cada vez que as formas mudam. A não resposta dentro de dois segundos é registrada como um erro de omissão.

O doutor Trefor Morgan, gestor da área de P&D da Optalert e responsável pela pesquisa, explica que essa deficiência, no caso de motoristas, se apresenta como uma redução na coordenação dos movimentos físicos e que é preciso que os carros estejam equipados com sistemas de monitoramentos eficazes. “Implementar a obrigatoriedade de detectores de sonolência, fadiga e distração em veículos é essencial para complementar os testes de bafômetro realizados pelas autoridades. Nosso estudo revela que manter apenas o controle do nível de álcool no sangue é o mesmo que manter o risco de acidentes correndo pelas ruas e estradas”, alerta o Dr. Morgan.  

Sobre a Optalert

Pioneira e líder na detecção prévia de fadiga em trabalhadores em funções de alto risco, a Optalert foi fundada há 20 anos, em Melbourne, Austrália, idealizada por Dr. Murray Johns, Doutor em Medicina do Sono. No Brasil ela está presente, desde 2015, em algumas das principais mineradoras do país. Em outras partes do mundo o sistema também é utilizado em setores como gás e petróleo, transporte rodoviário, automotivo, pesquisa científica, aeroespacial (NASA), testes de drogas farmacêuticas e estudos neurológicos.

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