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O futuro do transporte: como as empresas podem sobreviver às mudanças da economia?

Diante da inflação, do aumento dos combustíveis e das novas exigências regulatórias, as empresas de transporte enfrentam desafios constantes. Como adaptar, reduzir custos e investir em tecnologia para manter a competitividade? Confira as estratégias do setor nesta matéria especial.

A instabilidade econômica global tem imposto desafios crescentes às empresas de transporte. A inflação, a alta dos combustíveis e as oscilações cambiais impactam diretamente os custos operacionais, tornando a busca por eficiência e inovação uma questão de sobrevivência. Diante desse cenário, as transportadoras precisam adotar estratégias para mitigar riscos, melhorar operações e se adaptar.

Além da pressão financeira, a digitalização, as mudanças regulatórias e a demanda por soluções sustentáveis ​​estão redefinindo a forma como o setor opera. Como enfrentar a volatilidade econômica sem comprometer a competitividade? Quais investimentos são necessários para garantir um transporte mais eficiente e menos poluente? E como a tecnologia pode ajudar a transformar o setor? Procuramos responder a estas e outras questões nesta matéria especial.

Inflação e combustíveis

“A inflação e a alta dos combustíveis são desafios críticos para o setor de transportes. Combustíveis representam até 60% dos custos operacionais, e quando os preços disparam, impactam toda a cadeia logística. Isso exige que as empresas revisem suas operações de ponta a ponta para garantir eficiência. Além disso, a inflação encarece peças de reposição, manutenção e mão de obra, tornando indispensável uma gestão precisa de recursos para evitar perdas financeiras desnecessárias”, pontua Anderson Ozawa, CEO da Aozawa Consultoria.

Como o diesel compõe uma parcela significativa das despesas operacionais, qualquer variação nos preços influencia diretamente os gastos do setor. Paralelamente, diz Sauro Vasconcelos Andrade, gerente de Projetos do Grupo Mirassol, a inflação amplia os custos de insumos essenciais, como pneus, peças de reposição e serviços de manutenção, intensificando a pressão sobre as margens de lucro das transportadoras e exigindo estratégias para conter o aumento das despesas. Sem se esquecer que, como coloca João Alfredo Godinho, diretor de operações da JPLOG, a alta competitividade do mercado atual faz com que não seja possível repassar esses custos para os clientes. “A inflação impacta diretamente nos custos do transporte e em toda a cadeia produtiva, gerando um menor consumo e, consequentemente, redução na demanda por transporte. “Por outro lado, felizmente, os preços dos combustíveis têm mostrado certa estabilidade recentemente, o que permite um planejamento mais estruturado das operações e na organização das empresas. Contudo, a atenção ao monitoramento de custos e à eficiência operacional continua sendo essencial para enfrentar esses desafios”, diz Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná – SETCEPAR.

Célio Malavasi, diretor Executivo da MXP Transportes, também desta- ca que o impacto da inflação e dos custos de combustíveis é imediato, pois onera todas as despesas que envolvem os custos logísticos, especialmente os combustíveis, e esses ainda têm o agravante de que normalmente têm prazo muito curto de pagamento ou até mesmo requerem pagamento no ato dos abastecimentos.

Também para Olivie Girard, sócio-diretor da Macroinfra, o impacto é significativo, sem dúvida. Os custos operacionais, como combustíveis, manutenção e o próprio salário dos motoristas, são fortemente impactados pela inflação. A alta nos preços dos combustíveis, por sua vez, é um reflexo direto da inflação, já que compõe um dos indicadores desse processo econômico. Isso gera um ciclo desafiador para o setor.

“As empresas de transporte podem ser separadas em dois grupos principais: aquelas que operam com contratos fixos de longo prazo e as que trabalham com contratos spot (de curto prazo). Nos contatos spot até é um pouco mais fácil recuperar esse impacto, porque as transportadoras repassam, ou pelo menos tentam repassar este aumento de preço e aí conseguem não ser tão afetadas. Já os contratos de longo prazo são um pouco mais complicados, a não ser que existam clausulas de reajuste como gatilhos que permitam correções em casos de aumento do combustível, por exemplo, aumento acima de um certo valor ou alguma coisa assim. Sem estes gatilhos que permitam regular o aumento do custo do transporte, as empresas de transporte vão ficar meio atadas a sofrer os impactos da inflação e da alta dos combustíveis”, diz Girard.

Volatilidade dos preços

Muitas empresas já perceberam que não basta reagir aos aumentos de preços – é necessário antecipá-los. “Estratégias como contratos de combustível a preço fixo, uso de frotas mais eficientes e sistemas avançados de telemetria são exemplos de boas práticas. Além disso, diversificar fornecedores e renegociar contratos com cláusulas mais flexíveis têm ajudado a reduzir a exposição ao risco da volatilidade. Tudo isso precisa ser acompanhado de uma governança robusta, com indicadores claros para medir a eficiência.” A análise é de Ozawa, da Aozawa Consultoria, respondendo à questão sobre como as empresas estão lidando com a volatilidade dos preços e quais as estratégias para mitigar esses impactos.

Uma prática recorrente é investir em tecnologias voltadas para o aumento da eficiência operacional, como veículos mais modernos que consomem menos combustível e sistemas avançados de gestão de frotas que ajudam a planejar rotas de forma mais eficaz. Outra solução adotada por algumas organizações é a negociação de contratos de longo prazo com fornecedores de itens como combustíveis e pneus, buscando assegurar maior previsibilidade nos custos e minimizar os impactos das variações de mercado, explica Andrade, do Grupo Mirassol.

Também na opinião de Patricia Lazarini, gerente nacional de logística da RV Ímola, as empresas estão adotando estratégias como a renegociação de contratos, implementação de tecnologias para otimização de rotas e consumo de combustível e diversificação de fornecedores para reduzir dependência de mercados voláteis. Além disso, algumas empresas buscam hedge financeiro para se proteger contra flutuações cambiais e de preços.

Esta última estratégia também é apontada por Girard, da Macroinfra. Trata-se de uma estratégia mais sofisticada, que visa tentar garantir um preço médio mais estável para os combustíveis. No entanto, essa abordagem é mais complexa, aponta ele, que ainda oferece outras sugestões para mitigar estes impactos. Primeiro, é essencial manter uma estrutura de custos a mais enxuta possível, buscando eficiência ao máximo, de forma que a empresa não fique tão vulnerável a esses impactos. Além disso, é fundamental ter contratos muito bem elaborados com os clientes, incluindo cláusulas com gatilhos que permitam o reajuste do custo do frete, caso ocorram aumentos significativos, como no preço dos combustíveis.

“Para tentar reduzir os custos operacionais, estamos buscando trabalhar em colaboração com outras empresas do mesmo porte. Isso reduz os custos fixos, como aluguel, máquinas, equipamentos, etc. Dessa forma conseguimos reduzir um pouco todos esses custos para continuarmos competitivos no mercado”, acrescenta Godinho, da JPLOG.

Já Malavasi, da MXP Transportes, destaca que a estratégia é atuar diariamente na busca de redução de custos e aumento de produtividade da frota de forma muito dinâmica, também na automação de processos, explorando todos os recursos de tecnologias disponíveis, estando sempre muito atualizado com as inovações disponíveis no mercado. “Somos uma empresa de soluções em transportes, compartilhamos com outras empresas o mesmo veículo, desta forma diminuímos os impactos na alta dos preços.” 

Mais crítica, a visão de Gustavo Cristófaro, gerente Regional de Vendas da Pitney Bowes, aponta que a volatilidade dos preços praticados no mercado parece estar ligada a uma forte concorrência, onde clientes decidem transferir suas operações por centavos para operadores que nem sempre estão preparados para absorver essa demanda. “Uma estratégia para enxugar os custos operacionais e se tornar mais competitivo é realizar a aferição dos pesos e dimensões das cargas processadas através de equipamentos de pesagem e cubagem de volumes, integrados ao TMS ou WMS, fundamentais para corrigir os preços cobrados e ter um maior controle dos volumes processados diariamente.”

Variações cambiais

Se proteger das variações cambiais e manter a competitividade exige uma abordagem estratégica, diz o CEO da Aozawa Consultoria. As empresas devem investir em hedge cambial para mitigar os impactos das flutuações do dólar, especialmente para insumos, veículos e peças de reposição importados. Outra prática essencial é nacionalizar fornecedores estratégicos, sempre alinhando as decisões a uma análise detalhada de custo-benefício. “O uso de sistemas avançados de gestão financeira é indispensável para planejar melhor e responder rapidamente a cenários adversos”, destaca Ozawa.

Também na opinião de Patricia, da RV Ímola, a proteção contra variações cambiais pode ser feita por meio de contratos de hedge, bem como da diversificação de mercados e precificação dinâmica. Essas medidas ajudam a minimizar o impacto das flutuações no câmbio sobre os custos e receitas.

Por outro lado, já que as variações cambiais impactam diretamente no valor dos combustíveis e das peças para manutenção, por exemplo, para reduzir esse tipo de custo é preciso investir muito em manutenções preventivas. “Além disso, optamos por terceirizar a frota de transporte”, diz Godinho, da JPLOG.

As “dicas” de Malavasi, da MXP Transportes, incluem manter o fluxo de caixa o mais saudável possível e fazer uma gestão muito próxima com os fornecedores e prestadores de serviços, de forma a mitigar os impactos dessas variações equilibrando os custos dentro do orçamento previsto.

“Investir em equipamentos de automatização certamente ajuda a aumentar a capacidade de processamento de cargas e a minimizar a dependência de mão de obra direta na operação”, coloca agora Cristófaro, da Pitney Bowes.E Kasnodzei, do SETCEPAR, conclui de forma melancólica: “a variação cambial afeta custos importantes, como veículos, pneus, lubrificantes e carrocerias. O TRC tem poucas alternativas diretas, temos que repassar esses custos, de forma responsável, ao frete ou absorver parte desse impacto, sacrificando, assim, nossos resultados”.

Interrupções nas cadeias de suprimentos

Riscos como desastres naturais, conflitos geopolíticos ou pandemias podem interromper as cadeias de suprimentos e causar prejuízos imensos. A chave para se preparar e lidar com isso, segundo Ozawa, da Aozawa Consultoria, está no mapeamento detalhado dos riscos operacionais e na diversificação de fornecedores. Empresas que investem em estoques estratégicos, rastreamento em tempo real e planos de contingência bem estruturados conseguem manter suas operações resilientes. “Eu sempre recomendo simulações de cenários críticos e treinamentos constantes das equipes para atuar com eficiência em uma gestão de crise.”

A análise de Patricia, da RV Ímola, vai pelo mesmo caminho. Segundo ela, as principais interrupções podem ser causadas por desastres naturais, crises geopolíticas ou falhas tecnológicas, e as empresas devem desenvolver planos de contingência robustos, investir em parcerias diversificadas e manter estoques estratégicos para minimizar impactos. A estas sugestões, Andrade, do Grupo Mirassol, acrescenta ampliar a base de fornecedores e apostar em tecnologias que aprimorem o monitoramento e o gerenciamento da cadeia logística, proporcionando maior controle e previsibilidade. No que tange à insumos, Malavasi, da MXP Transportes, também lembra que ter uma gama maior de fornecedores é importante para que se possa suprir alguma interrupção pontual e evitar que isso traga algum impacto no SLA junto aos clientes.

“Um dos maiores riscos envolve os períodos de sazonalidade, como Black Friday, Dia das Mães e Natal, onde a demanda muitas vezes imprevisível pode travar as operações se a empresa não estiver minimamente estruturada com equipamentos que aumentam a capacidade de processamento de cargas, com precisão e flexibilidade para otimizar agrupamentos e roteirizações. Os diferentes modelos de sorters oferecidos no mercado podem adaptar-se aos mais variados tipos de cargas e demandas de produção”, comenta Cristófaro, da Pitney Bowes.

“Para o nosso ramo de trabalho, creio que o risco maior é a competitividade. E, também, empresas que nascem sem ter uma base de custos, empresa que são montadas e baixam os preços, depois não conseguem suportar os valores propostos e acabam ‘prostituindo’ os valores do mercado”, aponta Godinho, da JPLOG.

Recessão econômica

Em um cenário de possível recessão econômica global, que pode impactar a demanda por transporte de cargas, as empresas podem implementar ações como diversificar os serviços prestados, explorar novos nichos de mercado e ajustar suas operações para responder de forma ágil às mudanças na procura. Além disso, assegurar uma gestão financeira robusta e adotar um controle rigoroso dos custos operacionais são práticas fundamentais para superar períodos de menor atividade econômica com resiliência. A avaliação é de Andrade, do Grupo Mirassol, analisando a questão sobre como a recessão econômica global pode afetar a demanda por transporte de cargas e quais medidas as empresas podem tomar para se preparar para um cenário de menor atividade econômica. Soma-se a estas alternativas o investimento em inovação para oferecer soluções mais atrativas e customizadas ao mercado, completa Patricia, da RV Ímola.

De fato, como também constata Ozawa, da Aozawa Consultoria, um cenário de recessão exige ajustes rápidos e eficientes. Diversificar a base de clientes, explorando setores resilientes, como saúde e e-commerce, é fundamental. Além disso, revisar contratos para incluir flexibilidade tarifária e compartilhar recursos logísticos entre empresas ajuda a otimizar custos. Por fim, adotar uma mentalidade de inovação contínua permite que as empresas descubram novas oportunidades, mesmo em cenários desafiadores. Este processo de melhoria contínua é fundamental para ter sempre à mão ações que podem mudar o negócio diante de situações adversas.

Já o diretor de operações da JPLOG aconselha a usar mais, com menos custos – “o melhor cenário é a terceirização de alguns segmentos, visto que com isso os custos fixos ficam menores” – enquanto Girard, da Macroinfra, enfatiza que, quando há recessão, há menos volume de comércio sendo realizado e, automaticamente, vai haver menos transporte de cargas. Nestas ocasiões, diz Girard, é preciso ser o mais enxuto possível em custos, sobretudo custos fixos, custos administrativos e assim por diante. Ou seja, é preciso tentar fazer com que a empresa não seja tão impactada se houver uma redução dos pedidos de solicitação de frete.

Por tudo isso, diz Malavasi, da MXP Transportes, é importante diversificar o portfólio de atividades dentro de cada cliente, propondo soluções na cadeia logística e sendo realmente um parceiro que possa trazer ganhos de qualidade, produtividade e financeiro naquilo que não seja a atividade fim do cliente. “O transporte passa a ser apenas mais um negócio, e não a única atividade a ser oferecida dentro do segmento.”

Numa visão diferenciada, Cristófaro, da Pitney Bowes, destaca que um dos maiores custos operacionais está empregado na mão de obra direta. Em momentos de recessão fica muito difícil manter a força de trabalho ociosa e o desligamento gera custos não programados. Da mesma forma, quando a demanda aumenta, os custos são incrementados em novas contratações, treinamento, entre outros. “Quando se possui uma capacidade de processamento automatizada instalada, o sofrimento é minimizado, pois a equipe já é reduzida, tendo seu maior volume de trabalho processado pelos equipamentos”, diz o gerente Regional de Vendas.

O presidente do SETCEPAR finaliza esta questão apontando que é inevitável que uma recessão global afete o setor. Mas, diz ele, as empresas que conhecem bem seus custos e otimizam suas operações para se adequar ao cenário atual têm mais chances de superar esses desafios. “A história nos mostra que crises também geram oportunidades. Empresas preparadas estarão prontas para aproveitar as oportunidades da pós-recessão e podem sair ainda mais fortalecidas”, completa Kasnodzei.

Menor demanda

Já que se falou em recessão econômica, fica a questão: como as empresas podem otimizar suas operações, reduzir custos e aumentar a eficiência para enfrentar um período de menor demanda?

“Antes de mais nada, isso se relaciona diretamente à questão da menor demanda e das estratégias para otimizar operações e reduzir custos, que são os principais desafios. O ponto-chave aqui é investir ao máximo em novas tecnologias, ter uma gestão eficiente da frota, uma gestão equilibrando as reais necessidades da empresa e implementando manutenções preventivas. Além disso, é essencial automatizar processos sempre que possível e, de novo, sempre batalhar pela redução do custo, sobretudo dos custos fixos. Os custos variáveis, por natureza, acompanham a atividade comercial: se há queda na demanda, eles automaticamente diminuem, não é tão grave. Já os custos fixos – como despesas com secretarias, sedes administrativas e diretorias – permanecem constantes: se você vender um só ou vender mil fretes, vai ser o mesmo custo. Por isso, é fundamental otimizá-los ao máximo, garantindo maior eficiência operacional”, comenta Girard, da Macroinfra, acompanhado por Patricia, da RV Ímola: também segundo esta, para enfrentar uma demanda reduzida, as empresas podem investir em tecnologia para otimização de rotas, manutenção preditiva de frotas e adoção de práticas Lean para eliminar desperdícios e aumentar a eficiência operacional.

“A digitalização é um caminho sem volta para reduzir custos e aumentar a eficiência. Sistemas como TMS e telemetria podem transformar a gestão de frotas, otimizando rotas e reduzindo o consumo de combustível. Outro ponto é investir em treinamentos para motoristas, o que, além de reduzir acidentes, garante maior eficiência na condução. A manutenção preditiva da frota também é um diferencial estratégico para evitar paradas inesperadas. É necessária uma consciência organizacional que ações reativas são de 2 a 3 vezes mais caras do que as ações preventivas”, adverte, agora, Ozawa, da Aozawa Consultoria. “Além de explorar todos os recursos tecnológicos, automações, etc. é necessário repensar os processos internos e em relação aos clientes, debruçar sobre cada projeto buscando alternativas que possam proporcionar ganhos para ambos os lados, o que irá trazer não apenas reduções de custos, mas uma aproximação com o cliente, perpetuando o relacionamento”, adiciona Malavasi, da MXP Transportes.

A verdade é que, uma vez amadurecida a ideia de automatização e após sua implementação, existem diversas possibilidades para extrair o máximo aproveitamento do sistema customizando as rotas com informações prévias das entregas, montando rotas dinâmicas, que podem facilmente mudar todos os dias, basta cadastrar os mapas previamente ou mesmo mudar os mapas de roteirização com pequenas ações no software que controla os equipamentos, diz, agora, Cristófaro, da Pitney Bowes.

Apostar em tecnologias de automação também é a dica de Andrade, do Grupo Mirassol, juntamente com capacitar colaboradores para maximizar a produtividade e revisar processos internos com foco em melhorias contínuas. “A adoção de sistemas integrados de gestão também é uma estratégia valiosa, pois oferece maior clareza sobre as operações, possibilitando decisões mais assertivas e fundamentadas”, acrescenta. Por sua vez, Godinho, da JPLOG, aponta que as empresas devem ser organizadas, terceirizar os setores que forem possíveis e se unir com outras empresas para redução dos custos, utilizando a sinergia entre elas. E Kasnodzei, do SETCEPAR, completa: reavaliar processos e rotas, eliminar desperdícios e investir no desenvolvimento do principal ativo das empresas: as pessoas. Focar na qualidade do serviço é essencial para fidelizar clientes em tempos de menor demanda.

Sustentabilidade

A crescente preocupação com a sustentabilidade está pressionando as empresas de transporte a adotarem práticas mais verdes. Quais os desafios e oportunidades para as empresas que investem em soluções sustentáveis? Na verdade, como apregoa Kasnodzei, do SETCEPAR, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e se tornou uma necessidade. Mas, aqui há os desafios, que incluem superar os altos custos iniciais e as adaptações operacionais. “Contudo, as oportunidades são vastas, como acesso a novos mercados, fidelização de clientes que valorizam práticas responsáveis e redução de custos a longo prazo. Ser sustentável é uma questão de sobrevivência e compromisso com o futuro do setor e do planeta”, diz o presidente do SETCEPAR.

A sustentabilidade traz tanto desafios quanto oportunidades para o setor de transporte. Apesar de exigirem investimentos iniciais consideráveis, como concorda Andrade, do Grupo Mirassol, incluindo a compra de veículos elétricos e a adoção de sistemas de energia renovável, essas iniciativas podem gerar economias financeiras no longo prazo e fortalecer a reputação da empresa junto a clientes e parceiros. No entanto, no curto e médio prazo, os benefícios econômicos tendem a ser limitados, o que aumenta a complexidade de implementar práticas sustentáveis. Além disso, o avanço de regulamentações ambientais mais rígidas está transformando a sustentabilidade em uma necessidade estratégica, indo além de uma vantagem competitiva para garantir a continuidade das operações.

Também para Ozawa, da Aozawa Consultoria, os desafios incluem o custo inicial elevado de tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos, e a falta de infraestrutura, como pontos de recarga. No entanto, também segundo ele, as oportunidades são imensas: maior aceitação de clientes comprometidos com ESG – Ambiental, Social e Governança, acesso a incentivos fiscais e redução de custos a longo prazo. Além disso, práticas como o uso de biocombustíveis e programas de eficiência energética ajudam a construir uma imagem de marca forte e responsável.

“Temos algumas operações com veículos elétricos, e entendemos que o grande desafio é balancear custos no transporte. Rodamos a maior parte do tempo carregados, isso é o que gera competitividade e custos reduzidos para nossos clientes. Por outro lado, com o veículo elétrico é necessário abastecimento em regiões ainda com pouco recurso para tal”, acrescenta Malavasi, da MXP Transportes.

Investimentos em tecnologias limpas

Equilibrar a redução de custos com investimentos em tecnologias mais limpas e eficientes demanda uma estratégia bem planejada. Na visão de Andrade, do Grupo Mirassol, as empresas podem aproveitar incentivos fiscais e linhas de financiamento direcionadas a projetos sustentáveis, além de realizar avaliações detalhadas de retorno sobre investimento para determinar quais soluções oferecem os melhores resultados econômicos e ambientais. Estabelecer parcerias com fornecedores e clientes alinhados aos mesmos princípios de sustentabilidade pode ser um fator chave para viabilizar a adoção dessas iniciativas. “Trabalhamos com parcerias, dividimos os recursos para ter maior rotatividade e redução de custos.” Por outro lado, prossegue Malavasi, da MXP Transportes, novas tecnologias trazem ganhos que suprem os investimentos, uma vez que proporcionam fazer mais com os mesmos recursos e custos existentes ou até mesmo fazer mais com menos. “Isso não significa obrigatoriamente reduzir gente, embora também, mas possibilita que as empresas possam usar esses recursos de maneira mais estratégica do que braçal.”

Aqui, o segredo está em priorizar investimentos com alto ROI – Retorno Sobre Investimento e buscar financiamentos alinhados a iniciativas de sustentabilidade. Parcerias estratégicas com fornecedores de tecnologia limpa e adesão a programas governamentais de incentivo ajudam a diluir os custos iniciais. É crucial entender que a sustentabilidade não é apenas um custo, mas uma oportunidade de inovação e competitividade, diz Ozawa, da Aozawa Consultoria, também se referindo a como conciliar a necessidade de reduzir custos com os investimentos em tecnologias mais limpas e eficientes.

Já para a gerente nacional de logística da RV Ímola, a chave é adotar uma abordagem gradual, integrando soluções sustentáveis que também resultem em economias operacionais. Programas de incentivo e subsídios governamentais também podem ajudar a viabilizar esses investimentos, diz ela. E Kasnodzei, do SETCEPAR, decreta: no estágio atual de desenvolvimento dessas tecnologias, a redução de custos a curto prazo pode ser limitada. “No entanto, trata-se de um investimento estratégico para garantir competitividade e sustentabilidade a longo prazo. É uma responsabilidade compartilhada entre transportadores, embarcadores e consumidores, com o objetivo de construir um futuro mais sustentável para todos.”

Digitalização

A transformação digital da economia está revolucionando a maneira como os serviços de transporte são contratados e administrados. Para acompanhar essa evolução, o conselho de Andrade, do Grupo Mirassol, é que as empresas do setor invistam em soluções digitais que aprimorem a comunicação com os clientes, viabilizem o monitoramento das cargas em tempo real e otimizem a gestão das frotas. Além disso, o uso estratégico da análise de dados pode oferecer informações essenciais para elevar a eficiência operacional e melhorar a experiência do cliente.

Também analisando a transformação que a digitalização da economia está provocando na forma como os serviços de transporte são contratados e gerenciados, e como as empresas de transporte podem se adaptar a essa nova realidade, Ozawa, da Aozawa Consultoria, ressalta que é preciso investir em plataformas digitais que conectem diretamente transportadores e clientes, oferecendo serviços ágeis e personalizados. Big data e inteligência artificial permitem prever demandas e ajustar operações em tempo real. A digitalização não é apenas uma questão de tecnologia, mas de cultura empresarial. A transformação deve envolver todos os níveis da organização e tornar-se um programa contínuo de manutenção e reforço, diz ele. É necessário, também, estar muito atento a todas as inovações e acompanhando essas alterações. “Entendemos que essas alterações tornam os processos mais ágeis e saudáveis, pois tiram os relacionamentos da ‘pessoalidade’ e suposições, levando para um ambiente totalmente pautados nos acordos firmados, até porque esses acordos cada vez mais são através de plataformas digitais”, diz Malavasi, da MXP Transportes.

Por outro lado, a digitalização da economia exige que as empresas de logística se adaptem rapidamente a essa nova realidade, aconselha a gerente nacional de logística da RV Ímola. Segundo Patrícia, para manterem-se competitivas, as empresas devem modernizar seus sistemas, integrando tecnologias avançadas que automatizam processos e aumentam a eficiência. A adoção de plataformas de gestão digital, como sistemas de gerenciamento de transporte (TMS), facilita o controle e a visibilidade em tempo real das operações, enquanto o investimento em análise de dados permite otimizar rotas, prever demandas e personalizar serviços, resultando em uma operação mais ágil e uma experiência superior para o cliente.

“O TRC tem se beneficiado pela digitalização, que trouxe maior agilidade e eficiência aos processos. As mais recentes mudanças foram o fim do pagamento dos pedágios com cartão e em espécie e, no estado do Paraná, também foi autorizada a viagem sem o DACTE impresso, permitindo que, antes do início da viagem, o destinatário tenha a informação sobre o produto que irá receber. Tudo isso vem ajudando muito na redução de custos e no ganho de tempo na realização da viagem”, completa o presidente do SETCEPAR.

Tecnologias para a competitividade

Considerando que muito se falou na aplicação de tecnologias no setor, quais seriam aquelas que os participantes desta matéria especial apontam como as que podem tornar as empresas mais competitivas no mercado digital? O CEO da Aozawa Consultoria aponta que tecnologias como IoT – Internet das Coisas, para rastreamento de frota, blockchain, para segurança e transparência, e inteligência artificial, para roteirização, são indispensáveis. Além disso, plataformas que permitem a integração de toda a cadeia logística oferecem vantagens competitivas, como maior visibilidade e eficiência operacional.

“No setor de logística, é imprescindível que as empresas estejam amparadas por sistemas que suportem todas as suas operações e gestão, de acordo com seu porte e atuação no mercado. TMS, WMS, ERP e Torre de Controle logístico são alguns desses recursos”, lembra Malavasi, da MXP Transportes, ressaltando que em 2024 trocaram o seu sistema e conseguiram com isso uma visualização dos processos e agilidade nas emissões, além de espelharem o cliente, de forma a acompanhar em tempo real as cargas em trânsito. 

Andrade, do Grupo Mirassol, também aponta que para se destacarem no mercado digital, as empresas devem adotar tecnologias como sistemas de gestão de transporte (TMS), que facilitam o planejamento e a execução das operações logísticas, além de ferramentas voltadas ao monitoramento de veículos e cargas. O uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina também desempenha um papel crucial, permitindo maior precisão na previsão de demandas e na distribuição eficiente dos recursos disponíveis. Cristófaro, da Pitney Bowes, também faz uma lista de tecnologias: balanças e cubômetros integrados, estáticos e dinâmicos, capazes de se comunicar automaticamente com qualquer tipo de software de gerenciamento. Além de sistemas de sortimento e roteirização automáticos de cargas (sorters), das mais variadas dimensões, capacidades produtivas e níveis de investimento.

De fato, a telemetria e os sistemas de gestão de transporte (TMS) são essenciais para monitorar e otimizar operações, como aponta Kasnodzei, do SETCEPAR. Além disso, os caminhões modernos já vêm equipados com tecnologias embarcadas que permitem um controle detalhado da viagem e do comportamento do motorista. Investir em treinamento para maximizar o uso dessas ferramentas é igualmente crucial.

Mão de obra qualificada

A escassez de profissionais qualificados no setor de transportes é um desafio em constante crescimento. Para conquistar e manter talentos em um mercado altamente competitivo – ensina Andrade, do Grupo Mirassol –, as empresas podem investir em iniciativas como programas de capacitação e desenvolvimento, estabelecer planos de carreira bem estruturados e promover um ambiente de trabalho focado na segurança e no bem-estar dos colaboradores. Oferecer vantagens adicionais, como remuneração competitiva e horários de trabalho flexíveis, também pode ser um fator decisivo para atrair e fidelizar profissionais.

Não dá para esconder, a escassez de profissionais qualificados é um dos maiores desafios enfrentados atualmente, e o SETCEPAR vem trabalhando fortemente, oferecendo cursos de formação e capacitação para minimizar a escassez de profissionais qualificados. “Observamos também um esforço significativo por parte das empresas, que têm adotado diversas estratégias para atrair e reter talentos. Essas iniciativas incluem a criação de políticas de retenção mais atrativas, o desenvolvimento de planos de carreira, a oferta de benefícios diferenciados e o investimento contínuo na qualificação dos colaboradores, com o objetivo de engajá-los e garantir sua permanência no setor”, diz Kasnodzei.

Atrair talentos exige mais do que oferecer salários competitivos. É preciso criar um ambiente onde os colaboradores se sintam valorizados e tenham oportunidades de crescimento. Programas de qualificação contínuos, planos de carreira bem definidos e benefícios como horários flexíveis fazem toda a diferença. Além disso, empresas que investem em diversidade e inclusão se destacam no mercado de trabalho. É importante que as lideranças sejam constantemente treinadas e acompanhadas para garantir que não tenha influência na decisão de permanência dos colaboradores. Estatísticas indicam que as demissões ocorrem mais em função de clima e liderança, do que salários e desafios, comenta, agora, Ozawa, da Aozawa Consultoria.

Paralelamente, diz Patricia, da RV Ímola, o investimento em tecnologia moderna não apenas aumenta a eficiência operacional, mas também cria um ambiente de trabalho inovador que atrai profissionais qualificados, ao mesmo tempo em que facilita a execução de tarefas e promove uma cultura organizacional orientada para a inovação e excelência.

Ser uma empresa saudável no mercado que, apesar das instabilidades da economia, se mostre sólida, é uma boa forma de atrais profissionais qualificados que buscam tranquilidade para desenvolver seu potencial, adicionados a sua posição e visão de mercado, são bons atrativos. Ainda na visão de Malavasi, da MXP Transportes, para a retenção desses profissionais é imprescindível um ambiente de trabalho saudável em primeiro lugar, somado à oportunidade de crescimento, dando prioridade àqueles que se destacam internamente. Esses pontos contribuem ainda para uma drástica redução no Turn Over, que tem um custo financeiro e de qualidade muito expressivo nas empresas de qualquer segmento. “Uma vez automatizada a operação, o trabalho mais pesado passa a ser executado pela máquina, o que melhora sensivelmente os problemas de afastamento e absenteísmo, além de oferecer uma condição melhor de trabalho aos colaboradores”, acredita Cristófaro, da Pitney Bowes.

Regulamentação do setor

Ainda dentro do contexto dos caminhos que as empresas de transportes devem seguir para sobreviver às mudanças da econômica está a regulamentação do setor, em constante evolução. Assim, como as empresas podem acompanhar as mudanças nas leis e normas e garantir a conformidade com as exigências legais?

O fato é que a regulamentação no setor de transporte é uma realidade consolidada, e as empresas que ainda não se adequaram enfrentam o risco de acumular um passivo significativo. O SETCEPAR tem se dedicado intensamente a orientar e esclarecer a legislação, garantindo que todos os envolvidos tenham pleno conhecimento das exigências legais. Neste momento, não há mais espaço para debates sobre o cumprimento das normas, mas sim para ações que assegurem a conformidade com as regulamentações vigentes, diz Kasnodzei.

Manter-se atualizado é o ensinamento dos participantes desta matéria. Mas isso exige um setor de compliance – conformidade – robusto e alinhado a associações do setor. Na visão de Ozawa, da Aozawa Consultoria, consultorias especializadas e sistemas automatizados de monitoramento são essenciais para evitar erros que podem gerar multas. “A conformidade deve ser tratada como um diferencial competitivo e integrada à estratégia da empresa.”

Andrade, do Grupo Mirassol, também explica que para se manterem atualizadas e em conformidade com as exigências legais, as empresas precisam contar com equipes dedicadas ao acompanhamento das mudanças regulatórias, participar de associações da indústria e, sempre que necessário, recorrer a consultorias especializadas. Além disso, a adoção de sistemas internos de compliance é uma medida eficaz para identificar e minimizar riscos relacionados a possíveis descumprimentos das legislações vigentes.

Patricia, da RV Ímola, também acrescenta: “manter-se atualizado exige investimento em compliance e parcerias com especialistas jurídicos. Ferramentas de monitoramento regulatório e treinamento contínuo da equipe são fundamentais.” Ou, segundo Godinho, da JPLOG, é preciso ter um setor jurídico atuante e atualizado, sempre atento às mudanças, seguindo todas as normas e leis. “E a empresa precisa sempre buscar se adaptar a essas mudanças, é claro.”

Mais ainda. Na visão de Malavasi, da MXP Transportes, é importante estar muito atentos a todas as discussões em andamento nos poderes legislativo e judiciário, participando de reuniões e encontros com entidades de classe e relacionamento com outros empresários do setor. Além disso, é fundamental estar amparado por profissionais da área contábil e jurídica especializados nessas questões de regulação.”

Impactos das novas regulamentações

Já que o assunto é regulações, quais seriam os impactos das novas nos custos operacionais? E como as empresas podem se adaptar às novas exigências?

As novas regulamentações, especialmente aquelas relacionadas a emissões de carbono, segurança do trabalho e compliance fiscal, estão aumentando os custos operacionais das empresas de transporte. Por exemplo, a implementação de políticas para redução de emissões pode obrigar as transportadoras a investirem em frotas mais modernas e menos poluentes, como veículos híbridos ou elétricos, cujo custo inicial é significativamente maior. Adicionalmente, prossegue Ozawa, da Aozawa Consultoria, a digitalização obrigatória de processos fiscais e de rastreamento logístico também demanda investimentos em sistemas de TI e capacitação de equipes.

Um dado relevante é que a adequação às normas ambientais no Brasil pode aumentar os custos operacionais em até 15% no curto prazo​​. No entanto, empresas que se adaptam rapidamente podem transformar esses custos em vantagem competitiva, destacando-se perante clientes e obtendo acesso a incentivos fiscais e financeiros.

Para mitigar o impacto financeiro, acredita o CEO da Aozawa Consultoria, é essencial que as empresas invistam em tecnologia e processos. Sistemas automatizados de controle de frota, telemetria avançada e auditorias regulares são ferramentas indispensáveis para garantir conformidade e eficiência. “Além disso, parcerias estratégicas com fornecedores de tecnologia e instituições financeiras podem viabilizar linhas de crédito ou financiamentos voltados à modernização. A integração dessas práticas com o uso de indicadores de desempenho (KPIs) ajuda a monitorar o impacto das regulamentações e medir o ROI de cada iniciativa.”

Kasnodzei, do SETCEPAR, ressalta que as novas regulamentações têm gerado aumentos significativos nos custos, em alguns casos superiores a 20%. A única solução viável, diz o presidente, é repassar esses custos ao frete. “Importante destacar que os prazos de entrega também sofreram impacto com as novas regulamentações.”

Além dos investimentos, Andrade, do Grupo Mirassol, destaca que estas mudanças também impõem ajustes nos processos internos. Para atender às novas exigências, é essencial que as empresas realizem avaliações detalhadas dos impactos regulatórios, planejem financeiramente os recursos necessários para adequações e implementem estratégias que aumentem a eficiência operacional, compensando os custos extras gerados por essas mudanças, aconselha o gerente de Projetos. “Talvez uma solução seja a terceirização de certos serviços para empresas que sejam especialistas naquele assunto, empresas que trabalham com a mão de obra, máquinas, ferramentas, etc., ou se unir a outras empresas para que se possa reduzir os custos operacionais com aquilo que não é sua especialidade”, sugere Godinho, da JPLOG.

Já Malavasi, da MXP Transportes, entende que as regulamentações são necessárias para uma maior profissionalização do setor e/ou mais segurança sob todos os aspectos e que, portanto, os custos inerentes serão compensados com ganhos de produtividades e reduções de outros custos, às vezes ocultos, mas que são oriundos da falta de regulamentações eficazes. “Temos um olhar positivo para as mudanças e trabalhamos para mitigar os custos, atendendo as demandas sem um repasse significativo aos nossos players.” 

Patricia, da RV Ímola, também crê que novas regulamentações podem aumentar os custos operacionais, mas também podem trazer oportunidades de diferenciação ao garantir conformidade e segurança. Desta forma, as empresas devem adaptar seus processos rapidamente para evitar penalidades e ser mais competitivas. “Por exemplo, a RV Imola já estava adequada a RDC 430/2020 antes que a mesma tivesse começado a vigorar em março 2024, o que fez com que muitos clientes optassem pela nossa empresa a fim de evitar transtornos e dispêndios financeiros gerados por penalidades dos órgãos regulatórios.”

Tendências

Como visto, o setor de transportes está em um momento de transformação profunda, impulsionado por fatores como avanços tecnológicos, mudanças regulatórias e demandas por sustentabilidade. Uma tendência marcante é a crescente adoção de veículos autônomos e elétricos. Segundo a BloombergNEF, até 2040, 60% dos veículos comerciais leves vendidos globalmente serão elétricos, indicando um movimento irreversível para o setor​​.

Outra tendência apontada por Ozawa, da Aozawa Consultoria, é o uso de big data e inteligência artificial para otimização logística. “Essas tecnologias permitem não apenas a roteirização eficiente, mas também o gerenciamento em tempo real de variáveis como tráfego, condições climáticas e demandas específicas dos clientes. Empresas que adotam essas tecnologias têm reportado economias de até 20% nos custos logísticos​​.”

A sustentabilidade também será um pilar essencial. Governos e consumidores estão exigindo práticas mais verdes, o que inclui o uso de biocombustíveis, tecnologias de captura de carbono e a redução do desperdício na cadeia logística. Empresas que se destacarem nesse aspecto poderão acessar mercados mais exigentes e atrair investidores comprometidos com critérios ESG.

Por fim, diz o CEO da Aozawa Consultoria, o crescimento do e-commerce está acelerando a transformação das operações de última milha. Modelos como lockers inteligentes, hubs urbanos e transporte colaborativo estão emergindo como soluções viáveis para reduzir custos e atender à crescente demanda por entregas rápidas.

“Essas tendências apontam para um futuro em que eficiência, tecnologia e sustentabilidade estarão no centro das operações de transporte. A capacidade de adaptação rápida a essas mudanças será um diferencial competitivo indispensável.”

Também na visão de Andrade, do Grupo Mirassol, o setor de transportes está vivenciando mudanças profundas, impulsionadas por avanços tecnológicos, preocupações ambientais crescentes e a evolução nas expectativas dos consumidores. Neste contexto, diversas tendências estão em ascensão e devem redefinir o futuro da indústria nos próximos anos: automação e veículos autônomos; sustentabilidade e soluções verdes; digitalização e maior conectividade; intermodalidade e mobilidade como serviço (MaaS). “Em síntese, o futuro do transporte será construído com base em avanços tecnológicos, práticas sustentáveis e uma adaptação constante às novas demandas de mercado. Empresas que apostarem na inovação, na otimização de processos e em iniciativas sustentáveis estarão mais bem posicionadas para superar os desafios e aproveitar as oportunidades emergentes.”

Cristófaro, da Pitney Bowes, também está seguro de que a evolução dos métodos de trabalho, da competitividade e da economia operacional passam pela automatização dos processos através do desenvolvimento de projetos com a aplicação de equipamentos integrados que respeitem as características operacionais de cada cliente.

“Não estamos falando de uma tendência, mas de uma realidade que já se impõe. As empresas do Transporte Rodoviário de Cargas precisam estar altamente preparadas e estruturadas, com foco no investimento em pessoas e em novas tecnologias. Isso permitirá operar com mais qualidade e eficiência, reduzindo custos e, ao mesmo tempo, adotando práticas cada vez mais sustentáveis para garantir sua competitividade e relevância no mercado”, acrescenta Kasnodzei, do SETCEPAR.

Para Godinho, da JPLOG, uma tendência se impõe por falha do mercado: “se não houver nenhuma mudança, inclusive partindo do governo, não teremos mais mão de obra qualificada de verdade. Ela será extinta e isso afetará a todos. Por isso qualificar as pessoas é muito importante”.

Por seu lado, o diretor Executivo da MXP Transportes destaca que o setor de transporte é carente de inovações, capacitações de profissionais e tecnologias de ponta. “Acredito que são esses os caminhos a serem percorridos pelas empresas do setor para que possam se manter no mercado. Mas tem um ponto que impacta em tudo isso, que são as mudanças necessárias no modelo logístico de grandes embarcadores que mantêm um mesmo modus operandi que não permite avanços no caminho da produtividade e ganho de escala.”

“Existe, claro, toda a parte de transformação digital. Toda a parte da entrada, também, da inteligência artificial nesse setor, como já acontece em outros. Isso vai envolver a automação de processos e trazer melhorias como redução de prazo no transporte, ou seja, se você melhorar sua eficiência, por exemplo, com a aquisição de meios transportes e de carga e descarga mais modernos, é possível aumentar a eficiência justamente na entrega da mercadoria. Se você tentar ser o mais rápido, vai fazer com que haja uma rotatividade maior dos seus ativos, que são os caminhões. Também podemos pensar em escolhas e alternativas logísticas com menor pegada de carbono, como investir em caminhões elétricos, que é uma outra tendência que está vindo aí. Outra tendência que eu acho que é importante é focar também na intermodalidade, ou seja, você ser um prestador de serviços que atue muito em conjunto com outros modais, sobretudo o ferroviário. As ferrovias estão crescendo bastante no Brasil e você ter o acesso rodoviário é também importante, sobretudo na última milha. Então, é saber onde vão surgir novas rotas por conta da criação de novas ferrovias, ou seja, se as novas ferrovias acabarem tendo pontos terminais, ali vai surgir muita demanda de carga, então você estará adaptado e pronto antecipadamente para poder prover serviços nessas áreas”, finaliza Girard, da Macroinfra.

Participantes desta matéria

Aozawa Consultoria – Oferece consultoria, assessoria e serviços para gestão de prevenção de perdas, eficiência operacional, tecnologia, inovação e desenvolvimento humano.

Grupo Mirassol – Composto por cinco empresas – Expresso Mirassol, M3 Logística, Alulo, ILC e CDRS –, oferece soluções completas e interligadas para toda a cadeia logística, como transporte (inbound e outbound), armazenagem, logística in house e locação de equipamentos de transportes, bem como de equipamentos para operações logísticas.

JPLOG – Focada em cargas secas, tem obtido, desde sua fundação, crescimento expressivo na carteira de clientes e nos volumes de armazenagem e distribuição.

Macroinfra – Empresa de consultoria estratégica especializada nos mercados de infraestrutura e logística de transporte. Desenvolve trabalhos e estudos que dão suporte para a tomada de decisão e planejamento estratégico da alta gestão empresarial e de Governo.

MXP Soluções de Entrega – É especializada em logística e transporte rodoviário. Atende os segmentos de alimentos, cosméticos, medicamentos, roupas, acessórios, módulos de construção civil, produtos de limpeza, plásticos e correlatos.

Pitney Bowes – Empresa orientada pela tecnologia que oferece soluções de envio em SaaS, inovação em correspondências e serviços financeiros para clientes em todo o mundo.

RV Ímola – Provedora de soluções customizadas e integradas para o segmento de gestão logística hospitalar há mais de vinte anos. Atua em todo o território nacional nos sistemas público, privado e terceiro setor, atendendo secretarias de saúde, laboratórios, hospitais, home care e toda gestão de medicamentos.

Setcepar Entidade que representa as empresas de transportes de carga no estado do Paraná. Nasceu visando representar os empresários do setor de transporte rodoviário de cargas da região em variadas atividades, como em negociações coletivas de trabalho e em aproximação com autoridades e com autarquias municipais, estaduais e federais, bem como com a imprensa.

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