Imagine um grande hospital que não precisa se preocupar com prazos de recebimento e armazenagem dos medicamentos de alto custo que utiliza e, assim, pode se concentrar na sua missão principal: cuidar dos pacientes. Isso já vem ocorrendo em São Paulo, com o projeto de consignação de alto custo, da RV Ímola, empresa de operações logísticas voltada para a área da saúde que armazena e transporta medicamentos, insumos e vacinas e outros produtos para indústrias, laboratórios farmacêuticos, hospitais, clínicas e órgãos do Governo Federal, estados e municípios.
Há cerca de um ano, quando implantou o projeto, a RV Ímola se qualificou para gerenciar a venda em consignação de remédios de alto custo de laboratórios para hospitais. O serviço consiste na negociação da empresa com os laboratórios, especificamente em relação a medicamentos oncológicos e imunossupressores. Esses medicamentos são armazenados nos galpões da RV Ímola, em Guarulhos (SP), e a entrega é feita de forma imediata aos hospitais assim que surja a necessidade.
“A RV Ímola gerencia essa negociação, entre o cliente – hospitais ou operadoras de planos de saúde – e a indústria farmacêutica, os laboratórios”, explica o vice-presidente operacional Lauro Traldi. Até o momento, já utilizam o serviço dez clientes, todos em São Paulo: dois operadores (um grande hospital e uma operadora de plano de saúde) e oito laboratórios.
Traldi ressalta o ineditismo do projeto e calcula que o serviço gera uma economia de até 40% para os hospitais, que não precisam incluir na sua rotina o recebimento de remédios de diferentes fornecedores nem gastar com espaço de armazenamento. Ao terceirizarem esses serviços, os medicamentos podem ser estocados em quantidade suficiente para os terem quando precisarem, evitando também o risco de, eventualmente, um hospital esbarrar na falta de um determinado produto em um laboratório.
Com o medicamento no estoque, quando a RV Ímola recebe o pedido do hospital, a entrega é feita no mesmo dia. Mas o trabalho de logística envolve também o controle de notas fiscais e os prazos de validade: seu sistema aponta ao hospital se o medicamento estiver a 60 dias do vencimento. Todo esse serviço é desempenhado por 1.300 colaboradores que a empresa mantém em Guarulhos.
Para os laboratórios, a operação também é vantajosa, com a redução de custo logístico e de entrega. “Os prazos de entrega são sempre muito apertados, o que aumenta o custo”, diz Traldi.
Se há um ano, quando o projeto de consignado de alto custo foi anunciado, Traldi notou uma surpresa natural por parte do mercado, hoje ele vê aumentar o portifólio de clientes como resultado do trabalho da RV Ímola: “Esse tipo de operação, que envolve a saúde, tem de ter excelência, tem de ser 100% de eficácia; não cabe uma eficácia de 90%”, afirma. E aposta no crescimento do serviço: “Queremos democratizar esse formato de operação, para hospitais grandes e pequenos”.