Pesquisa da ABOL revela que OLs não conseguiram repassar aumento de custos gerados pela crise

30/06/2022

A maioria dos Operadores Logísticos não conseguiu repassar para o preço do serviço o aumento de custos oriundos, principalmente, da crise do combustível, do transporte rodoviário e das complicações geradas pela pandemia. Embora a margem de lucro tenha aumentado para a maioria, não acompanhou o crescimento da receita no mesmo patamar. As despesas operacionais representam 74% da receita bruta e não variam em função do porte dos OLS.

Para driblar os entraves, os OLs incrementaram os investimentos. As verbas foram destinadas, sobretudo, à modernização das instalações e infraestrutura e softwares, priorizando a integração tecnológica com clientes e fornecedores. Houve também uma forte tendência de investimentos em startups e logtechs por quase metade das empresas no ano passado.

Esses dados fazem parte da edição 2022 do estudo “Perfil do Operador Logístico”, encomendado ao ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain pela ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos, divulgado recentemente à imprensa. A pesquisa produz detalhes sobre a importância, a evolução e o papel do setor, mapeia desafios e anseios das empresas e traz mais visibilidade e informações ao mercado.

Representatividade

Os OLs registraram, em 2021, Receita Operacional Bruta de R$ 166 bilhões e garantiram 2 milhões de empregos, entre diretos e indiretos, o equivalente a 2% do total de pessoas ocupadas no Brasil. Além disso, arrecadaram R$ 44 bilhões em tributos. O ano foi marcado por recuperação e crescimento: eles transportaram 391 milhões de toneladas e investiram R$ 18 bilhões.

Realizada desde 2014 e com a última versão divulgada em 2020, a pesquisa aponta um aumento, nos últimos dois anos, da presença dos OLs em diferentes regiões do país. Além disso, destaca a ampliação da sua abrangência setorial dentro da cadeia de suprimentos, atendendo um número maior de clientes em segmentos variados, como o do e-commerce.

O levantamento contemplou um universo de 1 mil empresas – incluindo as 30 associadas da ABOL – que atenderam os pré-requisitos do ILOS, baseados na CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas e nos serviços oferecidos. “Além de ampliarmos a base, dividimos as empresas em pequeno, médio e grande portes, revelando o comportamento de cada grupo diante, por exemplo, do cenário político e econômico brasileiro”, destacou a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha.

Abrangência

As principais atividades realizadas pelos OLs são transporte rodoviário fechado, armazém geral e cross docking. O questionário revelou que 94% dos OLs realizam operações conjuntas de transporte e armazenagem, o que ocorre para 44% da carga.

A atuação dos OLs abrange as cinco regiões nacionais, onde estão localizados 37% dos respondentes das perguntas. Inclusive, desde a edição 2020 da pesquisa, houve um incremento na atuação regional dos OLs, passando de 25% para 44% no Norte, 43% para 58% no Nordeste, 37% para 62% no Centro-Oeste, 63% para 75% no Sul e de 92% para 97% no Sudeste. As respostas revelam uma busca por atuação nacional, apesar de existirem os Operadores Logísticos regionais, concentrados, sobretudo, entre as empresas de pequeno porte.

O crescimento nos setores atendidos também foi constatado pelo estudo. Em relação a 2020, a presença dos OLs aumentou em 12% na área de cosméticos, 16% no comércio eletrônico, 14% na de produtos de limpeza e 12% na de tecnologia industrial e de serviços.

A pesquisa mostra ainda que, embora os Operadores Logísticos nacionais tenham preferência clara por operar em segmentos de alto valor agregado, há uma tendência de ampliação. “No caso do e-commerce, a presença cada vez maior do OL – um dos reflexos da pandemia – está relacionada ao potencial do mercado em trazer muito volume a um nicho que está crescendo a taxas mais altas do que outros setores”, explica Marcella.

Pequenos e médios

A pesquisa esclarece, também, que a estratégia dos OLs de menor porte é reduzir custos, dos médios é ganhar mercado e dos de maior porte é melhorar o serviço. A maior parte quer se destacar no mercado pela flexibilidade e customização das suas operações. Velocidade e preço não são o alvo da diferenciação, sendo mais vistos como habilitadores para o serviço. A integração com o cliente, a tecnologia e automação, o nível de serviço e a produtividade são os pontos de maior foco de desenvolvimento da atividade.

Os maiores OLs aparecem na liderança do setor, tanto na realização do serviço, quanto no objetivo de trazer resultados econômicos mais rapidamente para o mercado e para o país como um todo.  Iniciativas sustentáveis, qualificação de mão de obra e contratação de funcionários, prioritariamente, via CLT, foram outros pontos destacados na pesquisa. “O desenvolvimento de áreas ESG também vem aumentando no Brasil como uma tendência mundial, já que há um entendimento de que os negócios precisam se sustentar a longo prazo. Nesse sentido, observamos um avanço dentro das organizações, com os de grande porte na liderança e os pequenos vindo na sequência focando no crescimento”, analisa a executiva da ABOL.

Eleições

Em ano de eleição, os OLs esperam uma maior atuação do governo na redução da carga tributária e melhoria da infraestrutura, com foco nas rodovias, infraestrutura viária das médias e grandes cidades e os acessos aos centros urbanos. Quando se trata do reconhecimento da atividade, se mostraram atentos ao PL 3757/ 2020, que visa regulamentar a função do OL e está em tramitação no Congresso Nacional. Segundo a pesquisa, 32% dos OLs sofrem com a bitributação.

As perdas financeiras obtidas com a paralisação dos caminhoneiros também fizeram parte do questionário, diante das frequentes manifestações realizadas pela categoria com impacto direto na rotina dos OLs. Para 38% dos entrevistados, as paralisações são quase nunca recuperáveis. Para os demais, são necessários cerca de quatro dias para que seja possível se refazer de um dia de manifestação.

“A pesquisa permite um conhecimento amplo do setor, relevando as suas particularidades e necessidades macros, principalmente, após dois anos de pandemia e outros obstáculos no meio do caminho que comprometeram o Supply Chain internacional. Podemos dizer que a resiliência é a principal característica dos OLs, já que houve recuperação e desejo pelo desenvolvimento e inovação”, concluiu Marcella.

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savoy
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