É difícil mensurar quais setores de mercado foram mais impactados pela crise do novo coronavírus. Mas o setor de Supply Chain certamente sofreu e ainda sofre com os novos hábitos de consumo ao redor do globo – a consequente explosão do consumo online – e o aumento repentino da demanda por diversos tipos de suprimentos nos mais variados segmentos, como equipamentos de proteção individual nos hospitais, entre tantos outros possíveis exemplos.
Segundo análise da Bain & Company, a fragilidade das Supply Chains ao redor do mundo não começou na pandemia, evidentemente. Líderes do setor já vinham enfrentando problemas com interrupções cada vez mais frequentes, ocasionadas por desastres naturais, escalada de barreiras comerciais, choques de demanda e greves trabalhistas. Mas o alto grau de dificuldade para restabelecer as cadeias de abastecimento evidenciou ainda mais as limitações do setor que precisa, urgentemente, de modernização. A análise destaca ainda que “uma das lições claras dos choques associados à Covid-19 é que as cadeias de suprimentos de hoje são muito complexas e inflexíveis e que o futuro exigirá mais visibilidade e rastreabilidade”.
No estudo “The Future of Work: a Pandemic Spotlight” (junho/2020), conduzido pela Forrester Consulting e encomendado pela UiPath, líder mundial em robotic process automation (RPA), 83% das lideranças responderam que estão usando soluções de RPA para criar agilidade, diversidade e resiliência em suas operações de Supply Chain e 80% disseram que estão usando a tecnologia para lidar com as pressões de custo e automatizar rapidamente tarefas de back-office.
Segundo a pesquisa “Comprador de TI Bain Covid-19” (maio de 2020), o Supply Chain foi um dos setores com maior grau de automação em 2020, e mais de 80% das empresas de todo o mundo, dos mais diversos setores da economia, estão tomando medidas para acelerar suas iniciativas de automação.
Em termos práticos, como o RPA pode auxiliar as Supply Chains?
Na avaliação de Edgar Garcia, diretor comercial da UiPath para a América Latina, as áreas de Compras/Pedidos e Distribuição (Supply Chains) devem apostar em RPA simultaneamente para colher os benefícios da tecnologia.
Na área de compras, o RPA pode auxiliar em basicamente quatro etapas:
1. Abastecimento de dados – Os robôs RPA podem extrair e agrupar dados de forma rápida e precisa;
2. Integração de um novo fornecedor – quando um novo fornecedor é escolhido, o processo manual de integração pode levar semanas para ser concluído, com contratos que precisam ser lidos e adicionados a vários sistemas. Com o RPA e o documento de compreensão de dados é possível extrair, interpretar e processar as informações, integrando o novo fornecdor com mais rapidez e assertividade;
3. Requisições/Ordens de pagamento: um robô assistente pode auxiliar o responsável pela área de compras de modo a garantir que as requisições sejam preenchidas corretamente e o processo flua com rapidez e precisão;
4. Processamento de recibos: assim que um item comprado chega, os robôs de RPA podem ajudar a agilizar o processo de recebimento, preenchendo informações digitalizadas de um recibo nos sistemas necessários de forma praticamente instantânea, garantindo que o fornecedor receba seu pagamento de forma muito mais rápida.
No Brasil, Garcia destaca o case da Ball Corporation que conseguiu enfrentar os desafios da pandemia e dar continuidade aos negócios com o apoio da automação.
“Durante a pandemia conseguimos superar todos os desafios e manter nossos processos de entrada de notas fiscais em funcionamento, incluindo melhorias nos KPIs, graças à automação implementada com a UiPath, permitindo, entre outras coisas, a transição para o home office com segurança e eficiência. Além disso, também implementamos automações para envio de notas fiscais aos clientes e obtivemos o retorno desse investimento em menos de quatro meses.” A afirmação é de Fernando Coutinho, gerente de Data Analytics e Automação da Ball Corporation, fornecedora de embalagens metálicas para bebidas, alimentos e produtos domésticos e aeroespacial e outras tecnologias e serviços para clientes comerciais e governamentais.
Automação inteligente
Indo além de automatizar tarefas com base em regras bem definidas e instruções claras para processar entradas, a automação inteligente, que combina processos cognitivos, visão computacional inteligente e OCR (reconhecimento óptico de caracteres), pode trazer ainda mais benefícios ao gerenciamento da cadeia de suprimentos.
É possível, por exemplo, tomar decisões baseadas em padrões de dados, implementar serviços de interação com bots, solicitar mudanças na modalidade de transporte, escalonar entregas atrasadas etc. Em um nível ainda mais alto de sofisticação, a automação cognitiva age a partir de algoritmos complexos e reconhecimento de padrões guiados por autoaprendizagem para fazer previsões e apoiar a tomada de decisões.
“Resumidamente, com o apoio dos robôs é possível planejar toda a cadeia de suprimentos, controlar oferta e demanda, selecionar fornecedores e tomar decisões de forma muito mais assertiva e praticamente livre de erros, o que é crucial para qualquer negócio, principalmente em um contexto crítico como o da pandemia e no pós-pandemia, uma vez que dificilmente as relações comerciais voltarão a ser como eram antes”, avalia Garcia.