Enquanto algumas empresas guardam suas operações logísticas a sete chaves, considerando-as estratégicas em um mercado altamente competitivo, outras delegam estas operações a terceiros, fixando-se em seu core business. Estas são as entrevistadas desta matéria especial de Logweb Digital.
Antenas Aquário: transportadoras divididas por região
A Antenas Aquário (Fone: 44 3261.7300) oferece soluções de tecnologia há 40 anos. Sua linha é dividida em produtos para TV, como antenas externas e internas, conversores digitais e acessórios; linha celular, de mesa, rural, repetidores de sinal, carregadores, antena de celular, adaptador de antena e acessórios; Internet, com roteadores de wi-fi, internet profissional e acessórios; e radiocomunicação, incluindo rádio PX, antenas móveis PX, antenas UHF e acessórios. Os destaques são o Smart Box, que transforma qualquer televisor em uma SmartTV, e o WEX 350, roteador wi-fi.
Toda a operação logística de entrega e de pós-venda da empresa é terceirizada. “Atualmente, as transportadoras que utilizamos estão divididas por região, observando os critérios de melhor custo e qualidade de operação”, explica Julião Moreira, analista de logística da empresa.
Ele também comenta que adotaram esta estratégia por entenderem ser a melhor maneira de: realizar investimentos somente em ativos que serão utilizados no core business; utilizar os melhores prestadores de serviços para executar a operação; melhorar a eficiência de entregas e logística de pós-venda; simplificar os processos; e reduzir os custos administrativos e operacionais.
No processo, os pedidos são separados, faturados e enviados aos clientes através das transportadoras definidas para cada região. “Para os clientes onde é necessário agendamentos para entrega, realizamos todos os agendamentos e informamos as transportadoras. Ao lado disto realizamos o monitoramento de 100% das operações de entrega e logística de pós-vendas”, explica Moreira.
Mas, para que estas operações sejam realizadas a contento, são enfrentados alguns desafios. “Atualmente temos como grande desafio atender clientes com perfil variável de compras: atendemos grandes varejistas, distribuidores, médios e pequenos comércios, além do e-commerce. Outro grande desafio é a busca pela redução de prazos de atendimentos de pedidos, aliada à redução de custos, contudo, sem diminuir a qualidade. E, por fim, a ineficiência operacional no recebimento de pedidos por parte de alguns clientes, o que acaba onerando o custo de algumas operações”, completa o analista de logística.
Sobre a solução destes problemas, ele diz que a redução de custos e prazo e melhor eficiência nas operações passam pela melhora da analise das operações da Aquário. “Para isso estamos adotando ferramentas que possibilitarão uma melhor compreensão dos gaps operacionais que possuímos. Aliado ao melhor entendimento das operações e necessidades de nossos clientes, a adoção de múltiplos modais e CDs regionais podem proporcionar ganhos operacionais e de custos”, completa.
Cerâmica Atlas: terceirização visa reduzir custos
Fabricante de pastilhas de porcelana e revestimentos cerâmicos, a Cerâmica Atlas (Fone: 19 3673.9600) utiliza serviços terceirizados de transporte para as matérias primas usadas na fabricação dos revestimentos e, também, para a entrega do produto final para os seus clientes.
“Terceirizamos estas operações porque optamos pela redução de custos e a segurança de que a gestão é feita por empresas com know-how em logística. Ou seja, a contratação de empresas com expertise em logística garante redução de custos e aumento da qualidade nos serviços de transporte de cargas”, explica Rui Valeije, gerente geral de vendas da Cerâmica Atlas.
Porém, nem tudo “são flores”. O gerente diz que, com esta terceirização, geralmente se depara com equipes sem treinamento para manusear os produtos e com frota não adequada ao transporte. “No nosso caso, temos um rígido critério para a seleção das empresas prestadoras de serviço, levando em conta o treinamento da equipe e a qualidade da frota, evitando problemas para nossos fornecedores e clientes”, completa.
Uni Alimentos: operações terceirizadas para entregas em prazos mais curtos
Hoje a Uni Alimentos (Fone: 11 4899.2756) conta com quatro linhas de produtos. Em 2015, surgiu com a linha de tapiocas, no ano seguinte, trouxe uma linha de biscoitos snacks. Ano passado, foi a vez de dar lugar ao Chips Brasil, uma linha de chips feitos à base de mandioca e batata-doce. Recentemente, lançou as Farofas da Fazenda, feitas no óleo de palma.
“Em São Paulo, contamos com uma frota própria que redistribui os produtos que saem de Caieiras, SP, para todo o Estado de São Paulo. Para os outros estados, distribuímos os produtos com um serviço terceirizado, por meio das grandes redes que contam com frotas na região.”
Vagner Gomes, fundador e CEO da Uni Alimentos, também destaca que utilizam as operações terceirizadas para conseguir entregar os produtos dentro de um prazo mais curto e para chegar a todas as redes com preços competitivos. “Utilizamos a terceirização de frotas por conta da parceria que temos com as redes que vendemos os produtos. E, além de chegarmos aos pontos de venda com um preço bem mais competitivo, também conseguimos parcerias para continuar expandindo a nossa marca”, completa.
Pioneer do Brasil: em Uberlândia, MG, armazenagem e distribuição dos produtos fabricados em Manaus, AM
A Pioneer do Brasil (Fone: 0800 600.5725) é líder mundial no segmento de som automotivo.
Em termos de logística trabalha com dois operadores terceirizados, um no regime de entreposto, localizado em Uberlândia, MG, região central do país, e outro em São Paulo, na Rodovia Anhanguera, próximo ao rodoanel.
“Em Uberlândia fazemos armazenagem e distribuição dos produtos fabricados em nossa unidade situada no polo industrial de Manaus, AM. Atendemos todo o país, via transporte rodoviário, com saídas do armazém de Uberlândia, exceto a região Norte, que recebe saídas diretamente da nossa fábrica em Manaus. Com esta manobra, nossos clientes, embora recebam as NFs com endereço de Manaus, contam com os benefícios fiscais de uma empresa da zona franca de Manaus, tendo um prazo de entrega diferenciado, porque fisicamente os produtos estão saindo de Uberlândia. Por exemplo, as entregas realizadas para a capital do Estado de São Paulo, saindo de Uberlândia. Neste caso, conseguimos atender em D+2, e se faturando direto da fábrica em Manaus, no rodoviário, receberiam em no mínimo D+13.”
Já o armazém terceirizado em São Paulo – continua João Paulo Oliveira, subgerente de logística – efetua quatro grandes operações: partes e peças; atendimento à rede de postos técnicos autorizados, espalhados pelo Brasil; operação de OEM e atendimento de montadoras; e materiais importados e promocionais, com os quais a Pioneer atende aos eventos de marketing.
Oliveira também ressalta que optaram por terceirizar a sua logística e transportes porque o negócio Pioneer é tecnologia, desenvolver e produzir aparelhos com alta qualidade, e também o perfil de sua carga é valor agregado alto e volume baixo, o que faz com que não seria competitivo manter logística própria. E ter um Centro de Distribuição apenas para distribuir aparelhos pelo volume que têm de vendas atualmente, é melhor desenvolver parceiros com grande capacidade que tenham know-how e juntos com outros clientes com perfil de carga Pioneer, que com certeza terão uma melhor negociação de frete e prazo de entrega.
“Outro ponto pelo qual optamos pela terceirização é a questão de gerenciamento de risco. Sabemos que a atual situação do nosso país não é favorável quando falamos em roubo de carga. Por isso, confiamos a nossa carga a pessoas capacitadas, que tratam o gerenciamento de risco diariamente, estando sempre atualizados com o que há de melhor no mercado, para mitigar riscos.”
O subgerente de logística também lembra que alguns pontos são muito favoráveis quando falamos de terceirização.
“Infelizmente, nosso país não vive um bom momento e o transporte está sofrendo com a situação, tornando, assim, difícil o transporte no Brasil. Posso citar algumas falhas: alto valor do combustível, com variação diária conforme nova política da Petrobras, estradas precárias, nossa malha ferroviária é quase nada se compararmos ao tamanho do Brasil, os roubos de carga e restrição de horário em grandes centros, entre outras dificuldades.”
Por isso, continua Oliveira, a terceirização é um ótimo benefício, pois deixamos nas mãos de especialistas, de pessoas capacitadas e experientes que saberão gerir todas essas dificuldades que abrangem o sistema logístico. “E nem entrei na parte de pessoas e gerenciamento de ativos os caminhões.”
Por outro lado, no caso da logística e transporte da Pionner, o principal problema em terceirizar a operação é depender de um ou poucos fornecedores de qualidade: dependendo do produto vendido, existe a sazonalidade, onde em determinadas datas, há o aumento das vendas, fazendo com que falte mão de obra para o atendimento.
“Podemos citar o exemplo da ‘Black Friday’ no Brasil. Nesse período somos obrigados a aumentar o prazo de entrega para algumas regiões, a fim de não causar insatisfação maior para os clientes, devido à falta de ativos e mão de obra dos parceiros. Temos que lembrar que todas as expertises das entregas ficam sob responsabilidade dos nossos parceiros e, em uma eventual mudança, a curva de aprendizado para com o novo parceiro que venha a trabalhar será alta, devido à particularidade de cada cliente.”
Para minimizar um pouco o impacto, em um eventual problema com os parceiros terceirizados, a empresa tem pelo menos dois parceiros homologados. “Por exemplo, podemos citar os Correios. Quase todo ano existe algum tipo de paralisação, e para cobrir estes momentos, temos outro parceiro com tabela de frete homologada, para causar menos impactos nesses momentos.”
Sobre a expertise das entregas que estão em poder dos parceiros da empresa, para mitigar um transtorno em uma eventual mudança, foi criado um manual de entregas do cliente. Cada cliente Pioneer possui um manual, com especificações sobre entregas, citando agendamentos, horário do recebimento, uma agenda online no portal ou por e-mail, valor de cargas e outras particularidades que cada cliente tem.
Brandili: terceirização garante a continuidade dos serviços
Oferecendo roupas para pessoas de 0 a 18 anos, a Brandili Têxtil (Fone: 0800 646.2444) terceiriza boa parte de suas operações logísticas.
Carlos Eduardo Guethz, coordenador de logística, lembra que, primeiramente, é terceirizado o transporte de entregas e coletas em facções. “Todas as entregas de partes cortadas para costura, insumos, linhas e demais itens para confecção das peças são efetuadas por uma empresa de transportes terceirizada, com caminhões exclusivos para atendimento desta operação. As peças prontas são coletadas nas facções pelos mesmos caminhões, e são entregues na expedição da Brandili no retorno dos veículos.”
Ainda segundo Guethz, também é feita a terceirização de veículos para setores de qualidade, administrativo e atendimento às facções. “Possuímos uma frota de veículos de pequeno porte alugados para suprir todas as atividades externas de colaboradores durante a jornada de trabalho, sendo apoio em facções, inspeções de qualidade, deslocamentos entre unidades, compras, DHO e outras viagens necessárias.”
Por fim, há o rastreamento de veículos. Todos os veículos próprios, alugados e os caminhões do transportador de entregas de facções são rastreados em tempo integral, para monitoramento de rotas, horários de utilização e atendimentos, além da segurança dos motoristas, passageiros e ativos.
O coordenador de logística também lembra que são diversos os motivos para a terceirização. Por exemplo, redução de custos. “Terceirizando reduzimos nossos custos fixos com folha de pagamento e manutenções de veículos.”
Outro fator importante é a questão da continuidade do serviço, ou seja, em caso de férias, atestados ou quebra de veículos, por contrato o prestador de serviço precisa atender a demanda, substituindo equipamentos ou mão de obra. São empresas especializadas no ramo da atividade, melhorando a qualidade do serviço.
Portanto, Guethz relaciona redução de custos de manutenções e mão de obra, nos casos dos veículos de entregas e coletas das facções, como benefícios advindos com a terceirização. Nos veículos administrativos, a Brandili optou pela facilidade na troca e renovação da frota, revisões e seguro incorporados em um único contrato. O rastreamento dos veículos proporciona um controle efetivo sobre todos os deslocamentos, controle de horários de entregas e coletas e controle de rotas.
“Ao utilizarmos um serviço terceirizado estamos abertos a possíveis situações, como distanciamento e a não integração total na cultura da empresa. Mas nunca tivemos problemas relacionados ao trabalho. Sempre buscamos fidelizar as empresas terceirizadas nos ramos de serviços conforme a necessidade, especificar todos os pontos de atenção, introduzir a cultura da empresa nos colaboradores das prestadoras de serviços, assim como os processos da nossa empresa”, completa o coordenador de logística.
Predilecta: monitoramento diário da performance de entrega
Dentro da área de logística, toda a operação interna, como movimentação e armazenagem nas fábricas da Predilecta (Fone: 0800 55.2727) – um dos maiores produtores de alimentos do país, fornecendo atomatados, condimentos, doces, conservas, molhos, sopas, massas, vegetais e goiabadas – é própria. “Terceirizamos a maior parte do transporte, sendo que atualmente cerca de 82,5% do volume e todo o estoque externo nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará são de responsabilidade de Operadores Logísticos.”
Ainda segundo Fernando Passos, gerente da Operação Logística da empresa, quando a atividade é terceirizada e à distância é necessário um empenho muito maior do time responsável pelo controle de estoque e entregas.
“Monitoramos diariamente a performance de entrega e inventariamos mensalmente os estoques. Em novembro próximo instalaremos o sistema COMPROVEI, que irá monitorar em real-time o status das entregas, ocorrências e agendamentos de todas as notas fiscais emitidas pela indústria através de um painel de controle na empresa e um aplicativo no celular dos motoristas das frotas e das transportadoras, que hoje somam mais de 1.000.”
Passos também ressalta que a empresa terceiriza as operações em determinadas áreas para conseguir redução de custos sem perder qualidade. Um exemplo é a operação de entregas fracionadas. “Como atendemos todo o território nacional, credenciamos transportadores especialistas em sua região para distribuição dos nossos produtos.”
O gerente da Operação Logística da Predilecta também lembra que, quando se terceiriza para empresas que trabalham com excelência em sua área consegue-se menor investimento inicial e maior controle sobre os custos variáveis, melhora-se a qualidade do serviço, agrega-se valor para a marca, reduz-se custos e tem-se mais tempo para trabalhar o core business.
“Com o modelo atual de impostos, alguns estados fornecem benefícios fiscais e temos que sempre estar atentos a essas oportunidades.”
Entre os problemas enfrentados com a terceirização, Passos também revela que a diferença entre culturas num território tão extenso como o Brasil é um ponto. Neste ramo de logística entender as atividades de cada parceiro e mensurar o seu trabalho é um grande desafio.
“Procuramos cada vez estar mais próximos dos prestadores de serviço, dividindo com eles as razões que nos levaram a buscar a terceirização, o que a empresa espera da parceria e avaliamos juntos os resultados e oportunidades de melhorar o processo”, finaliza o gerente, quando indagado sobre como superar estes problemas.
Sika Brasil: armazém homologado justifica a terceirização
Fabricante de impermeabilizantes, a Sika Brasil (Fone: 11 3687.4600) terceiriza a área de transportes e de armazenagem.
“Todo o transporte de cargas na Sika é contratado junto a transportadoras diversas. E a operação de armazenamento de produtos químicos é classificada, o que exige um armazém homologado.”
Ainda segundo Eliseu Ribeiro, gerente de compras da empresa, o transporte é terceirizado por não ser o negócio da Sika – e envolve altos custos de investimentos em veículos, pessoal e sistema. Já no caso da armazenagem, a empresa não tem um armazém homologado para operação de armazenamento de produtos químicos classificados – o que, também, implicaria em altos investimentos
Ribeiro também destaca que a terceirização proporciona redução de custo de mão de obra e investimento, além proporcionar garantias. Mas que, também, há problemas nesta opção. “Primeiro, a falta de qualidade de serviço e, também, a especialização que se espera contratando uma empresa para transporte ou armazenagem deixa muito a desejar. Para solucionar estes problemas, é preciso mais atenção às necessidades e à cultura do cliente – customizar o atendimento.”
Newell Brands: faltam prestadores de serviços de transporte
A Newell Brands A&C Brasil (Fone: 4020.2905) fornece uma ampla linha de eletroportáteis, como cozinha, lar, conforto térmico e beleza e saúde. E sua logística na matriz, em Piçarras, SC, envolve em média 40 veículos/dia, enquanto que na filial de Feira de Santana, BA, são em torno de 20 veículos/dia. “Entre despachos fracionados e dedicados são mais de 50 viagens/dia, de Piçarras e Feira de Santana para todo o território nacional e o Mercosul”, explica Nicklas Gehardt Meyer, diretor de operações. E, além do transporte rodoviário, a empresa ainda se utiliza da cabotagem, pelo custo.
Também para suportar o seu volume de negócios, a Newell Brands A&C Brasil conta com dois Centros de Distribuição, um em Piçarras, com mais de 30.000 m², e outro em Feira de Santana, com mais de 10.000 m², totalizando quase 40.000 posições-paletes.
Já se referindo aos maiores desafios logísticos enfrentados pela empresa, Meyer destaca a falta de uma maior variedade de prestadores de serviço de transporte com bom nível e que cumpram os combinados e, após o tabelamento dos autônomos, segurar os aumentos dos fretes. “Estes problemas poderiam ser resolvidos desenvolvendo os transportadores atuais e potenciais e fazendo parceria através de sinergia operacional com outras empresas”, diz o diretor de operações. Afinal, em termos específicos da logística da sua empresa, Meyer diz que ela tem um nível de acuracidade e flexibilidade nos processos que ninguém tem no mercado – “sendo este um dos grandes motivos que nossos clientes nos avaliam muito bem na pesquisa anual de satisfação”.
E, para se adequar ao mercado, e em termos de logística, a empresa capacitou os funcionários, revisou os processos, adotou um Programa de Qualificação de Transportadores, adotou gestão através de indicadores e melhorou a infraestrutura operacional.
Tintas Sherwin-Williams do Brasil: também em uso o modal marítimo
“Transportes de transferência e distribuição e Operador Logístico na linha automotiva são operações coletadas em nossos CDs que ficam junto às plantas de São Paulo, nas cidades de Taboão, Sumaré e São Bernardo do Campo, e uma na cidade de Igarassu, na Grande Recife, em Pernambuco.”
Ainda de acordo com Paulo Pinho, diretor de Operações Brasil da Tintas Sherwin-Williams (Fone: 0800 702.4037), essas coletas são feitas diariamente e seguem para as centrais das transportadoras que, de lá, dependendo do volume, são conjugadas com os outros clientes das transportadoras. No caso das cargas completas, estas seguem diretamente para os clientes.
“Utilizamos o modal marítimo também sempre com cargas completas. E o Operador Logístico quando há pico de demanda, o que tem acontecido em uma das plantas, e isso nos atende de forma temporária. Lá, seguem paletes completos e retornam para o CD completos também, e são utilizados como pulmão do estoque central.”
Pinho também comenta que os transportes são terceirizados por não serem core business da empresa, e pela alta disponibilidade de transportadoras no mercado, além da redução de custos trabalhistas e da eliminação de gerenciamento de frota. Já o Operador Logístico, por circunstância provisória.
“As leis brasileiras levam as grandes empresas a focarem somente no seu negócio principal por problemas de custos, principalmente, mas também pelo gerenciamento e otimização dos ativos.”
Sobre os benefícios advindos com a terceirização, o diretor de Operações relaciona: maior flexibilização de custos e de demanda. “Muitas vezes, temos picos de demanda em algumas semanas e ociosidades em outras, o que pode levar ao erro de ter ativos em excessos para atender o pico e escassez por redução de custos e deixar de atender a demanda e piorar o nível de serviço. Com um parceiro, temos a flexibilidade de ele gerenciar as demandas de acordo com o perfil dos seus clientes.”
Mas, lembra Pinho, pode acontecer de quando houver a concentração de vendas, reduzir a disponibilidade e pontualidade. “Alguns parceiros necessitam evoluir de acordo com as necessidades do mercado. Poucos parceiros apresentam novidades na área de transportes e em melhoria de serviço e ficam restritos a leilão de preços de fretes, e não atentos a algo que agregue valor aos clientes e aos clientes dos clientes. O transporte no Brasil está muito concentrado no rodoviário e deveria existir investimento por parte do governo em hidrovias, pois o valor é baixo e o retorno alto, além de desafogar a malha rodoviária. Os modais marítimos e ferroviários também têm pouca utilização.”
O diretor de Operações acredita que estes problemas seriam resolvidos trabalhando em conjunto, em iniciativa e incentivo do embarcador, “e a Tintas Sherwin-Williams vem investindo em tecnologia, e alguns parceiros têm nos acompanhado. O mercado exigirá e a tendência é um funil dos que irão sobreviver a essa demanda. Esse ponto se trata especificamente do rodoviário, mas a saída é abrir os modais com investimento em ferrovias e hidrovias e maior clareza e menos burocracia para as empresas marítimas atuarem no Brasil, principalmente com privatizações dos portos”.
Além do transporte buscando um alto indicador de OTIF, incluindo disponibilidade de produtos, pontualidade e redução de prazo de entrega, a empresa está investindo em tecnologia e os clientes poderão acompanhar os seus pedidos. “Revemos frequência e modal a ser utilizado e constantemente alinhamos as expectativas e necessidades dos nossos clientes internos e externos. Temos reuniões com as nossas áreas de Vendas, Marketing e Operações, alinhamos a demanda do mês corrente e as expectativas para os três meses seguintes. Com isso, nosso planejamento de produção atua de forma organizada e em sincronia com o mercado, aumentando a satisfação dos nossos clientes.”
Mazzaferro: atenção à diferença de cultura entre contratante e contratada
Hoje, a Mazzaferro Monofilamentos Técnicos (Fone: 3717.0020), dentro das operações logísticas, só terceiriza o processo de frete, ou seja, transportes, uma vez que a sua cultura está voltada ao empreendedorismo, à inovação, ao resultado, à governança e sustentabilidade. “Buscamos dobrar nosso ROL em três anos, assim o foco total é no core business.”
Tania Abbomerato Zantut, gerente de Supply Chain, continua, explicando que quando o foco da empresa não é logística, como é o caso da Mazzaferro Monofilamentos, ela deve buscar terceirizar os negócios secundários, aqueles cujo desempenho não afeta o resultado final do produto, focando na sua verdadeira atividade, no que realmente interessa, que é o resultado das vendas de seus produtos.
Tania ainda lembra que os benefícios da terceirização envolvem redução de custo e foco no negócio.
O foco na área de logística, como em todas as áreas, é alcançar resultados com o menor custo possível. “A maior vantagem da terceirização na logística é a redução de custos pelo simples motivo de compartilhar os custos, que passa a ser variável, ao invés de fixo, e a empresa só pagar pelo o que realmente utilizar, gerando uma boa economia em pouco tempo.”
A gerente de Supply Chain ressalta, ainda, que se a empresa optar por logística própria, é necessário montar uma operação muito complexa e onerosa com toda a estrutura necessária e os custos envolvidos, compra de frota própria, folha de pagamento, local destinado aos veículos e toda gestão do departamento, o que encarece o produto final e afeta diretamente a competitividade do produto no mercado.
“Com a terceirização da logística, pode-se otimizar processos e custos, controlando e simplificadamente essa atividade. A empresa de terceirização passa a ter toda a responsabilidade de mapeamento, desenho de processos, rotina da operação e controles.”
Para se alcançar resultados positivos na terceirização da logística, ainda segundo Tania, é necessário contar com empresas sérias, tecnologicamente preparadas com hardware e softwares, aplicativos de rastreamento que geram maior eficiência nas informações, veículos mais modernos e que tenham manutenções periódicas, garantindo maior agilidade na entrega e mais segurança ao contratante, mas isso não exclui a responsabilidade do contratante no acompanhamento do processo, monitorando os índices de performance para alcançar o resultado esperado.
“Quando se decide terceirizar – enfatiza a gerente de Supply Chain – você conta com ferramentas apropriadas para aquele ambiente onde empresas já sabem o que deu certo e passam a utilizar tal ferramenta e, consequentemente, a qualidade do serviço entregue é muito melhor. Assim, menor custo e qualidade são aliados.”
Por outro lado, Tania diz que um dos problemas na terceirização pode ser a própria qualidade do serviço prestado, caso não se consiga um parceiro adequado. Outro problema pode ser a diferença de cultura entre as partes, contratante e contratada.
Para resolver estes problemas, ela sugere pesquisar muito, buscar indicações de parcerias, analisar os custos envolvidos antes de homologar o fornecedor e, no caso de custo muito abaixo do mercado, se preocupar.
É necessário pesquisar o histórico da empresa antes de contratar, a fim de verificar se a mesma já opera com carga similar à que se pretende enviar, iniciar o serviço com percursos mais curtos e ir aumentando gradativamente para entender as capacitações da transportadora, saber quais são os canais de comunicação, inclusive pós-venda, e acompanhar pelo menos inicialmente o processo de carga, descarga, manuseio e estocagem da empresa transportadora. Todas essas ações, diz a gerente, trarão maior confiança na contratação do serviço, minimizando a possibilidade de problemas.
A Mazzaferro Monofilamentos foi fundada em 1984 e é a maior produtora de fios técnicos da América Latina, servindo mais de 50 diferentes cadeias industriais de transformação. Além da unidade de negócio de Monofilamentos, a empresa opera ainda com outras subunidades: Linea Bella (utilidades domésticas), Mazzaferro Medical (dispositivos médicos) e Mazzaferro Color Charts (catálogos e displays para o setor de cosmética).