Siderurgia e Metalurgia: Logística envolve produtos pesados e de difícil manuseio

27/09/2018

Aí que reside a complexidade da logística nestes setores. Tanto a matéria prima, quanto os produtos acabados são transportados com equipamentos especiais e há maior necessidade de segurança. O que também exige investimentos em capacitação da mão de obra e em equipamentos.

A expectativa de crescimento para o setor metalúrgico em 2018 era de 20%.
Ainda segundo Josana Teruchkin, diretora executiva da Transportadora Sulista (Fone: 41 3371.8200), apesar das situações adversas que tivemos no primeiro semestre do ano, como a paralisação dos caminhoneiros, as perspectivas são boas, impulsionadas, principalmente, pelas exportações e pelo mercado automotivo nacional.
Marcos Paulo Romani, gerente da unidade de Bento Gonçalves, RS, da Transfarrapos Transporte Rodoviário de Cargas (Fone: 54 2105.3000), também mantém otimismo quando ao desempenho destes setores, dizendo perceber uma melhora pelo aumento da movimentação logística – porém, continua ele – não podemos afirmar que as perspectivas são positivas devido ainda haver oscilações nos embarques.
“Realmente, o mercado industrial vem dando sinais positivos de crescimento, o que impulsiona toda a cadeia logística”, completa Toni Junior Ramos Trajano, diretor executivo da Soluciona Logistica e Transportes (Fone: 11 4210.0635).

Complexidade
Já em se falando exclusivamente de cadeia logística, é facilmente perceptível que os segmentos de siderurgia e metalurgia apresentam alta complexidade pois, conforme conta Daniela Rabaiolli, gerente Comercial e de Pessoas da Aceville Transportes (47 3130.7350), estes setores demandam o transporte de produtos extremamente pesados e de difícil manuseio.
Tanto a matéria prima, quanto os produtos acabados são transportados com equipamentos especiais e há maior necessidade de segurança. “O transporte muitas vezes é realizado em veículos abertos (carroceria), mas nós, que temos como grande fatia de mercado esses setores, também transportamos em baús, pela prática e conhecimento do manuseio desse tipo de material, tendo índices de avarias baixíssimos”, comenta Daniela.
O Grupo Farrapos, por sua vez, opera com a distribuição dos produtos acabados, onde o nível de exigência dos clientes destinatários varia, podendo ser entrega dedicada, agendamento do horário de recebimento, paletização da mercadoria, descarga com a quantidade exigida de ajudantes ou descarga paga e veículos com prancha, explica Romani.
E a Soluciona atua no processo de inbound de matéria prima (sucata) para a indústria siderúrgica, onde o maior desafio é atender as demandas, principalmente dos geradores de matéria prima (montadoras), conforme sua sazonalidade e especificações de atendimento nas plantas. Ainda segundo o diretor executivo da empresa, a principal exigência está relacionada à segurança da operação, pois operam com equipamento Rollon of, necessitando constante treinamento das equipes de operação para garantir o indicador de acidentes igual a zero.
Josana, da Sulista, completa esta questão informando que os setores de siderurgia e metalurgia são caracterizados pela movimentação e transporte de cargas pesadas que exigem condições logísticas diferenciadas. Também são muito impactados pela questão ambiental, pela geração de grandes volumes de resíduos.
“A alocação de equipamentos especiais, que gerem uma melhor produtividade no transporte, por exemplo, são iniciativas importantes para os segmentos. Importante também contar com um bom planejamento logístico e rastreabilidade. Os setores abastecem a mercados muito exigentes, como o automotivo, por exemplo. Projetos de melhorias com otimizações operacionais, informação em tempo real e redução de custos através de uma melhor produtividade devem ser trabalhados”, comenta a diretora executiva da Sulista.
Ainda de acordo com Josana, a logística reversa tem grande importância na questão de descarte dos resíduos gerados. Sem a destinação adequada é um risco de dano irreversível ao meio ambiente.

Custos
Obviamente, a adequação no transporte para esses setores exige investimentos altíssimos em capacitação da mão de obra e em aquisição e manutenção de equipamentos que, frequentemente, têm a sua estrutura danificada e a sua funcionalidade comprometida, devido ao peso elevado dos produtos e, de forma indireta, às péssimas condições de trânsito nas rodovias.
“Além disso – prossegue Daniela, da Aceville – o manuseio desse tipo de mercadoria, na coleta, depósito, transferência e entrega necessita de um tempo excedente ao de caixas, pagando mais por homem hora e por veículos dedicados a essa operação. E, infelizmente, em muitas negociações não conseguimos repassar esses custos, trabalhando com uma margem de rentabilidade baixa, além dos altíssimos encargos tributários destinados à operação do nosso setor.”
A gerente Comercial e de Pessoas da Aceville destaca que uma forma de reduzir esses custos é a parceria e atendimento personalizado a esses clientes de siderurgia e metalurgia, prestando um serviço diferenciado, agregando valor, para aumentar as possibilidades de repasse desses valores despendidos nesse transporte. Outra forma é a capacitação dos colaboradores, para redução de avarias e otimização do tempo.
Trajano, da Soluciona, também alega que, atualmente, o desgaste prematuro dos equipamentos e insumos para o transporte destes produtos tem elevado o custo operacional, forçando a revisão de modelos e a otimização de processos para suportar este custo adicional ocasionado pelo perfil de carga e locais onde os veículos transitam.
Josana, da Sulista, também destaca que o transporte representa a parcela mais pesada no custo logístico destes setores.
“Há muitas ações a serem tomadas para a redução do custo: reduzir os tempos improdutivos nas pontas – há uma grande oportunidade de melhoria quanto à agilidade na carga e descarga. Ações como a implantação de janelas firmes de coleta e entrega e determinação de tempos máximos para carga e descarga são determinantes; alocação de veículos especiais com maior capacidade de carga; sinergias de rotas, a fim de minimizar deslocamentos vazios e sincronizar cargas in bound e out bound; constante acompanhamento através de KPI´s para medir a eficiência das operações e trabalhar no ajuste e melhoria continua”, completa a diretora executiva da Transportadora Sulista.
Finalizando esta questão, Romani, da Transfarrapos, também aponta os custos logísticos envolvidos nestes dois segmentos e como eles podem ser reduzidos: os custos logísticos são com veículos e mão de obra e a redução pode ocorrer com a otimização das cargas.

Mão de obra
Como mencionado anteriormente, a mão de obra também é um fator de custo nestes dois segmentos. E há, até, dificuldades para encontrar mão de obra especializada, o que influencia na logística.
Daniela, da Aceville, revela que a grande maioria de mão de obra disponível não tem conhecimento técnico e nem prático no transporte de produtos específicos para esses setores. Com isso, para a contratação, é preciso um tempo maior e isso demanda planejamento, pois há a necessidade de treinamento direcionado e intensivo em cuidados com a segurança do colaborador e sobre as técnicas exclusivas de manuseio e cuidado com esse tipo de mercadoria. “A operação de coleta com equipamento Rollon of, por ser especifica, não dispõe de oferta de mão de obra treinada e qualificada, sendo necessário a cada contratação um processo de adaptação e treinamento”, completa Trajano, da Soluciona.
E Josana, da Sulista, também lembra que as operações nestes segmentos demandam alto grau de eficiência e profissionais qualificados, capazes de entender e atender operações bem complexas.
Ainda de acordo com ela, o segmento logístico passa por uma importante transformação. Hoje é uma das áreas mais estratégicas nas empresas. Precisa de profissionais bem preparados, com proatividade, flexibilidade, que dominem as novas tecnologias, tenham tolerância ao imprevisto, que neste negócio é uma constante.
“Há uma carência de mão de obra em todos os níveis, desde posições bem operacionais, como carga e descarga, motoristas (estes cada vez mais escassos no mercado brasileiro), chegando também ao pessoal da administração. Para minimizar esta situação vemos diversos programas, conduzidos pelas áreas de RH, para desenvolver e capacitar os profissionais. Estagiários também são recursos bastante utilizados – jovens, talentosos, conectados com ideias inovadoras, que ajudam a empresa estar sempre atualizada”, finaliza a diretora executiva da Sulista.
Outra visão sobre as dificuldades de contratar mão de obra para estes dois segmentos é dada por Romani, da Transfarrapos: Muitas vezes, o horário de término das atividades de logística acaba excedendo o horário comercial devido às particularidades de cada cliente, o que acaba resultando na perda de mão de obra para a indústria.

Avaliação do Prêmio Top do Transporte
Veja a seguir como os participantes desta matéria especial avaliam o Prêmio Top do Transporte – promovido pelas revistas Logweb e Frota&Cia – para este segmento.

“Reconhecemos o Prêmio como uma grande alavanca para novas negociações e contratações. Com as dificuldades existentes no mercado, seja para adequação de veículos, maquinários e colaboradores, todo reconhecimento de eficiência torna gratificante o envolvimento e serve como motivação a todos os envolvidos nessas operações. A qualificação como uma das especialistas no transporte desse segmento faz com que a transportadora seja mais procurada e reconhecida também pelos nossos clientes, fortalecendo as parcerias.”
Daniela Rabaiolli, gerente Comercial e de Pessoas da Aceville Transportes

“Muito importante para diferenciar as empresas que investem e entregam valor daqueles que entregam preço.”
Toni Junior Ramos Trajano, diretor executivo da Soluciona Logistica e Transportes

“Este Prêmio é muito importante para a constante melhoria e manutenção do setor.”
Marcos Paulo Romani, gerente da unidade de Bento Gonçalves, RS, da Transfarrapos Transporte Rodoviário de Cargas

“O segmento vive um movimento de profissionalização de sua logística, através da contratação de empresas especializadas que contêm com importante know how e estrutura para melhorar seu processo logístico. O Prêmio Top do Transporte é uma referência. Existe grande credibilidade nesta premiação, já que são os embarcadores que avaliam e escolhem os melhores prestadores de serviços logísticos do mercado.”
Josana Teruchkin, diretora executiva da Transportadora Sulista

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