As empresas entrevistadas falam sobre seus investimentos em gerenciamento de risco para prevenir roubos de carga, revelam as estratégias desenvolvidas para lidar com o crescimento da demanda e como a tabela de fretes impacta o setor.
O volume de vendas do setor de eletroeletrônicos, que representa cerca de 3,34% do PIB – Produto Interno Bruto do país, cresceu 14,6% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. Os grandes impulsionadores deste crescimento foram os televisores, em razão da Copa do Mundo e do desligamento do sinal analógico.
Para este ano, a entidade espera vendas entre 10% a 15% maiores que as do ano passado. No entanto, a expectativa deverá ser revista e pode ser menor do que a esperada, devido à greve dos caminhoneiros, que gerou graves consequências para a economia do país, conforme apontou o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Junior, em entrevista à Agência Brasil, em julho último.
Na opinião de Paulo Nogueirão, diretor comercial e Marketing da Jamef Encomendas Urgentes (Fone: 11 2121.6143), as perspectivas para o varejo no final do ano são sempre positivas. “E também podemos prever as melhorias do setor se levarmos em consideração as estatísticas do primeiro semestre de 2018, que já demonstraram crescimento. Para o final do ano, as expectativas são ainda melhores”, expõe.
Estamos em um momento positivo, segundo André Perez, gerente regional PR da Alfa Transportes (Fone: 49 3561.5100). “O mercado de tecnologia produz novidades com uma rapidez muito maior do que outros segmentos, e isso acaba por favorecer o setor”, analisa.
Florisvaldo Hudinik, diretor presidente da Expresso Princesa dos Campos (Fone: 0800 421000), se declara otimista e acredita que a tendência do mercado é reagir. “Existe consumo represado pelas famílias, porém o mercado já dá sinais de que ensaia a entrada em uma fase de recuperação da economia. Isso deve se concretizar após a definição do cenário eleitoral”, aposta.
O segmento sofreu bastante durante os últimos anos, reconhece Fabrício Orrigo, diretor comercial da Penske Logístics (Fone: 11 3738.8200), mas há perspectivas de melhora. “Houve um pequeno crescimento no último ano e as expectativas para este ano também são positivas. Ainda assim, estamos longe dos patamares que tivemos antes da crise”, considera.
Por outro lado, Rubens Lacerda, diretor de planejamento da Rodomaxlog Armazenagem e Logística (Fone: 11 3973.7944), acredita que, infelizmente, o momento em que o país se encontra não está favorável ao desenvolvimento. “Estamos no aguardo de decisões futuras, novo cenário político e retomada de economia.”
Segurança
Entre 2011 e 2016, os roubos de cargas aumentaram 86% no Brasil, de acordo com pesquisa da Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Os produtos eletroeletrônicos estão entre as cargas mais visadas, por serem atrativos e de fácil escoamento, por isso, é fundamental que Operadores Logísticos e transportadoras que atuam no setor invistam em estratégias que ajudem a evitar esse grave problema.
Perez, da Alfa, conta que a empresa utiliza veículos 100% rastreados nas operações que envolvem esse perfil de carga. Já a Princesa dos Campos, como explica Hudinik, não concentra cargas de eletrônicos. “Isso descaracteriza o interesse específico por essa carga, porque há diversidade de produtos em uma mesma operação.”
Por sua vez, a Jamef possui um sistema de gerenciamento de riscos com alta tecnologia, além de investir na capacitação dos colaboradores e no aperfeiçoamento dos processos, que, de acordo com Nogueirão, são primordiais quando se fala em segurança. “Nossos treinamentos envolvem o planejamento de rotas e paradas, a fim de evitar ações que possam comprometer ou colocar em risco a integridade da mercadoria e a vida do colaborador”, expõe.
A Rodomaxlog também investe fortemente no gerenciamento de risco através de aquisição de rastreadores de alta tecnologia, equipamentos especializados e escoltas armadas, entre outras tecnologias, como conta Lacerda.
Com o aumento dos eventos de roubo e as mudanças no modus operandi dos criminosos, a Sequoia Logística e Transportes (Fone: 11 4391.8800) precisou alterar seu modelo de gestão de risco. Além de implementar ações preventivas, tem investido fortemente em tecnologia.
“Contamos com uma área de gerenciamento de risco que monitora 100% de nossa frota, comunicando-se com o motorista durante todo o percurso, acompanhando o cumprimento do plano de viagem e das paradas obrigatórias. Adicionalmente a isso, temos uma política de treinamento, que orienta os motoristas sobre quais medidas devem adotar para resguardar a sua integridade e minimizar os riscos de roubo”, explica Carla Milito, gerente executiva comercial.
Sarah Kirchmeyer, supervisora comercial da Terca – Cotia Armazéns Gerais (Fone: 27 3331.5064), diz que a empresa investe fortemente em segurança patrimonial, contando com mais de 200 de câmeras e plano de gerenciamento de risco robusto, além de possuir uma área cofre, dedicada a produtos de alto valor agregado.
Infelizmente, de acordo com Orrigo, da Penske, este é um tema que não tem perspectiva de solução a curto prazo, pelo contrário, as ocorrências de roubo de cargas no Brasil só vêm crescendo ano após ano. “Para tentar evitar e prevenir tais situações, temos uma área bastante robusta de gestão de riscos que atua diretamente para o atendimento de todos os requisitos de segurança necessários, tais como rastreamento, escolta e iscas”, conta.
Ele lembra que toda a estrutura para evitar e prevenir roubos traz um custo elevado para a cadeia de suprimentos e, no final, quem paga a conta é o consumidor.
Alta de demanda
Com a aproximação do fim do ano, a tendência é de aumento na movimentação de equipamentos eletroeletrônicos. Como as empresas estão se preparando para isso?
A Alfa procura, a partir de outubro, cancelar novas negociações, para que a malha esteja apta a atender o aumento de demanda dos clientes que prestigiaram a companhia durante todo o ano, explica Perez.
“Investimos em um manuseio dedicado que garanta a integridade do material durante toda a operação e em prazos competitivos que permitam uma entrega rápida e constante para suprir as grandes demandas das datas que favorecem o setor”, diz Nogueirão, da Jamef.
Com a grande variedade que o mercado dispõe em termos de concorrência e custos, é preciso oferecer uma operação especializada para que o material chegue o quanto antes aos PDVs dos clientes, acrescenta o profissional.
Por não trabalhar com frota própria, a Penske está sempre desenvolvendo novos parceiros de transportes para atendimento dos picos de volume de seus clientes. “A perspectiva é que neste ano a demanda por veículos será no mínimo semelhante, senão pior, do que a do ano passado, já que tivemos uma pequena recuperação na economia”, considera Orrigo.
Os investimentos da Rodomaxlog são diluídos ao longo do ano para melhor atender aos picos de cargas dos clientes. “Devido à nossa diversidade de atendimento, estamos constantemente treinando as equipes, mantendo a frota em perfeito estado e investindo em tecnologia”, conta Lacerda.
Carla, da Sequoia, ressalta que a empresa investe na capacitação dos colaboradores, em novas tecnologias, em segurança e em frota para atender o peak season dos clientes.
Por sua vez, a Terca segue um padrão de segurança e operação durante todo o ano, prezando pela integridade das cargas e dos produtos armazenados, conforme salienta Sarah.
Mesmo com o cenário de recessão vivenciado nos últimos anos, o Expresso Princesa dos Campos vem mantendo os investimentos previstos. Exemplo é o novo Terminal de Encomendas, que a empresa inaugurou, há cerca de um ano, em Curitiba, com investimentos de R$ 23 milhões e estrutura composta por 6.000 m² de área e 59 docas. Hudinik lembra que o complexo, estrategicamente localizado no principal entroncamento rodoviário do Sul do país, interliga as 1,7 mil cidades de atuação da Princesa dos Campos, localizadas nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“Os novos investimentos realizados, que incluem ainda a ampliação do Terminal de Cargas de São Paulo, cujas obras estão em andamento, são capazes de absorver, inclusive, as demandas sazonais”, finaliza o diretor presidente.
Avaliação do Prêmio Top do Transporte
Veja a seguir como um dos participantes desta matéria especial avalia o Prêmio Top do Transporte – promovido pelas revistas Logweb e Frota&Cia – para este segmento.
“Estar entre as transportadoras mais bem avaliadas de cada segmento, através do reconhecimento do mercado, nos impulsiona a continuar buscando a evolução dos nossos serviços e a garantia de satisfação de nossos clientes.”
Carla Milito, gerente executiva comercial da Sequoia Logística e Transportes
Veja mais “Logística Setorial” na revista Logweb Digital número 22. www.logweb.com.br