Aplicado na área de confeitaria e na maioria dos ácidos graxos utilizados na indústria alimentícia de modo geral, o aquecimento de carga é um serviço que consiste no derretimento do produto no interior de contêineres até que esteja liquefeito e em condições de ser bombeado.
Bayard F. Umbuzeiro Neto, vice-presidente e CEO da Transbrasa (Fone: 13 3257.1011), explica que a carga a granel é transportada em contêineres especiais do tipo isotank ou em embalagens especiais tipo flexybags, que são utilizadas em conjunto com contêineres ISO marítimos drybox standard. A carga em estado líquido é bombeada – normalmente por uma bomba de deslocamento positivo ou de acordo com a densidade de cada produto – para o interior do isotank ou do flexybag. “Passado algum tempo em temperatura ambiente a bordo de navios ao redor do mundo, estas substâncias se solidificam e/ou cristalizam e, para serem descarregadas, requerem aquecimento para retornar ao estado líquido e permitir o bombeamento para fora das embalagens”, conta.
O contêiner isotank possui uma espécie de serpentina circundando toda sua extensão e por onde é injetado vapor ou água quente para produzir a troca de calor com a carga no seu interior. Já o contêiner drybox é usado quando se utiliza a embalagem especial flexybag para transportar este tipo de carga. “No entanto, é necessário um equipamento adicional que chamamos de heater pad (colchão de aquecimento), colocado por baixo do flexybag antes de ser inserida a carga, pois é por ali que se injeta vapor ou água quente. Porém, a área de contato da carga com este colchão é menor e, portanto, o calor gasto para o processo completo é bem maior”, detalha Bayard Neto.
A indústria de confeitaria é a maior usuária desse serviço. “Produtos como licor de cacau, manteiga de cacau e seus substitutos, além de gorduras vegetais hidrogenadas de diversas origens utilizadas no processo fabril da indústria alimentícia, podem ser importados a granel, necessitando deste tipo de operação”, observa.
Um dos maiores desafios do serviço, de acordo com o profissional, é estabelecer um padrão de análise de cada tipo de ácido graxo para definir o tempo necessário de aquecimento a determinadas temperaturas, mantendo a qualidade do produto, sem provocar sua queima. Todo esse processo demanda, inclusive, o monitoramento de temperatura, pressão e outros dados da carga/contêiner no mínimo quatro vezes ao dia.
“O estabelecimento de um parque de equipamentos para produzir vapor e água quente, dimensionados para atender nossas necessidades e de nossos clientes, também foi outro desafio devido ao pioneirismo, no Brasil, deste tipo de operação com contêineres isotanks e flexybags”, expõe Bayard Neto.
A Transbrasa tem capacidade total instalada para atender de 30 a 40 contêineres por mês. A ideia de investir nesse mercado promissor surgiu quando uma das empresas coligadas passou a representar no Brasil uma das maiores fabricantes de flexybags do mundo, atuando com importação de diversos produtos líquidos a granel em contêineres drybox com fleitanks, posteriormente, evoluindo para contêineres isotanks. “Nesse período, em 2008, enxergamos a necessidade do mercado e investimos”, ressalta.
Outra forma
Bayard Neto conta que há outra forma de movimentar esse tipo de substância: as cargas são transportadas em caixas menores, de aproximadamente 20 quilos cada. Dentro de cada uma é colocado um saco plástico reforçado, onde é inserido o ácido graxo líquido morno. Por sua vez, essas caixas são colocadas em contêineres drybox.
“Para aquecimento dos ácidos graxos, as caixas são retiradas manualmente e abertas uma por uma. A carga sólida é retirada do saco plástico e colocada em máquinas derretedeiras. No entanto, esse processo tem alto custo de mão de obra, além de consumir mais tempo”, finaliza.