Quer seja pelas características da carga, quer seja pelas regiões atendidas, estes procedimentos são básicos quando se enfoca a distribuição no segmento de produtos eletrônicos.
Quando se fala sobre como está a demanda de Operadores Logísticos e transportadoras para o setor de eletroeletrônicos, as respostas são bastante distintas.
Por exemplo, para Antonio De Bonis, diretor da Enivix Logistica/Transporte (Fone: 11 3811.3811) – Operador Logístico onde o setor de eletroeletrônicos representa 40% de sua receita, através dos principais distribuidores –, neste ano, a demanda apresenta queda de 15 %, comparada ao mesmo período do ano passado.
Já para Iltenir Junior, CEO da Pront Cargo Logística Integrada (Fone: 11 99375.3663) – onde a representatividade do setor de eletroeletrônicos na carteira de clientes é de 55% – o crescimento é expressivo. “Assim, os Operadores Logísticos e as transportadoras que se especializarem neste segmento, sem dúvida, terão um crescimento significativo em suas operações, pois se tratam de produtos contínuos, e mesmo com o atual cenário da economia, acredito não haverá impacto no aquecimento desta demanda.”
Valdomiro Fellippe, gerente operacional Matriz da Via Pajuçara Transportes (Fone: 11 3585.6900) – onde os produtos eletroeletrônicos têm representatividade em torno de 10% – complementa: “o segmento tem bastante fornecedores a escolher, exceção para produtos visados, como celular/notebook”.
Problemas ….. e soluções
Também perguntamos aos participantes desta matéria especial quais os maiores problemas neste segmento, além do roubo de cargas e das restrições à circulação de caminhões. E as soluções.
“Há uma grande preocupação com a rastreabilidade da carga, por conta de seu valor agregado. Portanto, consideramos bastante importante monitorar todas as etapas do processo logístico, desde o inbound até a distribuição final. A acuracidade do estoque também é fundamental para que as vendas não sejam comprometidas. A distribuição dos produtos também deve ser observada com cuidado. É importante considerar as peculiaridades dos locais de entrega, que operam com agendamentos e cumprimento rígido da programação”, explica Marcela Pereira, gerente de negócios do segmento de tecnologia da Elog (Fone: 11 3305.9999).
Falando sobre como estes problemas podem ou poderiam ser resolvidos, Marcela lembra que, no caso da rastreabilidade, existem diversos sistemas com utilização de tecnologia via satélite e portais on line. “No entanto, o principal diferencial é ter um fornecedor que tenha domínio da cadeia como um todo, o que denominamos logística ‘porto à porta’, que permite prever os prazos finais de disponibilização para vendas e possibilita desenvolver ações para mitigar eventuais atrasos. Ter uma equipe de Gerenciamento de Risco interna e especializada também traz mais segurança à operação.”
Em relação à acuracidade do estoque – ainda segundo a gerente de negócios da Elog –, há alguns procedimentos de rotina que permitem tornar o estoque mais saudável. “É o caso, por exemplo, de se comparar as posições de estoque do cliente e do Operador. Esta análise pode ser, inclusive, sistêmica, com extração automática da informação. Existe ainda uma tendência de utilização da tecnologia de RFID, que permite a contagem do estoque de maneira muito mais ágil, por meio de sinais de radiofrequência. Neste caso, coloca-se como desafio a utilização desta tecnologia sem o aumento dos custos.”
Para o diretor da Enivix, os maiores problemas no segmento de eletroeletrônicos envolvem sazonalidade de vendas e concentração de faturamento nos últimos dias do mês – aliás, problemas naturais do segmento.
Por sua vez, o gerente operacional da Via Pajuçara Transportes ressalta que o volume de carga que requer agendamento é grande e, consequentemente, há necessidade de a transportadora ter que armazenar. Segundo ele, estes problemas podem ou poderiam ser resolvidos através de atuação do embarcador junto aos destinatários em função dos riscos que a carga demanda.
“Falando do modal aéreo, que é o nosso carro-chefe, contamos com uma carente malha cargueira atendendo basicamente o eixo São Paulo x Manaus x São Paulo. Embora crescente, a malha de voos das companhias aéreas regulares apresenta restrições, como limite de peso e dimensões por volume, bem como a atualização do sistema de rastreio em tempo real”, aponta, agora, o CEO da Pront Cargo.
Iltenir Junior continua, explicando como estes problemas podem ou poderiam ser resolvidos. “Em relação às restrições, temos um mapeamento realizado de cada um de nossos parceiros aéreos, filtrando por capacidade de peso e dimensão, tipo de mercadoria aceita e voos com o mínimo de escalas e conexões possíveis. O monitoramento da carga deve ser feito de maneira que a central de atendimento da empresa consiga saber exatamente onde está a carga e se todas as etapas do processo necessárias até o destino final estão sendo cumpridas”, completa.
Tendências
Sobre as tendências para transporte, distribuição e armazenagem neste setor, Marcela, da Elog, diz que a prevenção de riscos sem aumento de custos é uma tendência e um grande desafio. “Na Elog, trabalhamos hoje com uma equipe de Gerenciamento de Risco interna que organiza o plano de gerenciamento de riscos dinâmico, avaliando os instrumentos de proteção (escolta, rastreador, etc.) a cada caso, levando em conta as condições e a vulnerabilidade de cada operação”, revela.
A Elog trabalha com um programa de Gestão de Risco Dinâmico, que busca reduzir o índice de sinistralidade e de custos no transporte rodoviário de cargas por meio de modelo de análise dinâmica (Analytics Models). Trata-se de um modelo diferente dos tradicionais, que se baseia em três pilares: assertividade – análise baseada em ferramentas estatísticas, ou seja, dar o fator de proteção mediante a operação identificada; flexibilidade – possível adequação das ferramentas de risco à exata necessidade. Desta forma, é possível recorrer a outras ferramentas de segurança que garantam toda a segurança necessária para proteger um determinado tipo de carga; e dinamismo – constante atualização baseada nos dados do mercado, além de uma análise estatística diante dos índices relacionados.
“Hoje, o mercado trabalha com um documento que apresenta um conjunto de regras para os possíveis riscos de um determinado setor. A Elog trabalha com uma ferramenta própria e única criada com o apoio de nossa seguradora, o Itaú. Criamos um modelo dinâmico baseado em dados estratégicos de mercado. Eles são atualizados com uma maior frequência, o que garante um grau de previsão maior, a fim de acompanhar as variações de mercado mediante o produto/área”, aponta a gerente de negócios do segmento de tecnologia da Elog.
Em relação à armazenagem, Marcela diz que há uma forte tendência de integração na relação entre operador e cliente. Isto pode ser realizado por meio da automatização das trocas de arquivo em todas as etapas do processo: cadastro, recebimento, expedição e batimento de estoque. “Esse procedimento mitiga uma série de erros, agiliza o processo e pode reduzir o custo, já que não são necessários apontamentos e registros manuais. Há uma tendência de operações em regime de filial, com o qual se obtém mais agilidade no processo, por ser menos burocrático”, completa Marcela.
Também se reportando às tendências para transporte, distribuição e armazenagem neste setor, Iltenir Junior, da Pront Cargo, aponta diminuição constante dos estoques, fazendo com que os materiais sejam produzidos cada vez mais na medida da necessidade do cliente, o que implica que os fluxos logísticos devem ser intensos, favorecendo a rotatividade dos estoques e do consumo final. Ainda segundo ele, a entrada de consumidores das classes C e D no setor deve impulsionar o mercado, como também o avanço do comércio eletrônico, aumentando a facilidade de acesso às diferentes soluções desenvolvidas pela indústria de alta tecnologia. “Vale apontar ainda a inserção das companhias nos conceitos de sustentabilidade, logística verde, estimulando as pessoas a comprarem mais e a renovarem a tecnologia com maior rapidez, e também os serviços combinados com o aéreo e cabotagem, e a armazenagem externa, em instalações dedicadas e multiclientes, além da operação de armazéns in-house”, completa o CEO da Pront Cargo.
Fellippe, da Via Pajuçara, também aponta o e-commerce como fator a influenciar nas tendências para transporte, distribuição e armazenagem neste setor: “em função da facilidade da aquisição via internet, vejo que a venda concentrada pode ocorrer para alguns destinatários, mas o volume de carga fracionada aumentará”.
Exigências
Pelo que foi colocado, quais seriam as exigências para OLs e transportadoras atuarem neste segmento?
“É necessário que possuam áreas físicas com segurança reforçada, como condomínios e cofres, além de apólice com altos valores de cobertura”, destaca Marcela, da Elog.
Também é necessário que tenham flexibilidade para criação de soluções logísticas, que podem envolver atividades complementares ao escopo básico. Por exemplo, aderência a processos de industrialização, permitindo ao cliente concentrar todas as atividades em um único site e, com isso, trazendo reduções de custo. Também permite que o cliente tenha seu foco voltado para o plano estratégico do negócio, sendo o Operador o responsável por operacionalizar de forma eficaz. Para estes processos de industrialização, o operador precisa se adequar aos órgãos competentes nas liberações das licenças de operação de seus clientes.
“Além da industrialização, podemos citar processos de reembalagem, etiquetagens customizadas, disponibilização de áreas customizadas para laboratórios de testes e reparos. Importante também que tenha estrutura para atendimento da logística reversa, por exemplo, de tonners de impressão e baterias, dentre outros”, completa a gerente de negócios do segmento de tecnologia da Elog.
Esta avaliação é complementada pela de Fellippe, da Via Pajuçara: para carga de valor/visada, as exigências crescem para utilização de veículo dedicado/escolta/segurança, deixando a operação mais onerosa.
Na lista das exigências para OLs e transportadoras atuarem neste segmento elaborada por De Bonis, da Enivix, estão: capacidade financeira, gerenciamento de risco, capacidade operacional e tecnológica, gestão adequada dos custos, comprometimento da equipe e treinamento. Ela é complementada pela elaborada por Iltenir Junior, da Pront Cargo: rastreabilidade das cargas, cumprimento dos prazos acordados, qualidade e agilidade no retorno das informações de status e ocorrências.
Investimentos
Em função das peculiaridades das cargas, quais serão os próximos investimentos dos Operadores Logísticos e das transportadoras em termos de distribuição, transporte e armazenagem exclusivamente para atuação nesse setor?
“Os investimentos são contínuos no que se refere à tecnologia e gestão de riscos. Porém, o mais importante é que os investimentos sejam realizados de forma customizada aos projetos, em desenvolvimento com clientes ativos e potenciais”, revela Marcela, da Elog.
Já no caso da Enivix, os investimentos serão em tecnologia e RH. E no da Via Pajuçara, mais equipamentos para verticalização.
“Recentemente alteramos os nossos servidores físicos para os de tecnologia Cloud, em parceria com a Equinix, objetivando um robusto controle de segurança na troca de informações entre nós e nossos clientes, maior velocidade no fornecimento de informações de status de mercadorias e garantia de funcionamento 24x7x365”, diz, agora, o CEO da Pront Cargo.
E ele continua apontando os investimentos da empresa: “montagem de filiais nas principais capitais onde atualmente dispomos de bases avançadas – funcionário Pront Cargo dentro de nosso agente credenciado –, Belo Horizonte, Curitiba, Vitória, Recife, Salvador e Manaus. E, também, desenvolvimento e disponibilização de painel de controle, para que nossos responsáveis tenham maior agilidade na tomada das ações corretivas sem comprometer prazos acordados, bem como oferecer aos nossos clientes, maior agilidade na apresentação das informações de entregas e ocorrências”.