Além de melhorar a logística da empresa, a logística reversa melhora, também, a imagem dela no mercado. É o que analisa Ricardo Fógos, gerente corporativo de encomendas econômicas (GEEC) da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. “A logística e o marketing são fundamentais nas empresas, um ajuda o outro”, considera.
Há um ano e meio no mercado, os serviços de logística reversa dos Correios atendem a 1.100 clientes, incluindo pequenas empresas, que estão usando a solução mais freqüentemente para entrar na guerra do melhor atendimento.
A logística reversa nos Correios envolve um sistema de coleta e entrega de produtos que são devolvidos por motivos de troca, devolução pura e simples ou para reparos. Comércio eletrônico, vendas diretas por catálogos ou telemarketing, vendas diretas porta-a-porta, telefonia celular, eletrônicos e peças de informática são alguns dos segmentos de negócio que mais necessitam deste serviço.
Segundo Fógos, o grande motivador da criação do serviço de logística reversa pelos Correios foi a busca pela comodidade. Por isso, a empresa criou três modalidades: Logística Reversa Domiciliar – Coleta de mercadorias no endereço do consumidor final, para retorno aos respectivos centros de origem ou encaminhamento à assistência técnica; Logística Reversa na Agência (e-ticket) – Postagem de encomenda em agência postal, mediante a apresentação do número da autorização de postagem para retorno aos respectivos centros de origem ou encaminhamento à assistência técnica; e Logística Reversa Simultânea – Coleta de mercadorias no endereço do consumidor final, mediante a entrega simultânea de produto a ser substituído, para retorno aos depósitos dos respectivos clientes com contrato.
O gerente corporativo de encomendas econômicas explica que a logística reversa dos Correios é formada por uma pirâmide, cujas laterais são a capilaridade da rede e a solução logística (SEDEX, e-SEDEX, utilizado pelos portais que fazem e-commerce pela internet, e PAC, encomenda econômica), e a base é a tecnologia da informação, formada por e-ticket, sistemas de coletas e rastreamento via web. “A rastreabilidade é fundamental. O pilar da solução está na tecnologia”, frisa.
Com relação às informações sobre a prestação do serviço, os clientes podem realizar o acompanhamento dos pedidos on-line, desde o status de coleta até a entrega no destino final. É possível, também, a geração de relatórios de acompanhamento customizados – lembrando que a abrangência do serviço é nacional, considerado por Fógos o diferencial da empresa.
Além disso, os benefícios da logística reversa para os clientes envolvem a política de pós-venda e o cumprimento do código de defesa do consumidor, bem como facilidade, comodidade e rapidez no processo de devolução de produtos.
Fógos acredita que, por enquanto, a política de troca no Brasil ainda é focada no pós-venda, mas vai chegar à questão de sustentabilidade.
A tendência, segundo ele, é a ampliação dos serviços de recolhimento de baterias de celulares, por exemplo, com o fabricante oferecendo algo em troca ao cliente que devolver as baterias não utilizáveis.
As operações de logística reversa dos Correios utilizam os mesmos recursos empregados no transporte e distribuição da logística direta, tendo o suporte de 5.700 veículos, 13.000 motos e 18 linhas aéreas noturnas.
O Correios Logística Reversa movimentou 960 mil encomendas em 2007, o que representou uma taxa de crescimento de quase 300% ante o resultado do ano anterior. Para 2008, a expectativa é que a empresa realize 1,8 milhão de operações de logística reversa.
No primeiro trimestre deste ano já foram movimentadas 390 mil, o dobro do igual período do ano passado. A respeito do faturamento, se as expectativas se confirmarem, o Correios Logística Reversa deverá gerar R$ 50 milhões em 2008.
O que é logística reversa?
– ocupa-se com o fluxo de retorno de produtos consumidos ou não;
– busca recuperar valor econômico, agrega valor de serviços, de imagem, ecológico e legal;
– cria novos centros de lucro;
– reduz riscos de imagem corporativa;
– antecipa-se ou cumpre legislações.
Fonte: CLRB
Mais sobre logística reversa
O professor e engenheiro Paulo Roberto Leite, diretor executivo da CLRB – Conselho de Logística Reversa do Brasil, diz que a logística reversa cresce porque a quantidade de produtos aumenta, há uma alta taxa de novos produtos no mercado e uma redução do ciclo de vida deles, além de ser uma estratégia de Supply Chain, ter uma legislação crescente e proporcionar a conquista de certificações ISO 14000.
“A produção cresce porque o consumo repetitivo dos produtos também cresce, e não haverá reversão”, declara Leite, destacando que é preciso mitigar os efeitos do grande consumismo brasileiro.
Segundo ele, os produtos já são lançados obsoletos e há uma grande variedade deles sendo produzidas, o que causa um problema logístico para a cadeia de suprimentos. É por isso que é necessária uma logística bem feita. “Qualquer coisa que acontecer no retorno ou não retorno pode acarretar riscos à imagem da empresa. É preciso assegurar que seus produtos voltem por meio de prestadores de serviços competentes”, acrescenta Leite.









