Cabotagem: vantagens para o tomador do serviço

18/09/2007

Segundo o diretor da Antaq, a cabotagem apresenta importantes vantagens para o tomador do serviço, em função da redução dos custos de transporte e da qualidade e integridade com que a carga é entregue no destino.

Para tratar do assunto cabotagem, nada como buscar informações com a Antac – Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Fone: 61 3447.1035), vinculada ao Ministério dos Transportes. Cabe à Agência regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infra-estrutura portuária e aquaviária, “harmonizando os interesses do usuário com os das empresas prestadoras de serviço, preservando o interesse público”, segundo informações encontradas no site da entidade.

Primeiramente, quais são os tipos de navegação? São eles: navegação de cabotagem – aquela realizada entre os portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou estas e as vias navegáveis interiores; navegação de longo curso – realizada entre portos brasileiros e estrangeiros; navegação interior – realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional; navegação de apoio marítimo – realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona Econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos; navegação de apoio portuário – realizada exclusivamente nos portos e terminais aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias. É o que ensina Murillo Barbosa, diretor da Antaq.

Ele informa que nos últimos anos tem sido observado importante incremento do transporte marítimo: cerca de 90% das cargas relativas ao comércio exterior brasileiro são movimentadas por via marítima. “Em função da movimentação de novas cargas para o transporte interno no país e da prestação de serviço ‘feeder’ para as cargas oriundas da navegação de longo curso, o transporte de contêineres na cabotagem, de acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima – SYNDARMA, aumentou de 20.000 TEU, em 1999, para 370.000 TEU, em 2005, o que representa um crescimento de 1.700% no período”, detalha Barbosa.

De acordo com ele, o transporte de mercadorias por via aquaviária torna-se economicamente viável quando realizado para médias e longas distâncias. “Nesse sentido, quando comparado com os modais terrestres, o transporte realizado pela cabotagem marítima apresenta importantes vantagens para o tomador do serviço, em função da redução dos custos de transporte e da qualidade e integridade com que a carga é entregue no destino”, declara o diretor da Antaq, acrescentando que como conseqüência natural da transferência do transporte de cargas das estradas para o ambiente aquaviário, vislumbram-se outras vantagens de natureza ambiental e econômica relacionadas à redução da poluição ambiental e do consumo de combustíveis, assim como dos custos referentes à manutenção das estradas.

Para melhorar

A respeito dos problemas que comprometem a competitividade da cabotagem, Barbosa os separa em dois grupos principais:

a) problemas relacionados aos navios:
– frota com idade média avançada e navios inadequados para atender às necessidades do mercado;
– dificuldades para a renovação da frota, em função da situação financeira dos estaleiros nacionais; e
– alto custo do diesel marítimo na costa brasileira.

b) problemas relacionados aos portos:
– falta de tratamento prioritário de acesso aos navios empregados na cabotagem, em alguns portos;
– baixa produtividade em operações de embarque e desembarque de cargas; e
– altos custos portuários com reflexo sobre o valor do frete marítimo.

De acordo com o diretor da Antaq, contrapondo-se ao crescimento da movimentação de cargas na navegação de cabotagem, a frota de navios vem encolhendo e envelhecendo ao longo dos últimos anos; logo, a ampliação e a renovação da frota brasileira deve nortear as ações a serem empreendidas pelo Governo Federal, por intermédio do Ministério dos Transportes, no sentido de desenvolver o setor de transportes aquaviários.

“Para tanto, é necessário criar condições adequadas para a realização de novas obtenções e para a retomada da construção de navios modernos e adaptados à operação nos portos brasileiros e ao perfil da carga transportada na cabotagem”, destaca. A título de curiosidade, o Brasil possui trinta e sete portos públicos.

Na área portuária, em continuação ao esforço para modernizar a infra-estrutura portuária e para reduzir os custos das operações portuárias, o Governo Federal, por intermédio da Secretaria de Portos, e a iniciativa privada devem desenvolver instrumentos operacionais destinados a priorizar as escalas dos navios empregados na navegação de cabotagem e proporcionar tarifas e preços adequados ao aumento da competitividade do transporte da cabotagem em relação ao modal rodoviário, opina Barbosa.

Por último, ainda segundo ele, está a necessidade da implementação dos instrumentos criados pela Lei nº 9.432/97 em apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante Nacional, entre os quais cita a equiparação do preço dos combustíveis cobrados para a navegação de longo curso à navegação de cabotagem, cuja implementação deverá influir para a redução do custo de operação do navio e do valor do frete marítimo na cabotagem.

A respeito dos fatores que impedem o maior investimento no transporte aquaviário, o diretor da Antaq avalia que o navio construído no Brasil ainda é considerado caro, quando comparado à prática internacional. “Em que pese os nítidos sinais de recuperação do setor de construção naval, considera-se que a falta de garantias dos estaleiros em cumprir os contratos e os riscos associados na conclusão das obras de construção ainda contribuem decisivamente para o posicionamento cauteloso dos investimentos no setor”, revela.

A este fator, Barbosa acrescenta que ainda existe um grande desconhecimento dos usuários do transporte de cargas a respeito das vantagens comparativas do modal aquaviário sobre os demais modais de transporte.

E o futuro?

O Brasil é um país eminentemente marítimo, possuidor de um extenso litoral, ao longo do qual concentra-se grande parcela da população e a maior parte da economia nacional. O comércio exterior brasileiro, realizado quase que integralmente por via marítima, é responsável pela geração anual de cerca de US$ 10 bilhões em fretes marítimos, dos quais apenas uma pequena parcela é gerada por navios de bandeira brasileira.

De acordo com o diretor da Antaq, tais fatos já seriam suficientes para demonstrar a importância do transporte aquaviário para o Brasil. “Mas é importante acrescentar que ainda possuímos uma importante malha hidroviária capaz de contribuir para a solução dos sérios gargalos logísticos existentes. À luz dessa realidade entende-se que é prioritário esclarecer os diversos segmentos da sociedade brasileira sobre a importância do transporte aquaviário para o país e desenvolver políticas para o desenvolvimento do setor de modo a possibilitar a maior participação do modal aquaviário na matriz de transportes de cargas do Brasil”, diz.

Para Barbosa, o crescimento da cabotagem está diretamente relacionado ao aumento da oferta de capacidade de transporte, traduzido pelo maior número de navios operando nas rotas e pelo maior número de escalas nos portos nacionais, assim como pelo aumento da produtividade das empresas, a partir da oferta de serviços integrados de logística cada vez mais eficientes.

Com base nos números promissores produzidos pelo setor nos últimos cinco anos e de acordo com a perspectiva de novos investimentos na direção da renovação e expansão da frota empregada na navegação de cabotagem, o diretor da Antaq declara que é esperado o aumento da atração de novas cargas do modal rodoviário para o aquaviário, principalmente considerando a perspectiva de aumento dos fretes rodoviários, em decorrência da adoção de medidas mais rigorosas de

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Veja também em Conteúdo
Entrega por drone supera 600 pedidos e amplia operação do iFood em Sergipe (AL)
Entrega por drone supera 600 pedidos e amplia operação do iFood em Sergipe (AL)
Mira Transportes integra coleta e distribuição no Sul e amplia operações no transporte rodoviário para 2026
Mira Transportes integra coleta e distribuição no Sul e amplia operações no transporte rodoviário para 2026
Hidrovias do Arco Norte ganham protagonismo na logística do agronegócio brasileiro em 2025
Hidrovias do Arco Norte ganham protagonismo na logística do agronegócio brasileiro em 2025
Gincana do Caminhoneiro 2025 consagra vencedor de Arapongas (PR) com Mercedes-Benz Accelo zero km
Gincana do Caminhoneiro 2025 consagra vencedor de Arapongas (PR) com Mercedes-Benz Accelo zero km
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Compensação de CO2 no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas
Compensação de CO₂ no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas

As mais lidas

01

Ampliação do Tecon Santos avança com demolição de prédio administrativo e expansão do pátio de contêineres
Ampliação do Tecon Santos avança com demolição de prédio administrativo e expansão do pátio de contêineres

02

Compensação de CO2 no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas
Compensação de CO₂ no transporte de cargas impulsiona novo projeto da Tokio Marine no seguro de cargas

03

Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)
Conectividade logística da RGL reduz em até uma hora a liberação de veículos no pátio da Volkswagen em Resende (RJ)