Transporte de valores: Setor apresenta grande potencial de riscos

10/07/2002

Os maiores problemas de segurança no transporte de cargas estão relacionados com a ineficiência do poder público, por razões diversas, e com a falta de tratamento profissional da questão por parte das transportadoras.”

A afirmativa é do Coronel Antônio Menezes, superintendente de segurança da Nordeste Segurança, de Pernambuco.

Segundo ele, no caso do transporte de valores, além do problema da ineficiência do Sistema de Justiça Criminal, que não é capaz de prevenir e reprimir a ação delinqüente nessa área, as empresas do setor enfrentam o elevado ônus que é imposto pelas seguradoras, com apólices, aquisição de equipamentos e tecnologias, bem como com o treinamento de pessoal, visando suprir as falhas do Estado.

”Comparando as duas situações, pode-se dizer que, mesmo tendo sido por imposição do governo, a transformação para melhor ocorrida com as transportadoras de valores é a diferença que marca as duas situações”, diz ele.

Pelo seu lado, Percival Aracema, diretor corporativo da Pires Segurança e Transporte de Valores, de São Paulo, fala que os números de roubo de cargas em geral mostram um crescimento triplicado em relação aos últimos anos, com reflexos diretos na economia, decorrendo em aumentos consideráveis nas taxas de seguro e inevitáveis repasses dos custos aos produtos transportados.

“Essa modalidade de crime deixou de ser um problema de polícia, dadas às dificuldades e incapacidades dos órgãos de segurança no combate a esse crime organizado, planejado e executado por quadrilhas muito bem preparadas e estruturadas. Tornou-se um problema de Estado, de defesa nacional.”

Segundo Aracema, especificamente no caso das transportadoras de valores, os problemas são ainda mais graves porque o produto que elas transportam tem liquidez imediata e não depende de receptadores, como é o caso das cargas em geral.


Medidas

Com relação às medidas tomadas e que deveriam ser tomadas para solucionar os problemas de roubo de cargas, Menezes, da Nordeste Segurança, informa que o governo, em função do elevado número de ocorrências de roubos e furtos de cargas, incluiu, no Plano Nacional de Segurança Pública, ações voltadas para a prevenção e repressão ao roubo de cargas e aprimoramento dos meios de repressão ao furto e roubo de veículos, com abrangência, inclusive, para todo o Mercosul. “Dentre as medidas e ações governamentais, destacam-se a reestruturação da Polícia Rodoviária Federal, o Programa de Integração Nacional, Informações de Justiça e Segurança Pública, o Cadastro Nacional de Veículos Roubados, o Registro Comum de Veículos Automotores no Mercosul e outras em andamento.”

Ainda segundo o superintendente da Nordeste Segurança, as empresas, por sua vez, também fizeram algumas ações, principalmente através de seus órgãos de representação, como é o caso do banco de dados sobre roubo de cargas, que resultou da parceria entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e o Sindicato Nacional de Transportadoras de Cargas.

“Há, entretanto, muita coisa a fazer, principalmente por parte das empresas que, certamente, querem uma solução. Diria que o passo mais importante a ser dado nessa direção é o investimento em segurança, aí compreendidos treinamento de pessoal, emprego de tecnologias de rastreamento e monitoramento, inteligência, etc.”, acrescenta.

Já Aracema, da Pires Segurança, diz que as autoridades do Governo fazem o que podem dentro de suas limitações no combate ao crime organizado, lembrando que tudo o que é roubado acaba, de uma forma ou outra, voltando ao mercado numa concorrência desleal e preços predatórios.

No tocante às empresas de transportes de valores e no caso específico da Pires – diz o diretor -, além dos recursos tecnológicos, medidas operacionais e de segurança preventivas e reciclagens permanentes dos vigilantes, foram tomadas outras medidas fundamentais, de natureza logística das operações, como a limitação de horário de circulação dos carros-fortes e completa revisão nas rotas com maior índice de sinistralidade. A circulação de carros-fortes nos finais de semana e feriados passou a ser de caráter exclusivamente emergencial. Tudo isso de acordo com as novas normas securitárias negociadas com as Seguradoras e o IRB – Instituto de Resseguros do Brasil.

“Quanto ao Estado, acreditamos que, além da necessidade de uma integração das polícias, somente uma ‘força tarefa’ federal, com participação de fiscais fazendários no combate à receptação de mercadorias roubadas, poderia conter o avanço da criminalidade. Também deveria haver um policiamento mais intensivo nas rodovias com maior incidência de casos”, informa.

Como medidas que ainda deveriam se tomadas, Aracema cita o acompanhamento das cargas por veículos de escolta armada com rastreamento por satélite realizado por empresas especializadas de escolta e devidamente regularizadas na Policia Federal.

“Acredito que uma logística eficiente de distribuição, integrando-se com o apoio operacional de uma empresa especializada de segurança privada com escolta armada permanente, devidamente autorizada pelo Ministério da Justiça, com fiscalização da Policia Federal, possa minimizar as perdas de vidas e os prejuízos decorrentes da escalada da violência contra o transporte de cargas em geral”, conclui.

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