Soluções logísticas inovadoras e eficientes revitalizam o mercado de movelaria e garantem que os objetos saiam do fabricante e cheguem na loja ou até o consumidor final em condições ideais.
O valor que o mercado moveleiro tem para a economia brasileira, dado o crescente faturamento apresentado nos últimos anos, coloca pressão sobre a estrutura necessária para que as empresas movimentem suas produções e mantenham a ascensão. Não sem motivo, a logística é essencial para o setor.
É por meio de soluções logísticas eficientes que existe a garantia do móvel correto chegar até o cliente do fabricante, em condições ideais para a venda ao consumidor final. Nesse caminho, tarefas como expedição, armazenagem, transporte e o recebimento precisam estar completamente alinhadas.
No radar das preocupações dos embarcadores do setor, o transporte é feito e contratado de diversas formas. No caso da Vacheron do Brasil, cujos produtos são importados da China e a sede se localiza em São Paulo, SP, a entrega pode ser feita tanto por frota própria, quando a carga é destinada à capital, quanto por transportadoras, para outras regiões. “O primeiro frete sempre é pago pelo cliente. Caso ele peça algum produto que não esteja em estoque e vá demorar para chegar, mandamos parte do pedido e, posteriormente, a peça faltante, com esse segundo frete por nossa conta”, explica Julia Luisada dos Santos, que atua na logística da companhia. Uma vez que o frete, na maioria das vezes, fica por conta do cliente, cabe a este contratar a transportadora que mais julgar interessante para o seu negócio. No caso da Vacheron do Brasil, a maioria do transporte é feita por rodovias. “Utilizamos o modal aéreo só em casos raros, quando o cliente precisa da carga muito rapidamente”, continua Julia.
Para contratar os fornecedores que farão o transporte por conta do embarcador, a Vacheron do Brasil dá uma atenção especial ao valor do frete que será cobrado. Segundo Julia, a companhia atua com duas transportadoras, com tabela especial de preços. Outros fatores que pesam na avaliação são a rapidez na entrega e a segurança da carga. “Fazemos o rastreamento independente de quem paga o frete. Ligamos para o transportador para saber onde está a carga quando há problemas de avaria ou atrasos na entrega”, explica Julia. A companhia também opera com frota própria, com o rastreamento online dos veículos em trânsito.
PONTOS CRUCIAIS
Segundo a supervisora de transportes da Sier Móveis, Daniele Baião, muitas transportadoras são usadas para movimentar cargas até onde a frota própria da companhia não vai. “Contratamos transportadoras para regiões como Manaus e Belém. Para algumas localizações do Norte, Nordeste e Sul do País também atuamos com terceiros”, afirma. Daniele conta que dois pontos são cruciais na hora de contratar: o cuidado com avarias na carga e o tempo de entrega. Durante a distribuição, a carga é rastreada em tempo real para garantir informações acuradas para o cliente e eventuais tomadas de decisão.
Apesar da Sier Móveis não utilizar Operadores Logísticos na distribuição de produtos para o mercado brasileiro, nas exportações para praças como Rússia e África, eles são bem vindos. “No Brasil, as operações são mais maleáveis e os problemas são contornados. Na exportação, entretanto, tudo precisa estar muito bem alinhado para a carga não voltar para o Brasil”, afirma a supervisora de transportes da empresa.
Seis caminhões partem diariamente da Sier Móveis, com sede em Ubá (MG), para distribuição. A preparação da mercadoria é a etapa mais cara na logística de transporte, pois a companhia possui quatro unidades fabris, cada uma com um centro de distribuição, e toda a produção precisa ser centralizada na unidade principal. Para garantir a operação, um caminhão passa diariamente em cada uma das unidades para fazer a coleta dos produtos e levar até a unidade central. Após a separação dos móveis, cada caminhão que sairá para viagem passa no seu “box”, pega a mercadoria, já roteirizada por região de entrega, e sai em viagem. A maior parte do trabalho é manual, seja na expedição, carregamento e descarregamento, tendo em vista que os produtos são de diversos tamanhos, o que impede a automação completa da movimentação.
Em relação aos problemas, os mais recorrentes estão relacionados às avarias aos prazos de entrega e valor do frete. “Não há negociação mais importante em relação ao custo com as transportadoras quanto o frete.” Cerca de 15 pessoas trabalham na logística da companhia, contando com todas as unidades. “Só atuamos com o modal rodoviário. Apesar de caro, ainda é o mais viável. E assim como a demanda, os custos com o modal rodoviário também devem aumentar, inclusive em função da Lei dos Motoristas, já que o número de viagens que um motorista pode fazer diminuiu”, afirma Daniele.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
A Enele, por sua vez, que produz móveis e estofados, também preza o volume a ser expedido e a região de destino dos produtos, como forma de analisar a necessidade de contratação das empresas de transportes. Hoje, a companhia atua com sete transportadoras, segundo a demanda. Para Daniel Francisco Lazaron, gerente administrativo da indústria, que concentra sua estrutura em São Lourenço do Oeste (SC), algumas exigências são feitas e analisadas para a contratação, entre elas a cubagem do baú, seguro, rastreador e histórico do condutor do caminhão. Entre operações dedicadas e de distribuição, são feitas 80 viagens por mês, para atender a demanda de entrega das 225 peças fabricadas e expedidas diariamente.
A fabricante catarinense também exporta para países como Angola e Chile usando, nesse caso, o modal marítimo, além do rodoviário. Já no âmbito interno, a empresa reclama do custo elevado do transporte rodoviário, em função do volume dos estofados e o despreparo de alguns transportadores. Uma das etapas mais custosas é o transporte, tendo em vista o volume e o peso totais das cargas movimentadas. O departamento de logística representa 0,33% do faturamento bruto da companhia e o transporte chega a 7%.
Por serem produtos frágeis, que utilizam vidro e madeira em sua composição, os móveis sofrem grandes riscos de avarias. Segundo Julia, da Vacheron do Brasil, mesmo com a carga bem embalada, se não houver cuidado no carregamento, transporte e descarregamento da mercadoria, fatalmente ela sofrerá danos, o que representa novos custos para o embarcador. Na empresa, cerca de 50 colaboradores atuam entre a embalagem e o despacho da mercadoria.
“Caso o cliente veja a avaria na hora pode devolver a mercadoria com a nota fiscal para a transportadora que fica responsável por trazer a carga de volta. O frete para o envio da peça nova é pago por nós. Se o cliente notar a avaria depois que a transportadora já foi embora, ele pode tirar uma foto e enviá-la para uma vendedora nossa. Com a peça em estoque, mandamos a mercadoria também com o frete já pago”, explica. “Isso tudo gera muito gasto”, lamenta.
Como forma de avaliar os serviços de transportes prestados por terceiros, a Vacheron do Brasil realiza reuniões quinzenais com as duas transportadoras que a atendem. Nesses encontros são expostos os pontos negativos e positivos dos serviços prestados e cabem às operadoras dar um retorno ao embarcador sobre as atitudes tomadas para melhorar o nível de atendimento.
Para Julia, da Vacheron do Brasil, o modal rodoviário continuará a ser a principal via de distribuição de móveis do país, pois o preço compensa, especialmente no transporte de pequenas cargas. Enquanto isso, Lazaron, da Enele, companhia que pretende crescer 15% em 2013, afirma que a demanda pelo modal rodoviário deverá aumentar, levando em consideração que este foi o modelo de transporte adotado pelo Brasil e o que concentra os principais investimentos nacionais de infraestrutura.
Os números do setor
De acordo com a MOVERGS – Associação das Indústrias de Móveisdo Estado do Rio Grande Sul e IEMI, Instituto de Estudos e Marketing Industrial, em 2012, o Brasil abrigava cerca de 17,5 mil indústrias de móveis em seu território, com maior concentração de empresas no Estado de São Paulo, apesar dos maiores polos produtores e exportadores da indústria moveleira se localizarem na região sul. Em 2012, o setor mantinha 322,8 mil colaboradores diretos e indiretos, que produziram 494,2 milhões de peças. O faturamento do setor alcançou a marca de R$ 38,6 bilhões no ano passado, contra R$ 35,10 bilhões registrados em 2011. As exportações totalizaram US$ 708,7 milhões, ante US$ 763 milhões do ano retrasado e os investimentos do setor somaram R$ 1,39 bilhão em 2012. De janeiro a junho de 2013, as exportações chegaram à casa dos US$ 332 milhões, e os principais importadores dos móveis brasileiros foram a Argentina, os Estados Unidos, o Reino Unido, Peru e Uruguai.









