Empilhadeiras sem manutenção: como calcular as perdas?

19/10/2010

Aliás, é possível saber quanto se perde por falta de manutenção ou manutenção inadequada? É o que discutem os entrevistados dessa matéria especial, aproveitando para opinar se é melhor terceirizar o serviço ou fazê-lo por conta própria.

Empilhadeiras paradas por falta de manutenção, ou com manutenção inadequada, geram perdas (custos) e reduzem a produtividade. Mas, é possível calcular estas perdas? Esta é a pergunta básica desta matéria especial da revista Logweb.

André Kassardjian, engenheiro mecânico e diretor da Alphaquip Máquinas e Equipamentos (Fone: 11 4198.3553), diz que, sim, é possível calcular as perdas, e de várias maneiras.

a)    sob o ponto de vista de aquisição: sendo comprada por R$ 70.000,00, para depreciar em 5 anos trabalhando mais de 2 turnos, teremos 70.000,00/780 dias úteis = R$ 90,00 por dia inoperante.
b)    sob o ponto de vista de operador ocioso: sendo o salário de R$ 1.200,00, projetando os custos de encargos para R$ 2.000,00 por mês, temos = R$ 91,00 por dia sem trabalhar.
c)    sob o ponto de vista de uma alugada: sendo R$ 3.000,00 por mês, para trabalhar 250h/mês, ou seja, um turno, teremos R$ 3.000,00/22 = R$ 136,00 por dia sem rodar.

"A falta de manutenção preventiva, por exemplo, pode acarretar na perda de uma ou duas panelas de freio. Claro que um bom operador percebe as lonas 'chiando' ao fim da vida útil: trocando-se as lonas, dois tambores (panelas), mais algumas peças, como molas, etc. + MO, gastaria cerca de R$ 4.000,00 para trocar tudo. Por outro lado, uma preventiva mensal custa R$ 360,00 por visita de um dia. Claro que se a necessidade de trocar as lonas é detectada na hora certa, o cliente chega a gastar menos da metade do exposto anteriormente e não tem a máquina parada por 3 ou 4 dias, tempo que um cliente leva para 'reagir' e aprovar o orçamento com lamúrias", completa Kassardjian.

Ubaldo Vitor, gerente técnico da Brasif Máquinas (Fone: 31 2129.3800), lembra que a manuten-ção preventiva não executada ou mal executada implicará em perda de produtividade e em acréscimo de custos no decorrer da vida util. "A substituição do filtro de GLP, por exemplo, se não for efetuada corretamente, implicará em perda de potência e, finalmente, na pane do vaporizador, com parada imprevista, atrasos aguardando peças e aumento de custo. Outro exemplo é referente ao eixo direcional: se os rolamentos e buchas não forem devidamente cuidados, ocorrerá a falha dos mesmos e outros itens em consequência, gerando atrasos e custos."

Por sua vez, Marcos Ramos, gerente de pós-vendas da Jungheinrich Lift Truck (Fone: 11 4815.8200), salienta que a implantação de um programa de manutenção acaba se tornando um investimento que irá reduzir despesas com reparos corretivos e prejuízos em paradas mais extensas. "A falta de manutenção de um equipamento implica em custos ainda maiores e vai além da contratação de assistência técnica, mão de obra e peças. Além disso, encontram-se custos ainda maiores pela indisponibilidade do equipamento, como redução na qualidade do produto, atrasos com clientes, pagamento de hora extra a funcionários para sanar o tempo perdido, dentre outros."
Ainda segundo Ramos, para um entendimento mais simples, basta comparar com a manutenção de um caminhão de uma transportadora: a falta das manutenções e revisões pode resultar no reparo de uma peça e deixar o veículo parado, perdendo um dia de trabalho, por exemplo.

Para Carlos Eduardo Rossi Kiss, gerente de pós-vendas da Linde Material Handling Brasil (Fone: 11 3604.4755), o que as empresas devem ter em mente hoje em dia é o custo para a produção em função de uma empilhadeira parada, ou seja, quanto essa empresa deixará de expedir (faturar) se uma máquina quebrar e ficar parada por várias horas ou dias por não ter sido feita uma simples manutenção preventiva?

"Usamos como exemplo a movimentação de paletes numa empresa de bebidas, onde geralmente se exige muito de uma máquina (em média, 600 horas/mês): quantos caminhões de bebidas por hora uma empilhadeira deixará de abastecer se estiver parada? Com certeza, o prejuízo por caminhão abastecido para essa empresa será enorme", pondera Kiss.

Jorge Luis Santana, gerente de serviços da Makena Máquinas, Equipamentos e Lubrificantes (Fone: 11 3373. 1111), acrescenta que, idealmente, um histórico de paradas durante o período sem manutenção preventiva, comparado a um novo histórico obtido adotando-se a manutenção preventiva, mostrará a redução nas paradas indesejadas. "Uma média das paradas desnecessárias é um bom coeficiente para se calcular o número de horas indisponíveis da máquina e seu impacto na produção. Este impacto não se reflete apenas em tempo perdido, mas, também, em contratos não cumpridos, produtos não entregues e possível perda material por acidentes."
Fernandes dos Santos, diretor, e Paulo Roberto de Jesus, do Departamento Comercial da Movelev Assessoria, Serviços e Comércio de Equipamentos (Fone: 11 2423.4545), são mais detalhistas em suas análises.

De acordo com eles, um equipamento, por exemplo, uma retrátil, mesmo usada, sendo bem conservada e tendo sua manutenção preventiva feita mensalmente (trabalhando até 16 horas por dia e quinzenalmente por mais de 20 horas por dia), deve operar de 94 a 98% conforme condições ambientais, piso e cuidados do operador (seu custo mensal deve girar em torno de R$ 450,00).

"Certamente, sem manutenção preventiva, este porcentual cai muito, chegando a 70%, indisponibilizando o serviço, atrasando entregas e operação, parando sem planejamento e gastando exageradamente na corretiva", explicam os representantes da Movelev.

Ainda segundo eles, a dificuldade, no atendimento esporádico, a qualquer equipamento sem manutenção ou manutenção inadequada aumenta, pois o técnico não tem histórico deste que, geralmente, encontra-se em mau estado de conservação, sujo e sem lubrificação.

Como o preço é fator forte de decisão, empresas sem conhecimento para fazer a manutenção corretamente são contratadas, e o resultado acaba sendo um equipamento que em pouco tempo se deteriora, deixando de ser operacional e seguro, ensinam o diretor e o representante do Departamento Comercial da Movelev.

Para Paulo Matsushita, coordenador de manutenção da Movicarga (Fone: 11 5014.2477), em geral, uma manutenção preventiva consome de 2 a 3 horas de serviço de acordo com o check-list pré-definido segundo o modelo da empilhadeira, e por ser programada, a disponibilidade de peças é imediata.

No caso de manutenções corretivas – ainda segundo o profissional –, consome-se um tempo para identificar o problema e ainda existe o risco de não haver estoque da peça necessária para o conserto. Em geral, uma corretiva custa mais caro e consome pelo menos 40% a mais de tempo.

A diferença no custo irá variar conforme a idade da empilhadeira e característica da operação, porém, se considerado o uso da empilhadeira dentro da sua vida útil, certamente o custo será menor se seguido o plano de manutenção preventiva, com a vantagem de proporcionar maior disponibilidade do equipamento.

"Para uma rápida avaliação, pode-se considerar que uma empilhadeira de 2,5 t consome, em média, 4 h de manutenção preventiva para cada 500 h de operação, a um custo de R$ 500,00 (peças e mão de obra), enquanto o custo de manutenção corretiva terá um acréscimo da mão de obra e, com o passar do tempo, o risco de substituição de peças com desgaste prematuro pela falta de ajustes, reapertos e lubrificações. Ainda com referência ao desgaste prematuro: poucos dão atenção às medidas preventivas e que muitas vezes podem estar afetando componentes importantes, como motor, transmissão, eixo direcional e torre de elevação, aumentando sobremaneira o custo do conserto", alerta Matsushita.

Se o cliente não tiver um mecânico fixo no local – continua o coordenador de manutenção da Movicarga –, o custo de uma corretiva se torna ainda maior devido ao tempo para atendimento (deslocamento do mecânico), pois antes da primeira vistoria, o mecânico não terá informações do que será necessário trocar, aumentando, assim, o tempo de equipamento parado.

Guilherme Gustavo Cassalho, analista comercial da Pollo Empilhadeiras Elétricas (Fone: 11 4595.5815), lembra que a paralisação de uma empilhadeira em uma cadeia produtiva gera muitos transtornos, principalmente para aqueles que possuem poucos equipamentos e muitos itens a serem movimentados. Para esses, os prejuízos financeiros podem chegar a até assustadores 20% da produção diária, pois envolvem não somente o equipamento parado, mas, também, as medidas que a empresa vai tomar para 'tapar esse buraco', o que muitas vezes significa parar um colaborador que cumpre uma função para desempenhar outra. Quando isso ocorre, calcula-se também a atividade que esse colaborador deixou de desempenhar para tentar suprir a falta da empilhadeira e a queda na produtividade.

"Supomos que uma fábrica produz 100 itens por dia, distribuídos em cinco transportes (20 unidades por transporte), e a empresa tem somente uma empilhadeira que carrega esses transportes em um turno de 12 horas por dia. Se esse equipamento não tiver manutenção preventiva nas outras 12 horas (não necessariamente diárias, mas, pelo menos, mensais) restantes do dia em que fica parado (geralmente para carregar a bateria) e vier a parar durante a operação, será preciso mobilizar colaboradores para carregar as mercadorias de outras formas (carrinhos hidráulicos, por exemplo), o que vai causar atraso no carregamento, atraso no trânsito, atraso na entrega e, consequentemente, insatisfação do cliente, o que pode gerar resultados altamente negativos a médio e curto prazo", diz Cassalho.

Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Empilhadeiras (Fone: 11 2431.6464), explica que, se definirmos a produtividade como a quantidade do trabalho realizado por uma empilhadeira prejudicada por má manutenção, comparado ao trabalho que poderia realizar se estivesse em condições adequadas, estas perdas são perfeitamente calculáveis. "Se a máquina fica parada por quebras que exigem manutenções corretivas demoradas, o impacto é direto na disponibilidade e na produtividade. Se a máquina não fica parada, mas, por exemplo, está com a velocidade de elevação reduzida porque a bomba tem vazamentos internos, a redução no trabalho também pode ser medida e a queda na produtividade calculada."

De acordo com Pedrão, as perdas decorrentes do uso de empilhadeiras sem manutenção ou com manutenção inadequada são imensuráveis e há um prejuízo institucional: como avaliar as perdas para uma empresa que deixou de abastecer o ponto de venda porque uma empilhadeira não estava disponível para fazer a movimentação de produtos que seriam despachados de seu armazém para o varejo ou atacado? É comum que o varejo e o atacado estabeleçam regras para recebimento de cargas, como, por exemplo, o horário para que esse processo se desenrole em seus Centros de Distribuição. "Empilhadeiras que funcionam mal por falta de manutenção ou por manutenção inadequada podem colocar a produtividade de uma empresa na berlinda e prejudicar embarques que obedeçam a grades de horários pré-estabelecidas. O prejuízo é institucional e em cascata: se o cliente não encontra produto 'X' na gôndola, optará por outro – a empresa perde a venda; se o varejo/atacado não recebe pontualmente a carga de uma empresa, é provável que este prestador seja trocado por outro mais comprometido com as regras do mercado", analisa o diretor da Retrak.

Resumindo, Marcelo Yamamoto, gerente da SDO Comércio Importação e Locação de Equipa-mentos (Fone: 19 3256.2800), diz que a improdutividade da empresa é diretamente proporcional à parada de empilhadeiras decorrente da falta de manutenção e/ou manutenção inadequada, ou seja, empilhadeira parada = material parado = linhas de produção ou expedição paradas.

Segundo André Luis Pires Guimarães, gerente de pós-vendas da Still Brasil para a América do Sul (Fone: 11 4066. 8100), uma empilhadeira Still com uma manutenção adequada pode atingir ate 99% de disponibilidade. "Uma manutenção inadequada pode reduzir a disponibilidade do equipamento para menos de 75%. Isto significa que para 4 máquinas, o cliente precisará de uma quinta para cobrir esta redução de produtividade."
Marcelo Lenz Cezar, supervisor de locação da mesma empresa, salienta que as perdas causa-das por falta ou manutenção inadequada são enormes, podendo chegar até 50 vezes mais que o custo normal de preventivas com qualidade. "Peças de baixíssimo custo que não forem substituídas antes de falhar podem causar estragos enormes em transmissões, motores, sistema hidráulico e até em placas eletrônicas, deixando máquinas paradas por vários dias. É um grande engano pensar que não parar um equipamento para preventiva trará maior produtividade: todos ganham com curtas paradas periódicas para preventivas de qualidade com peças originais garantidas", informa o profissional.

Felipe da Costa Baracho, gerente de manutenção da Tradimaq (Fone: 31 2104.8004), expõe que com manutenções adequadas nas empilhadeira é possível atingir patamares acima de 15.000 horas de trabalho sem problemas em componentes do trem de força como motor, transmissão e diferenciais, além de garantir um bom poder de revenda destes equipamentos.

Dificuldade de quantificar
Por outro lado, Ítalo Fagá, gerente comercial da Meggalog (Fone: 11 4409.0905), diz que calcular as perdas de produtividade decorrentes do uso de uma empilhadeira sem manutenção ou com manutenção inadequada é difícil. De acordo com ele, todo e qualquer equipamento necessita de uma manutenção preventiva adequada para que sua vida útil seja a mais longa possível.
 
Também para Luiz Antonio Gallo, diretor da Moviplam Empilhadeiras e Movimentação Plane-jada de Materiais (Fone: 11 4581.4397), calcular as perdas e de produtividade decorrentes do uso de uma empilhadeira sem manutenção ou com manutenção inadequada não envolve uma conta simples. Quando a máquina quebra e para de trabalhar, é bem fácil calcular os prejuízos ocasionados pelo tempo do equipamento parado. "Porém, quando ela está sem rendimento adequado pela falta de manutenção, só se poderia calcular o prejuízo cronometrando as manobras e as dificuldades que o equipamento apresenta ao operador, comparando com um equipamento em perfeita condições. Por isso é complicado dimensionar o quanto está se perdendo em produtividade em casos onde a máquina ainda esteja em operação, embora com precariedade", completa Gallo.

Segundo Patricia Frota Machado, chefe de marketing da Toyota Material Handling Mercosur (Fone: 11 3511.0400), o cálculo das perdas depende de uma série de fatores, e com isto não é possível ser realizado. "Na verdade é incalculável, pois as perdas são enormes, hora por parada do equipamento, e com isto a impossibilidade de utilização, hora por manutenções corretivas com peças e mão de obra de alto valor. Em outras palavras, o barato (ou descaso) sai caro, podendo até comprometer o desempenho do equipamento."

Na análise de Priscila Penilha Moutinho, coordenadora de pós-venda da Byg Transequip (Fone: 11 3583.1349), em nenhum dos casos pode-se ter um cálculo de perdas e de produtividade, pois sem manutenção ou uma manutenção inadequada não se tem como prever a quebra e o tempo que o equipamento ficará parado para manutenção. "O correto seria manter um contrato de manutenção preventiva para os equipamentos. Com ele, o cliente minimiza custos através de uma política de descontos nas peças e um valor mensal que sairá mais baixo que manter uma pessoa em sua empresa para manutenção dos equipamentos", completa a profissional.

Manutenção própria ou terceirizada
De fato, a representante da Byg Transequip toca num assunto também importante: no caso de empilhadeiras próprias, é mais vantajoso realizar a manutenção dentro da empresa ou terceirizar?

Para Mário Aparecido Valentini, gerente de pós-venda da Somov (Fone: 11 3718.5000), a opção depende do desejo e da necessidade do cliente. Pode-se optar em constituir uma equipe de técnicos para atender às suas necessidades, todavia, deverá estar consciente de que precisará investir em ferramental, treinamento, reciclagem dos técnicos, controle, etc. Quando se terceiriza, busca-se a especialização que, com certeza, irá propiciar um trabalho mais focado e profissional.

Na opinião de Gallo, da Moviplam, a resposta à pergunta também vai depender de empresa para empresa. Segundo ele, o mais viável é terceirizar a mão de obra e a manutenção, porém existem empresas que mantêm um grande corpo de técnicos destinados a manutenções gerais dentro de suas instalações para todas as áreas, e neste caso alguns deles são treinados para fazer as manutenções das empilhadeiras. "Se o parque de máquinas for grande, este sistema pode ser viável economicamente por ter mão de obra disponível a qualquer momento, e isso deixa os equipamentos em condições de uso com tempo muito reduzido."
Ainda segundo Gallo, se a frota for grande (acima de 15 máquinas), convém ter um técnico contratado in-house.

Guimarães, da Still, também aponta que as duas opções são possíveis, desde que utilizando peças originais e respeitando as recomendações de manutenção do fabricante. Além disso, cada vez mais os equipamentos de primeira linha incorporam tecnologias que melhoram sua performance e reduzem os custos de manutenção, porém estas tecnologias exigem um conhecimento e ferramental específico, o que torna a manutenção terceirizada com o fabricante do equipamento muito mais adequada.

Na opinião de Cezar, também da Still, na maioria dos casos é vantagem terceirizar, pois assim como ocorreu há anos com os automóveis, a manutenção de empilhadeiras cada vez mais exige mão de obra especializada, inclusive com conexão de laptops para diagnóstico rápido do problema. "Somente para empresas com mais de 20 empilhadeiras antigas, sem as tecnologias atuais, ainda pode parecer ser vantajoso ter manutenção própria, mas deve-se considerar no cálculo a desvantagem da gestão sobre a equipe de manutenção."

De fato, de acordo com o gerente de pós-vendas da Linde, com certeza o mais vantajoso para a empresa é terceirizar, não somente porque ela deve ter foco no seu processo produtivo, mas porque uma empresa terceirizada representante de uma marca de empilhadeira tem técnicos treinados, catálogos e informações técnicas atualizadas, ferramentais específicos e softwares adequados para cada tipo de equipamento. "Levamos como exemplo uma empresa que tenha 10 empilhadeiras, onde 6 delas são a combustão de 2,5 t e outras 4 são retráteis elétricas. Para que ela tenha uma estrutura onde faça no mínimo as manutenções preventivas com recursos próprios, terá custos mensais fixos que não ficarão por menos de R$ 6.700,00. Caso essa empresa opte por terceirizar o valor de serviços para manutenções preventivas mensais para essas 10 máquinas, ficará em torno dos R$ 3.900,00", completa Kiss.

Para Santana, da Makena, é sempre mais vantajoso deixar que a revenda autorizada realize todas as intervenções. "Um plano de fidelidade garante um preço extremamente competitivo e assegura que a manutenção seja realizada dentro do rigor exigido pelo fabricante. O plano de fidelidade do distribuidor prevê total controle das máquinas e visa à parada zero do equipamento fora das preventivas."

Pelo seu lado, Ítalo, da Meggalog, lembra que dificilmente as empresas possuem um mecânico 100% exclusivo para manutenção das empilhadeiras, normalmente têm um departamento de manutenção geral. "Tenho certeza que um bom contrato de preventiva/corretiva com empresa especializada é mais vantajoso."

Os representantes da Movelev salientam que, "com equipe própria será preciso calcular os gastos diretos (salários, 13º, férias, ferramental para montagem oficina, etc.), um possível processo trabalhista no futuro, substituição do técnico nas férias ou afastamento, mantê-lo sempre treinado, uma equipe que faça serviços nas diversas áreas da mecânica, elétrica, eletrônica e funilaria, ter um bom estoque de peças, comprador, etc. Dependendo da estrutura da empresa e da quantidade de equipamentos na frota, será necessário também contratar um gestor responsável. Santos e Paulo Roberto lembram, ainda, que na Europa, hoje, as empresas ou vão para a locação ou para o full-service, que é quando o cliente contrata uma empresa que será responsável por serviços e peças, e ele só terá que acompanhar a disponibilidade de seus equipamentos.

Matsushita, da Movicarga, aponta que a terceirização da manutenção de empilhadeiras oferece outros benefícios ao usuário, como: garantia de um contrato com SLA definido; não há preocupação com cobertura de férias, ou seja, mecânico disponível 12 meses por ano; permite manutenção para um parque com poucas máquinas, quando o custo fixo de um mecânico torna-se inviável; oferece flexibilidade para aumento ou redução de quadro, sem custo extra; e imparcialidade na avaliação de problemas e falhas operacionais.

Ainda segundo o coordenador de manutenção da Movicarga, a linha que separa um e outro modelo é muito tênue, porém possível de ser calculada. Para isso, deve-se considerar:

– número de empilhadeiras na frota;
– local de operação;
– criticidade da operação realizada;
– facilidade para acesso ao mercado de reposição de peças;
– facilidade para contratação de mão de obra;
– estrutura disponível para gerir as empilhadeiras (controle de horímetros, manutenções, compra de peças, etc.);

Cassalho, da Pollo, considera que, no caso de grandes empresas com grandes frotas, é sempre vantajosa a terceirização. Por outro lado, pequenas empresas têm que possuir técnicos de manutenção com um amplo know-how do equipamento para não causarem longas paralisações ou desnecessárias. "De nada adianta uma empresa que possui apenas uma empilhadeira e 10 técnicos especializados em manutenção de tornos, pontes e nenhum especializado em empilhadeira, assim como não adianta contratar uma empresa não qualificada para executar os serviços."

Empresas que decidem ter manutenção interna focam, normalmente, na redução imediata de custos, prejudicando a vida econômica da máquina, opina Pedrão, da Retrak. Entretanto, segundo ele, esses custos nem sempre são calculados de forma adequada ou detalhada, pois as indicações dos fabricantes dos equipamentos não são 100% consideradas, o que não é totalmente possível sem técnicos treinados pelo fabricante.

"Aliás, outro aspecto envolvido na manutenção e que pode dar falsa impressão de redução de custos é o preparo do profissional dedicado à manutenção. As empresas que optam por ter manutenção interna precisam ter consciência de que será preciso ter profissionais bem preparados e conhecedores de mecânica, elétrica, tecnologias, entre outros pontos, além de oferecer estrutura para treinamento constante para que eles se desenvolvam e estejam atualizados com técnicas e tecnologias referentes aos equipamentos aos quais prestam manutenção. Resumindo: manutenção tem custos que envolvem técnicos + peças de reposição", expõe o profissional.

Ainda de acordo com o diretor da Retrak, equipamentos antigos e com pouca tecnologia embarcada podem eventualmente ter os custos reduzidos por uma manutenção interna. Mesmo assim, a quantidade de máquinas deve ser tal que o pessoal de manutenção não fique ocioso.

"Manutenção interna, dedicada, começa a compensar com população de equipamentos acima de 50 máquinas. E, tomada essa decisão de internar a manutenção, a empresa precisa ter um departamento com gestor capacitado para cuidar da operação e, ainda, ter um compromisso dos operadores de empilhadeiras para que se faça bom uso dos equipamentos", completa Pedrão.

Na opinião de Emerson Viveiros, diretor executivo da Un Forklift do Brasil (Fone: 11 3971. 8434), terceirizar é sempre a melhor opção, no entanto, ela pode ser sob demanda ou in-house. Neste último, a vantagem é ter a manutenção terceirizada 100% do tempo em seu próprio ambiente operacional, mas desde que a quantidade de empilhadeiras permita este modelo (pelo menos 10 empilhadeiras).

"No caso de empilhadeiras próprias, a manutenção deve estar a cargo de pessoas especia-lizadas nos equipamentos, normalmente esta força especializada é encontrada nos representantes dos fabricantes de empilhadeiras. Empresas com até quatro equipamentos devem recorrer a contratos de manutenção com representantes. Este tipo de serviço não demanda uma equipe própria dentro da empresa, mas, sim, um bom prestador de serviços que nos atenda em um tempo adequado para a manutenção", expõe Renato Arena, training manager da Nacco Material Handling Group Brasil – Yale (Fone: 11 5683.8537).

Continuando sua análise, o profissional diz que, caso a frota seja maior, com uma grande quantidade de equipamentos, o ideal seria um contrato de manutenção com o representante dos fabricantes, em que o mesmo manteria uma equipe de manutenção no local de operação dos equipamentos, isto é, sua mão de obra de manutenção seria terceirizada, mas ficaria no seu local de trabalho.

O training manager da Nacco/Yale salienta que somente para grandes frotas, talvez, a manutenção própria consiga se igualar à manutenção fornecida por empresa especializada, mas sempre existirá a defasagem de conhecimento, que provocará aumento nos custos de manutenção, tanto com peças como com mão de obra.

"Finalizando, a decisão deve ser baseada em critérios técnicos e somente poderá ser tomada com exatidão se a empresa mantiver um controle de custo de manutenção. Em caso contrário, a mesma não terá subsídios para tomar esta decisão, e, baseado nesta premissa, a contratação dos serviços dos representantes dos fabricantes para a manutenção dos equipamentos é a melhor opção", completa Arena.

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