Os investimentos em práticas ESG — ambientais, sociais e de governança — realizados por empresas dos setores portuário, de navegação e aeroportuário somaram R$ 1,2 bilhão entre 2023 e 2024, alcançando 11,3 milhões de brasileiros. A conclusão é da pesquisa inédita “Diagnóstico de Sustentabilidade: portuário, navegação e aeroportuário”, apresentada nesta terça-feira (28/10), em Brasília, pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) em parceria com a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). O estudo foi desenvolvido a partir de um Acordo de Cooperação Técnica firmado em 2023.
Segundo o levantamento, as iniciativas ESG impulsionaram a geração de 120 mil empregos diretos no país. A pesquisa mapeia o nível de adesão de empresas públicas e privadas a práticas sustentáveis nos setores logísticos e de infraestrutura, fundamentais para a competitividade nacional e o alinhamento do Brasil às agendas internacionais de sustentabilidade corporativa e climática. As ações abrangem desde programas educacionais, de capacitação e inclusão social até projetos de engajamento comunitário.

A iniciativa faz parte de um ciclo de ações do MPor voltadas à consolidação da agenda ESG na logística brasileira. A primeira etapa foi a elaboração da Política de Sustentabilidade, que orienta ações governamentais, e a criação do Pacto pela Sustentabilidade, conjunto de compromissos voluntários para promover práticas ambientais, sociais e de governança alinhadas a padrões internacionais.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a Política de Sustentabilidade vai “muito além de intenções”, destacando o empenho do MPor em promover o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e inclusão social. “Nossos esforços têm o objetivo de promover o transporte sustentável, reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor e adotar tecnologias e práticas inovadoras para fomentar a descarbonização”, declarou.
Durante a COP30, em Belém, o MPor deve conceder os primeiros selos de reconhecimento às empresas que aderiram ao Pacto pela Sustentabilidade. “É uma forma de valorizar o que já está sendo feito e estimular novas ações de ESG, o que deve ser identificado nas próximas edições do Diagnóstico de Sustentabilidade”, reforçou o ministro.
Para o presidente da ATP, Murillo Barbosa, a Política de Sustentabilidade liderada pelo MPor é um marco para a descarbonização e integração das práticas ESG no setor. “A ATP tem atuado de forma técnica e colaborativa na construção da Pesquisa de Sustentabilidade, mobilizando seus associados e contribuindo para que os terminais privados estejam preparados para os novos desafios e exigências globais”, destacou. A entidade representa 72 terminais privados no país, atuantes em áreas como agronegócio, mineração, siderurgia, petróleo e gás, contêineres e complexos logísticos.
Setor portuário lidera investimentos em ESG
No setor portuário, a taxa média de adesão aos indicadores ambientais chegou a 58,2%, e, quando excluídos os indicadores específicos de empresas listadas em bolsa, o índice sobe para 75,1%. O setor foi o que mais investiu em ações ambientais, totalizando R$ 512,4 milhões em dois anos. Os Terminais de Uso Privado (TUPs) lideraram os aportes, com R$ 290 milhões, seguidos pelos portos organizados, com R$ 138 milhões, e pelos arrendamentos, com R$ 83 milhões.
Na dimensão social, as empresas do setor portuário aplicaram R$ 225 milhões em ações de prevenção e combate ao assédio, promoção da equidade de gênero, comunicação comunitária e apoio a projetos sociais. Já nos indicadores de governança, a taxa média de adesão foi de 77,9%, com destaque para o setor de compliance e a formalização de políticas sociais, ambos com 89,7% de adesão.
Sustentabilidade no setor de navegação
No setor de navegação, a pesquisa apontou taxa média de 56,43% de adesão aos indicadores ambientais. Com o avanço na adoção de combustíveis alternativos e tecnologias limpas, a tendência é de crescimento. O eixo de governança concentrou os maiores investimentos — R$ 40 milhões — superando as áreas ambiental (R$ 17,8 milhões) e social (R$ 14,1 milhões). A expectativa é de expansão dos aportes em sustentabilidade diante das novas diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO), que estabelece metas globais progressivas de descarbonização para o setor.
Aeroportos ampliam ações de descarbonização
O segmento aeroportuário apresentou taxa média de 60% de adesão aos indicadores ambientais. O setor investiu R$ 138,4 milhões em iniciativas ambientais e R$ 195,8 milhões na área social. As ações de descarbonização incluem a substituição de combustíveis fósseis por fontes mais limpas, eletrificação de frotas, implantação de usinas fotovoltaicas e adoção de sistemas elétricos de apoio a aeronaves em solo. Muitas dessas medidas são acompanhadas por planos de gestão de carbono e certificações internacionais, como o Airport Carbon Accreditation (ACA).
No campo social, todas as empresas do setor aeroportuário informaram desenvolver projetos sociais, canais de comunicação com comunidades e ações de combate ao assédio. Também se destacam práticas de acessibilidade e acolhimento, como salas multissensoriais para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Próximos passos da agenda ESG
A pesquisa conclui que há espaço para aprimoramento nos setores avaliados e recomenda a criação de campanhas ambientais nacionais, além do fortalecimento de controles internos e de estratégias que ampliem os investimentos sociais e a integração com a sociedade.
A íntegra do estudo “Diagnóstico de Sustentabilidade” está disponível aqui.









